Nossas sobrancelhas servem a diversos propósitos biológicos e expressivos. Além de proteger nossos olhos do suor e do sol, elas têm uma função auxiliar na comunicação, sendo mais uma peça do grande quebra-cabeça que nos torna humanos. Cientistas estão, com o estudo dos genes, buscando desvendar se os característicos pelos acima dos olhos surgiram através da seleção natural ou seleção sexual, com a resposta estando, mais provavelmente, na primeira opção.
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Pesquisadores identificaram alguns dos genes envolvidos em um grande espectro de formatos de sobrancelhas, descobrindo que muitos deles são compartilhados globalmente. A depender do tamanho e forma, essa característica facial pode ser bastante atraente para potenciais parceiros, qualidade que levou os cientistas a se perguntarem se a seleção sexual não teria algo a ver com isso.
Falta de dados genéticos
Um dos aspectos que complicam o entendimento sobre heranças genéticas específicas como essa é a falta de dados. Embora existam grandes esforços para saber mais sobre traços humanos complexos subjacentes, sabemos muito mais sobre os genes que nos deixam doentes ou propensos a desenvolver doenças do que os que nos trazem características saudáveis — afinal, para a saúde, é mais urgente descobrir possíveis traços de risco.
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Publicado na revista científica Journal of Investigative Dermatology, o novo estudo, realizado na Europa, aumentou a gama de genes conhecidos envolvidos com a expressão de sobrancelhas de 4 para 7, dando margem para mergulhos mais funcionais nessa característica facial. Anteriormente, pesquisas já focaram na grossura de sobrancelhas em pessoas com genes latino-americanos e chineses, com o mais recente artigo incluindo também europeus.
Foram estudados 9.948 indivíduos de 4 linhagens ancestrais diferentes, incluindo origens continentais europeias, britânicas, australianas e estadunidenses. Três genes anteriormente não reportados como tendo ligação com as sobrancelhas em descendentes de europeus foram identificados: SOX11, MRPS22 e SLC39A12.
Outros 2 genes já identificados em pesquisas com não-europeus foram confirmados, sendo eles o SOX2 e o FOXD1, e a eles foram adicionados 2 genes novos, EDAR e FOXL2, que não mostraram efeitos aparentes em populações europeias.
Sobrancelhas são traços evolutivos neutros
Segundo os cientistas, isso mostra que a variação em sobrancelhas é determinada por fatores genéticos compartilhados e distintos em populações continentais, evidenciando a necessidade de se estudar ancestralidades diferentes na busca genética por traços humanos.
Sabemos que a grossura do supercílio é um traço dominante herdado por descendentes, mas estudos sugerem que os genes SOX2, FOXD1 e EDAR não são sujeitos a pressões de seleção natural muito significativas.
Isso pode significar que a grossura das sobrancelhas humanas não é definida pela escolha do parceiro ou sobrevivência, sendo na verdade uma característica herdada “neutra”, sem ligações aparentes com o quão adaptado um indivíduo é ou mesmo o quão atraente ele pode ser. É uma descoberta interessante, já que está relacionada com uma estrutura facial tão útil, embora exista a chance dos cientistas simplesmente não estarem examinando os genes certos.
Estudos mais profundos sobre os recém-descobertos genes envolvidos nos supercílios podem, no futuro, revelar sinais mais claros de seleção natural ou sexual.
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Fonte: Canaltech