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De Pepeer a Sophia: quem são os robôs que fizeram a última década

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Estamos em plena era de virada de década — os novos anos 20 — e é impossível não pensar que nossas vidas serão ainda mais impactadas pelas tecnologias emergentes e pelos robôs com Inteligência Artificial (IA). E se você ainda não convive com uma Alexa para chamar de sua e nem com a Siri ou o Google Assistant do seu smartphone, pode apostar que um assintente pessoal será um dos seus melhores amigos ainda nos próximos anos. E esse parceiro, muito provavelmente, virá repleto de movimentos, articulações e não mais como algo estático, como o robôzinho amarelo da Samsung, apelidado de Ballie, anunciado na CES 2020.

Isso porque vivemos em um momento privilegiado da história humana (mesmo que sufocado pelas discussões sem fim das redes sociais e por uma forte polarização), a robótica evolui e se expande de maneira inédita. Não só pelas invenções, discute-se também sobre os papéis que os robôs devem desempenhar em nossas vidas e nessa nova sociedade, como quais deveriam ser seus direitos ou ainda como deve ser nossa relação com eles.

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Filme (e livro) Eu, Robô já discutia questões importantes para a próxima década (Foto: Reprodução/ 20th Century Fox)

É como se no centenário do escritor e bioquímico Isaac Asimov (1920-1992), conhecido pelos livros Eu, Robô ou ainda Fundação, suas ideias, finalmente, ganhassem os holofotes da opinião pública. Em 1950, Asimov definia as três Leis da Robótica: um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano seja prejudicado; um robô deve obedecer a ordens dadas por um ser humano, a menos que entre em conflito com a Primeira Lei; um robô deve proteger sua própria existência, desde que essa proteção não entre em conflito com a Primeira ou a Segunda Lei.


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Para entender toda essa evolução, conheça, a seguir, as invenções no campo da róbotica que mais impressionaram nos últimos 10 anos.

Na mira dos robôs

Uma das empresas de robótica que mais despertaram e atraíram interesse do público, nos últimos dez anos, foi a Boston Dynamics. Atualmente, da Softbank, a empresa é conhecida por seus vídeos que viralizam na rede. É o caso do robô Spot ,que já correu por um escritório sozinho, enquanto mostrava sua capacidade de subir e descer escadas, ou que ainda dançava a música Uptown Funk, de Bruno Mars.

Embora pareça inofensivo e até mesmo divertido, não subestime o robô Spot. Isso porque ele é usado em operações da Polícia Estadual de Massachusetts, nos Estados Unidos. Por isso mesmo é que a empresa costuma dispertar sentimentos antagônicos entre as pessoas, que oscilam entre amor e medo.

Outro famoso robô da Boston Dynamics é o BigDog — um quadrúpede de transporte de carga para soldados —, financiado pela DARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa), ou seja, praticamente uma máquina de guerra. Há ainda o Cheetah, outro robô de quatro patas da companhia. Esse quadrúpede ficou conhecido por quebrar o recorde de velocidade, em terra, para robôs de pernas quando foi lançado no ano de 2012, chegando até 45 km/h.

Agora, se seremos dominados por algum robô da Boston Dynamics, provavelmente será o Atlas, que é um bot humanoide de 3 metros de altura, anunciado em 2016. Quase um sentinela dos X-Men, é fisicamente superior aos humanos, podendo correr, fazer ginástica e subir escadas.

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Se depender dos desenvolvedores, os drones podem ser os carteiros da próxima década (Foto: Divulgação/ Google)

Robôs voadores

Drones não são uma tecnologia nova, afinal, as forças armadas de alguns países já os utilizavam desde a década de 1950 e sempre estiveram muito ligadas a esse uso militar. Afinal é um tipo de aeronave que, como o nome mesmo diz, não é tripulado, e sim controlado. Só que ao longo dos últimos cinco anos, os drones se tornaram um produto cada vez mais pop e essa mudança está, principalmente, associada ao setor de entretenimento.

