Um estudo americano notou um aumento no número de pacientes com pressão alta nos primeiros 8 meses da pandemia de covid-19, com suspeitas de muito mais casos sem reporte ou acompanhamento médico pelo país. Doenças cardíacas estão no topo das causas de morte no mundo, e o controle da pressão sanguínea é o principal fator controlável que pode evitar condições fatais, segundo os cientistas.
- Pressão alta e pressão baixa: entenda as causas, sintomas e qual é mais grave
- Pressão alta aumenta riscos de declínio na saúde óssea
Quando a pressão sanguínea de um indivíduo é alta, a força exercida pelo sangue nas paredes dos vasos sanguíneos os empurra para fora, tornando o coração menos eficiente. Tanto ele quanto os vasos precisam trabalhar mais duro para fazer a mesma função, e, sem tratamento, altas pressões vão danificando as artérias, aumentando as chances de um infarto ou acidente vascular cerebral (AVC).
Pressão sanguínea e a pandemia
Para a pesquisa, foram analisados dados de mais de 137.000 adultos com pressão alta, comparando seus números de agosto de 2018 a janeiro de 2020 com os coletados entre abril de 2020 e janeiro de 2021. Os participantes, em média, tinham 66 anos, mais da metade eram mulheres e 30% eram pretos. A pressão sanguínea foi medida em milímetros de mercúrio (mmHg), em dois números: o mais alto (sistólico) e mais baixo (diastólico).
–
Baixe nosso aplicativo para iOS e Android e acompanhe em seu smartphone as principais notícias de tecnologia em tempo real.
–
A pressão sistólica mede a força do sangue ao sair do coração, indo para as artérias, enquanto a diastólica mede a pressão criada enquanto o coração descansa entre suas batidas. Para ser considerada alta, a pressão sistólica tem de ficar acima de 140 mmHg, e a diastólica, acima de 90 mmHg. No estudo, as medições dos pacientes aumentaram em uma média de 1,79 mmHg para a primeira e 1,30 mmHg para a segunda.
Embora não pareça muito, estudos mostram que um aumento de 2 mmHg na pressão sanguínea pode aumentar o risco de eventos cardiovasculares em até 5%. Apesar disso, esse aumento foi considerado “menor do que o esperado” pelos pesquisadores. Acredita-se que um maior uso da telemedicina durante a pandemia tenha contribuído para um controle mais eficiente da pressão dos pacientes.
Pressão alta pode não causar sintomas, então as pessoas são encorajadas a monitorar seus números em casa. Caso tenham uma consulta médica marcada, elas buscam medir a pressão com mais frequência, para ter algo a apresentar ao seu médico. Durante a conversa com o profissional de saúde, ele pode mudar a prescrição, caso a pressão venha se mostrando consistentemente alta.
Nos primeiros 3 meses da pandemia, os pacientes não estavam medindo a pressão com tanta frequência como antes: as medições diminuíram até 90% em relação ao período anterior ao novo coronavírus. Esse indicador voltou a aumentar, mas mesmo até a data verificada pela pesquisa, ainda não havia voltado ao número anterior.
Vieses e pesquisas futuras
O estudo, nota-se, só obteve dados de pessoas com acesso a planos de saúde e cuidados médicos — entre os que não recebem esse tipo de cuidado, os números podem ser ainda maiores. Visitas ao médico também diminuíram durante a pandemia, e, em seu início, a perda de empregos pode ter contribuído para cuidados menores com a saúde e falta de prescrições médicas. Embora os números estejam voltando ao normal, ainda estão bem atrás dos dados anteriores.
Por fim, os pacientes dormiram menos, e com menos qualidade, durante a pandemia. Com academias fechadas, também houve menos prática de exercícios, dietas menos saudáveis e maior consumo de álcool. A pressão alta pode ser genética, mas há alguns cuidados a serem tomados que podem diminuir as chances de que ocorra, como medi-la constantemente e levar uma vida saudável, evitando tabaco, estresse, fazendo exercícios e se alimentando bem — além, é claro, dos remédios.
Segundo os cientistas, estudos futuros irão buscar entender o impacto de aumentos na pressão na saúde dos pacientes, mesmo que em valores pequenos, como os apresentados no estudo citado. Também será verificado quais pacientes podem ter tido dificuldades com a telemedicina. Apenas nos Estados Unidos, cerca de 37 milhões de adultos têm o que se considera pressão alta não controlada.
Trending no Canaltech:
- Homem cultiva uma das plantas mais perigosas do mundo na sala de casa
- Street View é mais um aplicativo famoso do Google a ir para o cemitério
- Nova rede social do criador do Twitter, Bluesky abre lista de espera
- Startup apresenta a primeira bateria de estado sólido do mundo impressa em 3D
- Cientistas criam garra robótica inspirada nos tentáculos da água-viva
- Buracos negros agem como partículas e têm várias massas ao mesmo tempo
Fonte: Canaltech