A 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que acaba neste domingo (12), é a oportunidade também de participar de conversas com escritores, atores e intelectuais. Ziraldo é um dos destaques de hoje com uma sessão de autógrafos marcada para a tarde. Juntamente com Mauricio de Sousa e Manuel Filho, ele é um dos autores do livro Mônica e Menino Maluquinho na Montanha Mágica, lançado durante a Bienal.
Fernanda Montenegro relembrou a famosa cena “do bolo na cara”. “A gente não sabe como saiu tão bem porque não se ensaiou. Eles puseram a mesa com todos doces, pudins, leites, chocolates, não tínhamos uma dupla roupa. Caso não funcionasse, a gente tinha que parar tudo, botar outra roupa, lavar a cara, fazer cabelo.” Para a atriz, aquele foi “um momento de comunhão de atores e de intenção cênica”.
Ditadura
A atriz contou sobre a perseguição à liberdade de expressão e que havia diversos grupos de contestação política contra os militares, que se reuniam em assembleias gerais.
“Nessas assembleias, houve uma hora que quem dirigia a mesa chegou e disse ‘acabo de receber um telefonema dizendo que há uma bomba dentro deste teatro’. Fernando [Torres, marido] e eu nos olhamos e dissemos ‘vamos para casa’. Lélia Abramo, maravilhosa, corajosa, trotskista, levanta-se e grita ‘não vamos sair daqui, vamos morrer pela nossa causa’. Hoje vocês devem perceber de que crise nós saímos”, disse Fernanda Montenegro.
Fernanda Torres acrescentou que boa parte dos relatos da mãe estão documentados. “Tem muitas cartas, documentos, a ligação com o [Gianfrancesco] Guarnieri que escreveu Eles não Usam Black-Tie. E uma das histórias maravilhosas e que falam muito sobre esse período é da Lélia Abramo. Tem uma fotografia nesse livro que é um encontro no teatro Ruth Escobar, onde a classe se reuniu pós AI-5.”
Otimista, Fernanda Montenegro afirmou que apesar do momento delicado em que o país vive, está confiante em dias melhores. “Agora eu digo o seguinte: vamos sair dessa crise [atual]. Mas eu não tenho dúvida. Estou a caminho de 90 anos, eu já vi tanta crise, tanto buraco sem fundo, mas é aquilo que o poeta diz ‘acorda e canta’”.
A atriz recomendou ao público: “Então, minha gente, vamos acordar e cantar. Temos que ter esperança. Esperança às vezes é uma palavra meio esquisita porque parece que a gente senta e espera. Eu estou falando de uma esperança ativa, muito ativa. Basta a gente perseverar que a gente muda esse país”. A atriz foi muito aplaudida pelo público.
Serviço
Neste último dia da Bienal do Livro, no Pavilhão do Anhembi, Ziraldo, um dos autores do livro Mônica e Menino Maluquinho na Montanha Mágica, estará no estande da editora Melhoramentosa partir das 16h, para uma sessão de autógrafos. As senhas podem ser retiradas pelo público a partir das 15h.
Os ingressos para a Bienal do Livro custam R$ 25 (inteira) e R$ 12 (meia).