.
Linhas de pipa com cerol continuam causando acidentes graves no Brasil. Somente entre janeiro e maio de 2024, 1.326 pessoas foram atendidas em ambulatórios do estado de São Paulo por cortes provocados por esse material, segundo a Secretaria de Saúde estadual. Em outros estados, os casos não são contabilizados de forma específica, dificultando a real dimensão do problema. Um exemplo é o Rio de Janeiro, onde os acidentes causados por linha de cerol são classificados como agressão por objeto cortante.
A campanha “Cerol Não” alerta que 57% dos acidentes registrados em rodovias resultaram em mortes. Motos lideram as ocorrências fatais, com 27% das vítimas. Robson Moraes Almeida, idealizador da iniciativa, ressalta a falta de dados oficiais.
“Temos uma estatística construída por monitoramento de jornais e notícias do Brasil inteiro. Apareceu a gente pega o nome, a cidade, se teve ferimentos ou chegou a falecer. Estamos construindo essa estatística já faz algum tempo. Mas não é uma estatística oficial.”
A falta de fiscalização faz com que motociclistas tenham que aumentar a vigilância em seu entorno para viajar com mais segurança. A terapeuta de florais Carla Dutra intensifica os cuidados que toma quando está pilotando sua moto.
“Percebo muitos comentários de colegas que se machucaram, muitas vezes seriamente, com o cerol. Tanto dentro da cidade, em Brasília, quanto no DF, até nas cidades próximas no Goiás. Nos passeios, tenho preocupação redobrada com equipamento de segurança, em ficar prestando bastante atenção pra ver se não tem nenhum perigo, nenhum risco de ter contato com alguma linha com cerol”.
No Rio, a vítima mais recente foi o mototaxista Victor Hugo Silva, de 38 anos. No dia 16 de março ele foi atingido no pescoço por uma linha com cerol enquanto trabalhava na Avenida Brasil, não resistindo aos ferimentos. O especialista em trânsito Carlos Penna fala dos riscos que condutores de motos correm ao se deparem com uma linha com cerol em seu percurso.
“O grande problema do cerol é porque por ele estar em um fio e esse fio pode estar à meia altura numa rua, quando está se puxando uma pipa, quando ele passa num ciclista ou num motociclista ele desliza pelo corpo, ou desliza do capacete para baixo e corta o pescoço, gerando lesões muito graves em traqueia, vasos. É muito perigoso.”
O cerol não faz somente vítimas humanas. Números divulgados pela campanha “Cerol Não” mostram que animais também se ferem. Dos 221 casos registrados no ano passado, o estado de Minas Gerais lidera na proporção de ocorrências, com 41%; seguido pelo Rio de Janeiro, com 36%; e Pernambuco, com 18%.
rilton.pimentel , .
Fonte: Agencia brasil EBC..
Wed, 09 Apr 2025 13:35:00 +0000