Esses robôs voadores são muito usados, hoje, ​​em filmagens aéreas, para registros fotográficos de pontos em que humanos difilcimente chegariam, além do quesito diversão, é claro. Em paralelo a isso, o Google, a Amazon, a UPS (uma das maiores empresas de logística do mundo) e algumas startups estão testando drones para entrega de compras, diretamente para os consumidores. Há inclusive drones que fornecem medicamentos vitais para áreas remotas de difícil acesso no mundo todo, como a Amazônia, ou ainda apara o transporte de órgaõs que serão transplantados.

Os drones mais avançados, por sua vez, estão aprendendo a pilotar sozinhos, graças aos avanços no aprendizado de máquina e no uso da IA, que permitem compreender o ambiente para decisões mais acertadas. Inclusive, especula-se que esses robôs poderiam competir com pilotos humanos até o ano 2023.

Robôs na sala de cirurgia

Robôs já auxiliam milhares de procedimentos em todo o mundo, no entanto, os robôs cirúrgicos não são exclusivos desta década. Só que como todo o campo da robôtica, nos últimos 10 anos, os desenvolvedores deram um salto gigantesco. Talvez, o mais incrível nesses casos nem seja o campo da robótica, mas a conexão cada vez mais rápida e a Internet das Coisas (IoT).

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Distantes dos pacientes, cirurgias remotas devem se tornar rotina em grandes hospitais (Foto: Reprodução/ Health Times)

Em 2019, um cirurgião na China realizou a primeira operação remota usando 5G. Também foi primeira vez no mundo que uma cirurgia de coração foi executada, de forma remota, com a ajuda de um robô CorPath GRX. Nesses tipos de cirurgia, os médicos operem pacientes, a partir de um local totalmente diferente, controlando os robôs cirúrgicos, como se fossem um bisturi tradicional.

No entanto, um grande obstáculo em sua implementação ainda é o atraso e eventual desencontro entre a ordem que está sendo dada e o robô que a executa. Nesses casos, qualquer atraso pode não ser só perigoso, como fatal. Com o 5G, cada vez mais cirurgiões poderão operar, em tempo real, enquanto recebem o feedback háptico de que precisam para saber exatamente o que estão fazendo, por exemplo.

Outro desenvolvimento interessante, nesse campo, inclue o robô Ion, que pode realizar biópsias pulmonares minimamente invasivas. Em 2019, o robô recebeu autorização da FDA (Food and Drug Administration), dos EUA. É a prova de que a tendência das HealthTechs é irreversível, inclusive, Bill Gates já investe em microrrobôs que operam pacientes de dentro para fora.

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Au! Au! Robô Aibo da Sony promete imitar o fiel companheiro do homem (Foto: Divulgação/ Sony)

Robôs domésticos

Nessa categoria, os robôs muito provavelmente se parecem mais com pets, afinal não há companhia melhor do que a dos animais para se ter em casa. É o caso de um cão como companheiro, como o Aibo, da Sony. Sua primeira versão é de 2006, mas a empresa o relançou em 2017, ainda mais eficente na função de ser um bom amigo.

Estritamente projetado para ser seu animal de estimação, não espere nada mais tecnológico, como latir suas músicas favoritas. Ainda na linha pets, o MarsCat, da empresa Elephant Robotics, é um robô-gato, mas que também não tem nada de realista. Mesmo nem tanto realistas, alguns pets robôs são bons aliados no tratamento de demência e autismo, inclusive no Brasil, com a capacidade trazer afeto.

Isso significa que os robôs domésticos ​​podem fazer mais, sendo verdadeiros cuidadores. É o caso do robô MiRo, um tipo híbrido entre coelho, cachorro e vaca, desenvolvido em 2017. Esse simpático companheiro foi projetado para integrar um sistema doméstico inteligente e seguro para idosos ou pessoas, que por conta da idade correm maiores riscos de queda, por exemplo.

