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“Bolhas fantasma” são radiogaláxias? Nova descoberta pode ajudar a responder

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Astrônomos encontraram um objeto que poderia explicar os “círculos estranhos de rádio”, ou simplesmente “ORCs”, da sigla em inglês. Essas bolhas, que só podem ser detectadas na faixa de onda de rádio do espectro eletromagnético, foram descobertas no último ano e, desde então, a quantidade de detecções desses “fantasmas de rádio” só aumentou. Não se sabe como eles são formados, ou por que, mas o novo ORC descoberto pode trazer respostas.

Uma das principais características dos ORCs que impedem os astrônomos de entenderem a natureza dessas bolhas é a dificuldade de determinar suas distâncias em relação a Terra. Se não sabemos onde exatamente elas estão, não podemos estimar o tamanho, ou com quais objetos elas estão interagindo. Por exemplo, algumas delas têm uma galáxia em seus núcleos, mas é difícil dizer se a galáxia de fato faz parte das ORCs ou se estão bem atrás delas. Para saber, seria preciso medir a distância da galáxia (o que é possível fazer) e da ORC (o que não é possível fazer).

O ORC 1, uma das misteriosas “bolhas” de rádio encontradas; o ponto alaranjado em seu meio é uma galáxia que ainda não se sabe se faz parte do ORC (Imagem: Reprodução/Bärbel Koribalski/ASKAP/Dark Energy Survey)

Bem, esse é o cenário até agora, mas o novo estudo revela as descobertas durante a observação de uma nova ORC, batizada de J0102-2450. Os autores tiveram que combinar oito imagens de rádio obtidas entre 2019 e dezembro de 2020 para conseguir encontrar um anel bastante sutil. A comparação com observações de outras pesquisas não revelou nenhum sinal em outros comprimentos de onda além do rádio, o que é útil para descartar algumas fontes de emissão. No entanto, no centro do J0102-2450, a equipe encontrou uma rádio-galáxia elíptica chamada DES J010224.33-245039.5.


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Radiogaláxias podem ser descritas como objetos extragaláctico que exibem uma intensa emissão na faixa de rádio. Óbvio, trata-se de uma galáxia, ou seja, um conjunto enorme de estrelas organizadas em torno de um centro no qual habita um buraco negro supermassivo. E provavelmente é justamente esse buraco negro que, se estiver se alimentando de matéria, faz com que as radiogaláxias emitam jatos relativísticos muito evidentes em radiotelescópios. Pois bem, a galáxia encontrada no centro do novo ORC é uma dessas.

Isso ainda não prova que os ORC estão diretamente relacionados com as radiogaláxias, mas é uma boa pista. A chance de que se trate de uma coincidência é de uma em algumas centenas, e essa estimativa certamente vai diminuir caso outros ORCs sejam encontrados com uma galáxia no meio. Se isso acontecer, os ORCs podem ser nada mais que os lóbulos de rádio que as galáxias de rádio costumam ter em lados opostos. Os astrônomos já sabem que essas galáxias possuem tais lóbulos, mas há uma diferença entre eles e os ORCs: os lóbulos são duplos, mais ou menos parecido com as orelhas do Mickey Mouse de frente para nós, enquanto os ORCs são apenas um único círculo.

Os lóbulos de rádio (aqui, exibidos em vermelho) em uma radiogaláxia são duplos e se formam no mesmo eixo através de jatos relativísticos (Imagem: Reprodução/NASA/CXC/SAO/STScI/NSF/NRAO/AUI/VLA)

Mesmo com essa diferença, os pesquisadores dizem que os ORCs podem, sim, se tratar de lóbulos, só que vistos de outro ângulo, como se estivéssemos vendo a cabeça do Mickey de perfil. Ainda é cedo para afirmar qualquer coisa sem um alto grau de insegurança, mas essa parece uma das hipóteses mais prováveis. Outras sugerem que os ORCs sejam ondas de enormes explosões ocorridas no centro da galáxia, mas teria que ser uma explosão realmente estupenda para que o resultado seja uma bolha tão maior que a própria galáxia. Futuras observações de rádio de baixa frequência e de raios-X serão poderão ajudar a esclarecer o mistério.

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Fonte: Canaltech