Popular serviço de transferência online de dinheiro -e com atuação no Brasil – a britânica Transferwise anunciou nesta quarta-feira (29) que levantou uma nova rodada secundária de investimentos de US$ 319 milhões. Com isso, a empresa atingiu um valor de mercado de US$ 5 bilhões – número 43% maior do que o registrado em maio de 2019.
Desde seu surgimento, a empresa já captou mais de US$ 1 bilhão em vendas de ações primárias e secundárias. A nova rodada de investimento foi liderada pelo Lone Pine Capital e pelo novo investidor D1 Capital Partners. Atraído pela missão da TransferWise e por seu crescimento acelerado, a Vulcan Capital também se tornou investidora da fintech. Além deles, Baillie Gifford, Fidelity Investments e LocalGlobe expandiram suas participações na empresa.
Com a nova rodada, funcionários e acionistas que possuíam participações na empresa vendessem suas partes a novos investidores interessados. De acordo com Kristo Käärmann, CEO e co-founder da TransferWise, a iniciativa da empresa de não levantar capital primário reforça o potencial do modelo de negócios da empresa, que se mantém em crescimento e gerando lucros.
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“Já faz alguns anos que a TransferWise é mantida exclusivamente por seus clientes, sem a necessidade de levantar investimentos externos. Essa rodada secundária foi uma oportunidade de atrair novos investidores e recompensar tanto os funcionários quanto investidores que nos apoiaram até agora”, afirmou o executivo.
Corretora de câmbio
A empresa afirmou que os funcionários liquidaram suas ações por meio da plataforma TransferWise for Business, um dos produtos do portfólio da empresa e que deve chegar ao Brasil em breve. Isso porque, recentemente, a empresa recebeu licença do Banco Central do Brasil para operar como corretora de câmbio no País. A Transferwise afirma que, mensalmente, a empresa registra dez mil novos clientes comerciais globalmente. Dez bancos de três continentes, incluindo Monzo, N26, Bunq e, a partir de hoje, o Aspire em Cingapura também utilizam os serviços da companhia para os milhões de clientes deles por meio da API do TransferWise for Banks.
Além de oferecer transferências internacionais em diferentes moedas, a Transferwise expandiu sua oferta com o lançamento de sua conta multimoeda. Trata-se de uma opção para expatriados, turistas e intercambistas terem dados bancários em inúmeros países, como se fossem cidadãos locais. Ao todo, a fintech possui mais de US$ 2 bilhões em depósitos nas contas.
“Ao manter o foco na experiência de seus clientes e inovando constantemente, a TransferWise construiu uma plataforma incrível para o ecossistema de transferências internacionais”, afirma Teddy Gleser, acionista da D1 Capital Partners. “Estamos impressionados com os diferentes usos da fintech, que agora atende consumidores, empresas e instituições financeiras no mundo. Estamos orgulhosos em nos tornar parceiros do Kristo, Taavet e todo o time da TransferWise”.
Concorrência europeia entre as fintechs
Ainda que tenha ampliado o seu valor de mercado, a Transferwise ainda não é a fintech de maior valor em terras europeias. A sueca Klarna, que fornece serviços financeiros online, como soluções de pagamento para e-commerces, pagamentos diretos e pagamentos pós-compra, aparece na dianteira, quando atingiu um valuation de US$ 5,5 bilhões em agosto do ano passado. Na sequência, vem a também britânica Revolut, que alcançou o mesmo valor em fevereiro deste ano.
Segundo o site TechCrunch, tanto a Klarna quanto a Revolut alcançaram sua última avaliação por meio de novos fundos primários significativos – US $ 460 milhões e US $ 500 milhões, respectivamente. A TransferWise alcançou essa elevação mais recente apenas nos mercados privados secundários e fez o mesmo em maio de 2019, após uma rodada secundária de US$ 292 milhões, quando os investidores avaliaram a empresa em US$ 3,5 bilhões.
Além disso, a TransferWise, fundada em 2010, é rentável desde 2017. Já a Klarna, cujas operações foram iniciadas em 2005, tem sido bastante lucrativa desde o primeiro dia. No entanto, ela registrou sua primeira perda no ano passado ao investir em uma expansão global. Por sua vez, a Revolut, muito mais jovem (criada em 2015) continua apresentando prejuízos, já que ela vem priorizando o crescimento de sua base de clientes. No entanto, a empresa deseja se tornar rentável até o final deste ano.
Crescimento
Atualmente, a TransferWise atende a 8 milhões de clientes em todo o mundo, processando cerca de 4 bilhões de libras (R$26,8 bilhões na cotação de hoje) em pagamentos internacionais a cada mês, em 2,5 mil rotas e 54 moedas. Além de se tornar uma corretora de câmbio no Brasil, recentemente, a empresa também anunciou novas permissões de reguladores para oferecer opções de investimentos no Reino Unido por meio da TransferWise Borderless, com o novo produto definido para lançamento “nos próximos 12 meses”, segundo Käärmann.
Obviamente, uma nova rodada de financiamento significativa – secundária ou primária – sempre convida à questão de saber se ou quando a TransferWise planeja fazer o seu IPO (sigla em inglês para Oferta Pública Inicial), ou seja quando terá ações na Bolsa. Por um lado, não há muita pressa, já que investidores antigos continuam sendo capazes de obter liquidez nos mercados privados. Por outro, grandes investidores secundários em estágio avançado geralmente têm uma abertura de capital em mente mais cedo ou mais tarde.
“Para nós, é uma decisão que realmente depende do benefício. É um momento ideal para a empresa? Acredito que esse momento ainda não chegou”, afirmou Käärmann em um confence call no final do mês passado. Ele acrescentou que o IPO só acontecerá quando for útil para a empresa e seus clientes.
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Fonte: Canaltech