Dessa forma, o MiRo trabalha em conjunto com uma pulseira, usada por seu “dono”, que mede sinais vitais e possui um sensor de queda e sensores de teto, que monitaram o ambiente. Assim, é capaz de avaliar, em tempo real, as condições de uma pessoa em sua casa. Caso algo acontece, esse robô é capaz de enviar um alerta para contatos pré-selecionados e, por essa eficiência, tem se tornado cada vez mais popular.

E a robótica ainda vai além: afinal, qual amante de tecnologia nunca cogitou investir num desses robozinhos aspiradores de pó, para deixar o piso da casa sempre limpinho, como o Roomba, da iRobot? Seja qual for a área de atuação, uma coisa é certa: os robôs estão cada vez mais presentes em suas vidas, e concorde você com Asimov ou não: nós já estamos no futuro.

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Robôs sexuais estão cada vez mais sofisticados, como a Emma (Foto: Divulgação/Ai-Ai Tech)

Robôs sexuais

Por ódio, curiosidade ou amor, é difícil passar por uma notícia sobre robôs sexuais e não expressar uma opinião. Afinal, cada vez mais eles se parecem com seres humanos e são mais sofisticados. É no que aposta Matt McMullen, da empresa Realbotix, conhecido por desenvolver uma série de RealDolls, desde pelo menos 2015, inclusive a famosa Harmony 3.0.

McMullen trabalha para que a experiência de seus clientes seja cada vez mais real, incluindo, por exemplo, nos robôs eróticos a capacida de piscar, abrir a boca e até falar alguma algo estimulante, tudo a partir de uma AI treinado para essas situações. No caso dos robôs masculinos, em 2018, a Realbotix incluiu neles também a capacidade de se excitarem.

Agora, empresa chinesa Ai-Ai Tech quer dar um próximo passo nesse ramo, incluindo uma dose extra de realidade aos robôs, isso porque está desenvolvendo, junto da britânica CloudClimax, um sistema que simule a respiração humana. Inclusive, os momentos ofegantes da relação sexual. O atual modelo da companhia, a Emma, pode reproduzir a temperatura humana, a partir de um aquecedor interno.

Quanto ao fato das discussões sobre essas criações serem válidas ou não, os desenvolvedores seguem seu trabalho. Alguns entuaisatas chegam até a defender esses robôs, alegando a redução do número de abusos. Já os críticos alertam para os riscos de aumento da objetificação femenina, como um exemplo.

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Além de simpático, Pepper é um excelente atendente em seu café na cidade Tóqui (Foto: Divulgação/ SoftBank)

Robôs populares

Se as versões de robôs eróticos causam sentimentos ambíguos, o robô Pepper é só motivo de amores. Tennho certeza que você já viu esse simpático ajudante em algum lugar, desde que a SoftBank o desenvolveu em 2014. Pepper aparece em vídeos de aeroportos e até mesmo tem um café em Tóquio, onde atende ao lado de outras máquinas, o Nao e o Whiz.

Vale registrar que Pepper é um robô semi-humanoide com uma tela semelhante a um tablet, fixada ao peito. Também é capaz de gesticular e possui câmeras nos olhos e microfones nos ouvidos que o ajuda a detectar as emoções e o tom da voz das pessoa. Isso significa que ele foi feito para interagir, como nunca, com humanos, principalmente em postos de atendimento ao cliente.

Em 2015, esse sofisticado semi-humanoide já era dotado de uma capacidade computacional superior aos seus concorrentes, porque utilizava a IA Watson, desenvolvida pela IBM. Por esse mesmo motivo, Pepper foi anunciado como o robô mais inteligente do mundo, dentre aqueles que são vendidos abertamente ao público.

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A tendência é que humanoides se tornem cada vez mais parecidos com humanos (Foto: Divulgação/ Hanson Robotics)

Robôs cada vez mais humanos

A Hanson Robotics, com sede em Hong Kong, é conhecida por criar famosos robôs humanoides, incrivelmente realistas que podem percorrer toda a gama de expressões faciais humanas. Inclusive, a Sophia que estreou no SXSW, em 2016. Já, em 2018, ela aprendeu a andar e rejeitou, inclusive, os avanços “românticos” do ator Will Smith.

