Na última quinta-feira (1), Paul Krugman questionou a atual situação do mercado de criptomoedas em sua coluna semanal no New York Times, num artigo chamado “Blockchains, para que servem?”. O economista, vencedor do Nobel em 2008, revelou sua crença de que este “inverno cripto” é, na verdade, um inverno eterno que precede o fim do Bitcoin e dos criptoativos.
Em uma comparação com a mitologia nórdica, Krugman chama este período de recessão de “fimbulwinter” que consiste na sucessão de invernos que levará ao Ragnarök — ou o fim dos tempos. “Nesse caso, [o fim de] todo o mundo cripto, não apenas das criptomoedas, mas de toda a ideia de organizar a economia ao redor do famoso ‘blockchain’”, pontua.
O especialista questiona a adesão da rede blockchain, pois, apesar de entender a lógica por trás da criação de um livro contábil descentralizado, se pergunta qual é a sua real utilidade e diz que nunca obteve uma resposta satisfatória. “Por que se dar ao trabalho e ao custo de manter um livro contábil em tantos lugares, e basicamente carregá-lo toda vez que uma transação ocorrer?”, questiona.
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Sobre o uso da blockchain para baratear operações, Krugman destaca o movimento em que muitas instituições pioneiras no assunto parecem estar desistindo da ideia. Conforme cita o economista, a bolsa da Austrália desistiu de usar a rede para liquidar transações e a companhia de transporte marítimo Maersk, estaria reduzindo seus esforços para implementar a blockchain em suas cadeias de oferta.
Por fim, o vencedor do Nobel rebate os argumento de que o Bitcoin é útil para assegurar às pessoas do risco de bancos fugirem com o seu dinheiro ou governos imprimirem moeda até esta perder o seu valor. Segundo ele, as empresas de criptomoedas estão mais propensas a agir assim do que a economia tradicional, citando os escândalos relacionados a corretoras, incluindo a implosão da FTX.
“Bancos raramente roubam o dinheiro de seus clientes, enquanto as instituições cripto mais facilmente sucumbem à tentação; e a extrema inflação destruir o valor do dinheiro é algo que geralmente só acontece mediante o caos político”, defende.
Por fim, o economista avalia que a notoriedade alcançada pelas criptomoedas só foi possível graças a uma combinação de ideologia, impulsionada pela desconfiança em relação aos bancos e governos, e paixão por tecnologia. Em seu auge, outros investidores sofreram com a síndrome de estar de fora (FOMO — fear of missing out, em inglês), o que fez com que os criptoativos furassem a bolha.
“É uma história incrível e também uma tragédia. Não são apenas os pequenos investidores que perderam grande parte, senão todas as suas economias. A bolha do mundo cripto teve enormes custos para a sociedade como um todo. A mineração de Bitcoin sozinha usa tanta energia elétrica quanto muitos países”, conclui.
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Fonte: Canaltech