Nesta sexta (31), comemora-se o Dia Mundial sem Tabaco, uma data criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. A cada ano, a ocasião acompanha um tema específico, e em 2024 o assunto é proteger as crianças da interferência da indústria do tabaco, principalmente levando em consideração a popularidade crescente do cigarro eletrônico.
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), há 1,3 bilhão de usuários de tabaco em todo o mundo, sendo que o tabaco mata cerca de 8 milhões de pessoas por ano.
Dentro desse número, mais de 7 milhões de fumantes ativos, e o que é mais surpreendente: 1 milhão de não fumantes expostos ao fumo passivo.
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A organização também estima que a expectativa de vida dos fumantes é pelo menos dez anos mais curta do que a dos não fumantes.
“O tabaco é o único produto de consumo legal que mata até metade de seus usuários quando usado exatamente de acordo com as instruções do fabricante. As empresas de tabaco gastam mais de US$ 8 bilhões por ano em marketing e publicidade”, argumenta a OPAS, na cartilha referente ao Dia Mundial sem Tabaco 2024.
Dia Mundial sem Tabaco
A OMS criou o Dia Mundial Sem Tabaco em 1987, com um apelo para que a população saiba dos malefícios do cigarro e busque parar esse hábito.
Neste ano, a campanha de conscientização é destinada a jovens de todo o mundo, com destaque para o impacto negativo a questões como saúde física e mental, sustentabilidade, poluição plástica, devastação ambiental e mudanças climáticas. Dentro da temática deste ano, a organização também aborda trabalho infantil, pobreza e desigualdade.
Segundo dados de 2022 recolhidos pela OMS, em todo o mundo, pelo menos 37 milhões de jovens com idades entre os 13 e os 15 anos consomem algum tipo de tabaco.
A recomendação estipulada pela OPAS é que jovens pressionem os governos de seus países para implementar medidas para evitar o uso do tabaco e a dependência da nicotina.
Do ponto da vista da instituição, o público juvenil também pode “exigir que as empresas de tabaco sejam responsabilizadas financeiramente pelos danos passados, presentes e futuros causados por suas atividades”.
Cigarro eletrônico
Não tem como falar de tabagismo e jovens sem mencionar o cigarro eletrônico, já que esse produto tem conquistado cada vez mais adeptos entre esse público ao investir em uma cara moderna, com aditivos de aroma e sabor atraentes, mas que no fim das contas mais atrapalha do que ajuda. Com isso, o famoso vape é um dos focos da campanha da OMS.
“Qualquer derivado do tabaco é danoso à saúde individual e coletiva, mas é lucrativo para o fabricante. E a dependência à nicotina é a peça-chave deste negócio. São usadas táticas camufladas de inserções em redes sociais e plataformas de vídeos curtos, especialmente através do uso por alguma pessoa influente. É o novo posicionamento da indústria”, diz o pneumologista Gustavo Prado do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
“Proibida de veicular peças publicitárias em revistas, jornais, televisão e outras mídias, essa indústria busca divulgar seus novos produtos de forma mais furtiva, fantasiada de espontânea, e frequentemente viral”, afirma.
Malefícios do cigarro eletrônico
Diferente do que se pode pensar, o vape traz diversos males para a saúde. Um estudo já mostrou, por exemplo, que o uso regular de vape equivale a fumar 20 cigarros por dia. Recentemente, cientistas descobriram que o cigarro eletrônico aumenta a probabilidade de infarto.
Logo, o pneumologista expõe que a ideia do uso de cigarros eletrônicos como alternativa menos prejudicial ao tabagismo convencional é um argumento enganoso.
A Dra. Cristiane Adami, otorrinolaringologista do Hospital Paulista, também compartilha dessa ideia. “O grande problema, a meu ver, está nos componentes que não são verdadeiramente informados nos rótulos e possuem alta capacidade cancerígena”, diz a médica.
“Dentre os mais frequentemente encontrados, estão a nicotina, o propilenoglicol, a glicerina, o 2-clorofenol, o polônio-210 e inúmeros metais pesados”, completa.
Fumo de mascar
No caso do fumo de mascar (ou chewing tobacco, como também é chamado), apesar de não ser inalável, também não ajuda a quem deseja superar o vício da nicotina, e ainda oferece riscos à saúde.
“Mascar tabaco também expõe as mucosas da boca e da garganta a mais de 20 tipos de substâncias tóxicas que, da mesma forma que o cigarro comum, podem levar a doenças gengivais, problemas dentários e mesmo a tumores da boca e da garganta”, diz Dr. Rui Imamura, também otorrinolaringologista do Hospital Paulista
Seja de qual forma for o consumo da nicotina, a recomendação dos médicos é ter atenção a certos sintomas como rouquidão, dor de garganta, dor para engolir, dor irradiada para o ouvido, pigarro constante, ou com sangue, dificuldade ou barulho ao respirar devem procurar o médico.
Dito isso, vale aproveitar o Dia Mundial Sem Tabaco como o pontapé inicial para a árdua tarefa de parar de fumar — seja cigarro eletrônico ou o comum.
30 dias para parar de fumar
O National Health Service (NHS, serviço de saúde britânico) tem algumas recomendações para quem pretende parar de fumar, como dizer às pessoas que você está parando, listar seus gatilhos para fumar e como evitá-los (por exemplo: café) e fazer exercícios físicos para afastar o desejo.
Se você ainda não sabe como parar de fumar, o órgão de saúde britânico ressalta a necessidade de lembrar constantemente de que não existe “apenas um cigarro”. Ou seja: não abrir exceções.
Na teoria, parece fácil. Mas na prática, não é tão simples. Por isso, pode ser importante recorrer a um dos remédios para parar de fumar. Existem os nicotínicos e medicamentos não-nicotínicos, e você deve buscar um médico para te indicar o melhor tratamento.
Você também vai precisar de ajuda para lidar com a abstinência. Os sintomas aparecem de maneira mais acentuada e desconfortável, especialmente 24h depois que você para de fumar. Dor de cabeça, tontura e tosse são os principais sinais do restabelecimento do organismo.
Na cartilha, o NHS revela que 20 minutos sem cigarro já é o suficiente para a pulsação voltar ao normal. Depois de oito horas sem fumar, os níveis de oxigênio começam a se recuperar e o nível prejudicial de monóxido de carbono no sangue reduz pela metade.
Após dois dias sem fumar, todo o monóxido de carbono é eliminado, e os pulmões passam a eliminar o muco. Os sentidos de paladar e olfato melhoram. Após 72 horas, a respiração fica mais fácil, é porque os brônquios começam a relaxar.
Ao parar de fumar por 30 dias, o sangue estará bombeando muito melhor para o coração e os músculos, porque sua circulação terá melhorado.
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Fonte: Canaltech