Câmeras instaladas nos olhos de Sophia permitem que ela faça contato visual e reconheça as pessoas, despertando uma enorme sensação de humanidade. Ela também pode processar a fala e conversar usando a tecnologia de processamento de linguagem natural. É possivelmente a invenção mais próxima de um humano que a robótica já desenvolveu.

Considerada também uma das mais avançadas demonstrações de IA do mundo, na primeira vez em que Sophia veio ao Brasil, acompanhada do seu criador, David Hanson, foi entrevistada pelo Canaltech – que pode compravar de perto sua realidade. A seguir, confira o vídeo desse encontro:

No entanto, Sophia não é o único robô ultrarrealista. Em 2012, um grupo de pesquisadores da Universidade de Osaka, no Japão, começaram a desenvolver um robô bebê, chamado de Affetto, que era capaz de fazer os mesmos gestos e “gracinhas” que uma criança de verdade faria. Na sua segunda versão, de 2018, foi incrementado uma série de movimentos que o tornou ainda mais expressivo, demostrando, inclusive, variadas emoções.

Já, em 2019, uma fabricante russa de robôs para serviço autônomos, a Promobot, iniciou às vendas da sua mais nova aposta para o mercado: robôs com a aparência de humanos. O mais surpreendente? Essas máquinas são costumizáveis e trazem mais de 600 expressões faciais. Chamado de Android Robo-C, ele pode ser desenvolvido a partir de rostos famosos, como celebridades, e também pode aprender a reproduzir falas e expressões da versão “original” humana.

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Parte de um experimento social, o robô HitchBOT pegava caronas pelo mundo (Foto: Divulgação/ HitchBOT)

O que esses roôbos podem despertar?

Desde 2014, um robô canadense, chamado HitchBOT, viajou por uma série de países como a Alemanha, a Holanda e o próprio Canadá, sempre pegando uma carona (ele não sabia andar, mas respondia perguntas báscias sobre o seu projeto). Seus criadores, a dupla David Harris Smith e Frauke Zeller, queriam com ele responder o seguinte questionamento: ‘os robôs podem confiar nos seres humanos?’. Isso porque esse robô era parte de um experimento social, que sempre contava com a gentileza de estranhos para ir de um lugar para outro.

E o mais interessante é que ele não tinha nenhum peça extremamente tecnologica e mais se parecia com um boneco de desenho animado, vindo de uma cena de faroeste, que fazia pequenos registros fotográficos com uma camêra interna. Além disso, era recarregado por energia solar ou por tomadas de isqueiro em carros. Também possuia um dispositivo GPS integrado e conexão 3G, o que permitia aos pesquisadores rastrearem sua localização.

Essa relação criada com os outros humanos fez dele uma espécie de celebridade até que uma tragédia interrompeu bruscamente sua “vida”, quando começava uma nova jornada pelos Estados Unidos. O HitchBOT foi atacado por vândalos na Filadélfia, em agosto de 2015, e, devido aos estragos, não era mais possível recuperá-lo. Esse ataque, por sua vez, causou uma série de manisfestações de tristeza e até luto pelos humanos que conviveram com ele, demosntrando que era possível desenvolver sentimentos por uma máquina.

Essa comoção é uma prova de que medida que os robôs se tornam cada vez mais comuns e até mesmo “humanos”, a maneira com a qual nos relacionamos se alteram – mesmo que alguns ainda não sejam capazes de perceber isso. Na próxima década, os robôs devem ser cada vez mais inteligentes e mais capazes, mas serão deciões sobre qual é o lugar deles no mundo e como poderão coexistir com a nossa sociedade que traçarão os próximos passos da robótica. Nesse aspecto, o escritor Aisimov nunca esteve tão atual.

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Fonte: Canaltech