Para marcar o centenário de nascimento do autor Antonio Candido, em 24 de julho deste ano, o Itaú Cultural promove, até o dia 12 de agosto, uma exposição em homenagem ao escritor. O crítico literário, sociólogo e professor é apresentado em primeira pessoa, abrangendo registros desde a infância, com peças inéditas de seu acervo pessoal. Além disso, até sexta-feira (25), um colóquio internacional debaterá a vida, obra e militância de Candido.
Para Claudiney Ferreira, gerente do Núcleos de Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural, o autor teve uma atividade de pesquisa extremamente importante e bem documentada, o que se confirma na exposição. “É uma pesquisa fartamente documentada. Antonio Candido sempre anotou o que ele pensava, ele sempre teve um trabalho de muito apuro, muita profundidade nas pesquisas, isso vem até de uma indicação da mãe dele, quando ele era criança, de ele anotar tudo que ele lesse”, disse. “Os documentos mais antigos que temos são dois cadernos de Antonio Candido, um em que ele anota alguns livros, ele copia trechos de alguns livros de que ele mais gostou e um outro caderno de quando ele tinha 12 anos em que ele faz uma tese sobre o pronome se, então é um acervo que pega praticamente quase 90 anos da vida dele”, acrescentou.
O público terá acesso às anotações, cadernos de estudos, textos revisados mesmo depois de publicados, estudos para importantes obras como Formação da Literatura Brasileira e Parceiros do Rio Bonito, além de objetos, vídeos, documentação do acervo pessoal e fotos com seus irmãos, Roberto e Miguel, e os pais Clarisse e Aristides, imagens do ambiente que fez parte de sua infância, as cidades de Poços de Caldas e Santa Rita de Cássia (MG), com alguns registros feitos pelo próprio Candido. Há referências também ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem foi professor; ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Partido dos Trabalhadores (PT), o qual ajudou a fundar.
A mostra é traçada a partir do caminho percorrido por Antonio Candido, cujo trabalho entende o estudo e a criação como atos libertadores, para marcar posições político-sociais. O processo criativo do autor será exibido de modo a permitir que o visitante acompanhe como ele planejava seus trabalhos, como retornava, corrigia, reelaborava raciocínios.
“[A exposição] mostra o Antonio Candido militante, ele desde jovem, por influência do Paulo Emílio Sales Gomes, teve um pensamento político, escreveu sobre isso; mostra o Antonio Candido educador, principalmente através dessa ideia da formação de gerações futuras; tem o Antonio Candido intelectual que reflete sobre o Brasil e mais especificamente sobre a literatura brasileira”, contou Ferreira.
O público poderá ter acesso ainda à documentação sobre Os Parceiros do Rio Bonito – resultado da tese de doutorado defendida por ele na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), em 1954, transformada em livro 10 anos mais tarde – e Formação da Literatura Brasileira, escrita entre 1945 e 1951.