O Flamengo tinha conhecimento das precariedades das instalações do Ninho do Urubu nove meses antes do incêndio ocorrido no local em janeiro de 2019, por conta de um curto-circuito no sistema de ar-condicionado, que matou dez jovens das categorias de base do clube. Troca de emails obtida pelo Uol Esporte dá conta de que a direção foi alertada sobre os riscos que se estava correndo.
A reportagem traz trecho de relatório, após visita realizada em 10 de maio, e confirma as gravidades da estrutura, mostrando que os seguidos autos de infração da Prefeitura não eram os únicos problemas para o funcionamento do lugar como dormitório. Sim, a parte elétrica estava comprometida, segundo as informações. “A avaliação foi realizada na presença do Sr Adilson, da empresa CBI, este indicado pelo Sr Luiz Humberto (Gerente de Administração do Flamengo), sendo comprovado as não-conformidades e suas gravidades. Conforme a avaliação do Sr Adilson e relatório anterior, a situação é de alta relevância e grande risco, ficando este de apresentar uma proposta ao Sr Luiz Humberto para atendimentos emergenciais de alguns pontos: quadro elétrico (poste ao lado do refeitório), disjuntores e fiação no jardim, quadro elétrico atrás do alojamento da base”, alertou o documento enviado pelo funcionário do departamento pessoal Wilson Ferreira ao gerente de administração do Flamengo, Luiz Humberto Costa Tavares, à gerente de recursos humanos Roberta Tannure e a um funcionário identificado como Douglas Silva Lins de Albuquerque em 11 de maio.
As irregularidades abaixo não serão tratadas no momento, pois, conforme informação, o local será demolido e substituído por novas instalações até o final do ano de 2018, deixando claro que caso haja fiscalização e autuação o argumento mesmo que evidente não justifica a irregularidade, ficando a critério do órgão fiscalizador a penalidade ou intervenção.Técnico, reproduzindo o que ouviu
No dia seguinte, o gerente Luiz Humberto enviou estas informações ao diretor executivo de administração do Ninho do Urubu, Marcelo Helman. “Boa tarde, Marcelo. O técnico de segurança do trabalho do CRF [Clube de Regatas do Flamengo], em vistoria nas instalações elétricas do CT, verificou vários itens fora da conformidade com as normas de seguranças exigidas. Falamos com o Marcelo Sá, que estava no CT, a respeito dessas instalações (não sabiam se foram feitas pelo patrimônio ou se já vêm de longa data, no esquema ‘faça-de-qualquer-jeito’ que os antigos administradores atuavam). Sá achou por bem solicitar que o Adilson (engenheiro eletricista que fez a instalação elétrica do CT – que você conhece) acompanhasse para verificar a real situação e elaborasse, caso seja necessário, um primeiro orçamento para colocarmos as instalações elétricas em dia. Após o envio desse primeiro orçamento, pediremos outros mais para compor quadro de concorrência. Segue abaixo e-mail enviado pelo técnico a respeito do que encontrou no CT (com fotos). Te manterei atualizado quando o Adilson fizer suas considerações. Grande abraço. Nos falamos melhor na segunda”, escreveu.
O caso, sim, teve prosseguimento, mas…“A empresa CBI fez o orçamento dois dias depois. A previsão era de reparos em até 10 dias a um custo de R$ 8.550,00. Contratada pelo serviço, a empresa emitiu duas notas fiscais (cada uma no valor de R$ 4.275,00, datadas dos dias 25 de maio de 2018 e 1º e outubro de 2018), mas o trabalho jamais foi executado”, diz a matéria do Uol. O clube rubro-negro informou que não se manifestaria sobre as informações relativas aos e-mails de 2018 e seus desdobramentos. Marcelo Helman não foi localizado até o fechamento da reportagem. A empresa CBI também não teve nenhum representante encontrado até a publicação da matéria.
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Fonte: 90min