Rio de Janeiro – Integrantes da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis comemoram o título de campeã do carnaval de 2018 (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
As ruas em torno da quadra da Beija-Flor de Nilópolis foram tomadas por uma multidão assim que a última nota garantindo o campeonato da escola foi anunciada na Marquês de Sapucaí. O enredo Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu, falando sobre as mazelas brasileiras, já havia conquistado o público do Sambódromo, que desceu das arquibancadas e acompanhou a escola, última a desfilar no segundo dia de carnaval.
O troféu foi levado em carreata pelas principais ruas da cidade, em cima de um carro de som, pelos componentes e diretores da escola. A festa foi montada em uma praça, pois a quadra da Beija-Flor foi interditada pelo Ministério Público (MP) por apresentar problemas estruturais.
Os moradores de Nilópolis comemoram muito a conquista e se dizem representados no enredo. “Nós falamos a verdade. Mostramos a vergonha do Brasil e a corrupção. Mas que temos esperança no futuro pelas nossas crianças”, disse Leandro Domingues, que trabalha como camelô nos sinais de trânsito. “Falamos o que todo mundo estava sentindo. Alegrou e aliviou minha alma”, completou Andreia Magno, que também trabalha como camelô.
A porta-bandeira Selminha Sorriso disse que o samba foi uma oração pedindo respeito. “Carnaval é a voz do povo, a voz de Deus. Queremos um Brasil melhor”.
O carnavalesco da escola, Cid Carvalho, lembrou que das seis escolas melhores colocadas, e que voltam a desfilar no próximo sábado (17), no Desfile das Campeãs, três delas apresentaram enredos com críticas políticas e sociais, incluindo a Paraíso do Tuiuti e a Mangueira.
“Isso significa que o povo e os jurados entenderam o recado. Esse país precisa rever muitas coisas. Nós, enquanto eleitores, precisamos aprender a escolher melhor quem nos representa”, desabafou o carnavalesco.