Por Hélio Bruck Rotenberg (*)
A Educação é um direito universal por justamente fundamentar o desenvolvimento humano, social e econômico. A pandemia de covid-19 acarretou uma disrupção no ato de ensinar e aprender. Inevitavelmente, desencadeou reflexões sobre o paradigma do ensino presencial. Ao mesmo tempo em que estudar a distância propicia uma série de benefícios, também expõe aspectos insubstituíveis do estar em sala de aula.
Mais de 1,5 bilhão de alunos no mundo se distanciaram e tornaram suas casas um reduto escolar. A experiência provocou mudanças consideráveis em comportamentos individuais e coletivos assim como em processos pedagógicos. O ensino remoto destes tempos pandêmicos aproximou família e escola, mas por outro lado aumentou a evasão, realçou desigualdades sociais e as barreiras de acessibilidade digital. Intensificou a reflexão sobre as novas maneiras de ensinar à medida em que evidenciou disparidades estruturais entre os sistemas públicos e privados. Expôs a urgência da equidade na educação ao passo em que confirmou a essencialidade do professor no processo de aprendizagem. A educação a distância nesta fase de covid-19 estimulou a autonomia do estudante, mas minimizou os benefícios da proximidade humana.
A crise decorrente do novo coronavírus produzirá efeitos perenes sobre a forma de ensinar e aprender. A experiência adquirida nesta fase traz oportunidades sem precedentes para inovar metodologias e avançar o modo com que promovemos o saber. A conjuntura aponta para adoção mais ampla do modelo híbrido de educação. O principal diferencial dessa prática pedagógica está exatamente no contraponto dos benefícios das aulas presenciais e remotas. Além de otimizar tempo e recursos, encoraja o pensamento crítico, a capacidade de solucionar problemas e o protagonismo do aluno no processo de aprendizado.
As tecnologias educacionais, além de possibilitarem a continuidade das atividades letivas em situações emergenciais, personalizam o aprendizado, melhoram a retenção de informações e aumentam o engajamento. Dinamizam a rotina de alunos e professores da mesma forma em que estimulam o senso de colaboração, criatividade e alfabetização digital. Tornam escolas em centros de inovação.
Dispositivos móveis, principalmente notebooks e tablets, assim como plataformas de comunicação, softwares de aprendizagem e recursos em mesas pedagógicas, blocos de montar, placas para programação e tecnologias vestíveis impulsionam a capacidade cognitiva e socioemocional, sobretudo no modelo híbrido. Incentivam alunos a serem mais investigativos e a construírem a compreensão por meio da experimentação e recursos lúdicos.
Dentre as soluções que atenderam à demanda de escolas públicas e privadas neste ano estão os softwares de educação a distância e aprendizagem adaptativa como o Aprimora. Com desenvolvimento da nossa unidade de tecnologias educacionais, a plataforma oferece atividades que avançam conforme o desempenho em português e matemática. Mais de 100 mil alunos de 200 escolas tiveram a oportunidade de acessar a ferramenta nos últimos meses e estudarem em casa. O recurso também foi incluído em mais de sete mil notebooks Positivo Chromebook e entregues em agosto ao governo do Estado do Amazonas. Os equipamentos beneficiaram a população de comunidades ribeirinhas e do sistema prisional em ambientes de baixa ou nenhuma conectividade à internet.
As tecnologias educacionais viabilizaram o ensino durante a pandemia de covid-19. Soluções em hardware e software asseguraram a continuidade do ano letivo diante da necessidade de medidas restritivas em prol da saúde pública. A situação posicionou a tecnologia como viabilizadora e catalisadora do sistema educacional. A realidade aponta para a importância de ampliar e intensificar o uso dessas ferramentas. Por essa razão, é legítimo o anseio para melhorar a infraestrutura digital e estimular a equidade. Valorizar professores e aprofundar a familiaridade dos estudantes com atividades on-line. O alcance de todo esse potencial, certamente constrói um sistema educacional mais inclusivo, resiliente e qualificado, dentro ou fora da sala de aula.
Os desafios impostos neste período e a experiência adquirida com a prática massiva do ensino remoto seguramente levarão a tecnologia ao próximo nível de usabilidade e inovação. O futuro das tecnologias educacionais é promissor. Sinaliza abordagens pedagógicas humanistas com foco na acessibilidade, personalização e eficiência. Neste sentido, a aprendizagem imersiva por meio de realidade aumentada e virtual é uma das grandes tendências em tecnologias educacionais. Da mesma forma, inteligência artificial, internet das coisas, aprendizado de máquina e jogos educativos despontam entre os recursos que podem gerar novas transformações no setor. Gradativamente, veremos os benefícios mútuos da simbiótica relação entre tecnologia e educação e testemunharemos um ensino cada vez mais apto para desenvolver virtudes, gerar prosperidade e solucionar desafios complexos.
(*) Hélio Bruck Rotenberg é presidente da Positivo Tecnologia