Para algumas pessoas que contraíram o coronavírus SARS-CoV-2, os sintomas da COVID-19 podem continuar mesmo após o fim da infecção. Esses casos são conhecidos como “síndrome da pós-COVID” e, em algumas circunstâncias, os pacientes podem precisar até de ajuda médica para retomar às atividades diárias e ao trabalho, por exemplo. Agora, uma pesquisa britânica aponta que idosos, mulheres e aqueles com uma ampla gama de sintomas na primeira semana da infecção podem ter maior probabilidade em desenvolver essa condição.
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Publicado nesta quarta-feira (21), o estudo sobre pós-COVID foi realizada por pesquisadores do King’s College London, no Reino Unido. Pensando nessas complicações da infecção por coronavírus, a Mayo Clinic — uma organização norte-americana sem fins lucrativos e de pesquisa na área da saúde — lançou o Programa de Reabilitação de Atividade da COVID (CARP, em inglês), onde também estuda a nova síndrome relacionada a essa pandemia.
O que é pós-COVID?
De acordo com a pesquisa britânica, a pós-COVID ocorre quando um paciente infectado pelo coronavírus continua a apresentar alguns sintomas que persistem por mais de quatro semanas, depois da “cura” da infecção. Em paralelo, os sintomas de um caso, sem gravidade, da COVID-19 ocorrem por até 10 dias, sem que ocorra uma recaída após esse período.
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“Essa condição tem sido chamada de COVID ‘longa’, ‘pós-aguda’ ou ‘síndrome pós-COVID-19′”, aponta documento sobre Avaliação e manejo de sintomas prolongados, desenvolvido em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Até o momento não há evidências que indiquem que os pacientes com sintomas residuais prolongados apresentam infecção viral ativa”, completa o texto da UFRGS, esclarecendo que esses pacientes não continuam a transmitir o coronavírus para outras pessoas.
Pesquisa sobre pós-COVID
Segundo o estudo britânico, uma em cada 20 pessoas infectadas pelo coronavírus (4,5%) tem probabilidade de apresentar sintomas da COVID-19 que se prolongam por oito semanas ou mais. Para o Covid Symptom Study, publicado ainda sem revisão por pares, foram coletados informações de 4.182 usuários de um aplicativo sobre a doença, desenvolvido para os pacientes do Reino Unido. No app, os usuários relataram teste positivo para a doença e precisaram registrar regularmente suas informações de saúde.
Cerca de um em cada cinco adultos com mais de 70 anos (21,9%) com resultado positivo para coronavírus desenvolveram a pós-COVID. Em contrapartida, apenas uma em cada 10 pessoas de 18 a 49 anos notificaram o desenvolvimento da síndrome. Além disso, mulheres eram mais propensas a sofrer dessa condição, quando comprada aos homens. O estudo verificou que 14,9% das mulheres desenvolviam a pós-COVID, enquanto apenas 9,5% dos homens relataram algum sintoma após a recuperação. Isso considerando a faixa etária mais jovem do estudo.
É importante ressaltar que essa análise tem algumas limitações, já que foi baseada em informações auto-relatadas pelos pacientes via formulários no app. Além disso, maior parcela dos usuários eram mulheres e a maioria dos participantes tinha menos de 70 anos. Mesmo com essas condições, o estudo ajuda a traçar o cenário dessa condição ainda nova para a pandemia da COVID-19.
“Parece haver uma relação com a idade e isso pode refletir que, talvez, os indivíduos apenas sejam mais sensíveis à infecção ao passo que envelhecem, o que, claro, vimos nas notícias. Mas, novamente, qualquer pessoa pode ter. Penso que esse é o ponto de destaque disso. Tivemos indivíduos que estavam com a saúde ótima antes da sua infecção e eles também tiveram dificuldades em se recuperarem”, explica o Dr. Greg Vanichkachorn, especialista em medicina preventiva, ocupacional e aeroespacial da Mayo Clinic.
Sintomas da pós-COVID
Mas, afinal, qual seriam os sintomas da pós-COVID? Há uma variedade de quadros, mas é possível traçar algumas características em comum. “Diria que a característica mais definitiva que vemos nesses pacientes é a fadiga. E não qualquer fadiga, mas sim uma fadiga profunda. Por exemplo, as pessoas dizem: ‘Eu cochilo de quatro a cinco horas após fazer uma coisa simples como lavar a roupa ou caminhar um quarteirão.’ É impressionante o quão esgotadas as pessoas se sentem com apenas um pouquinho de atividade”, afirma Vanichkachorn, médico que também lidera o programa de reabilitação desses pacientes desenvolvido pela Mayo Clinic.
“O segundo sintoma que vemos com alguma frequência é falta de ar, o que faz sentido. Nós sabemos que a COVID-19 pode causar mudanças de longo prazo nos pulmões, como doenças pulmonares e afins, e pode levar à dispneia de longo prazo. Isso aparece com bastante frequência. Vemos também dores de cabeça, acredite ou não. Cerca de 30 por cento das pessoas reclamam de algum tipo de problema neurológico de longo prazo, seja dor de cabeça, tontura ou fraqueza. Mas dores de cabeça parecem ser definitivamente parte desse quadro”, complementa Vanichkachorn.
Retornado aos estudos baseado nos formulários do app, a pesquisa também identificou dois grupos principais de pacientes, incluindo algumas condições comuns descritas pelo médico. Um grupo apresentou sintomas, principalmente, respiratórios, como tosse e falta de ar, além de fadiga e dores de cabeça. Já o outro grupo experimentou sintomas que envolvem diferentes sistemas do corpo humano, como palpitações cardíacas, problemas intestinais e névoa cerebral.
Para acessar o estudo britânico, publicado na plataforma online MedRxiv, clique aqui.
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Fonte: Canaltech