A alemã Ursula Von der Leyen, indicada dos governos dos países-membros da União Europeia a presidente do Executivo do bloco, buscará o apoio do Parlamento da UE hoje (3) na esperança de conseguir a confirmação de que precisará dentro de duas semanas.
Em um acordo firmado pelos 28 governos da UE na terça-feira (2), depois de negociações longas e tensas, Von der Leyen, aliada próxima da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, deve substituir Jean-Claude Juncker como presidente da Comissão Europeia, o Executivo da UE, enquanto a francesa Christine Lagarde chefiará o Banco Central Europeu.
Os líderes torcem para que a decisão de colocar duas mulheres em organismos decisórios da UE pela primeira vez envie uma mensagem positiva e conserte o estrago causado por uma cúpula tão turbulenta.
A discórdia ecoou um abalo mais amplo no centro político do bloco que ficou evidente nas eleições de maio do Parlamento Europeu, que resultou em uma assembleia mais fragmentada com mais contingentes de extrema-direita e extrema-esquerda.
A visita de Von der Leyen a Estrasburgo coincidiu com a eleição do presidente do Parlamento Europeu, que foi vencida pelo socialista italiano David Sassoli.
Von der Leyen precisa ser confirmada no novo cargo por uma maioria absoluta entre os 751 parlamentares da UE.
No papel, ela deve ser capaz de conseguir estes votos com tranquilidade, mas pode enfrentar resistência em uma assembleia contrariada pelo fato de os líderes da UE terem ignorado os candidatos mais bem colocados dos principais blocos parlamentares nas negociatas pelos principais postos.
Os agrupamentos socialista e verde ficaram particularmente frustrados.
“Essa costura de bastidores depois de dias de conversas é grotesca, não satisfaz a ninguém além dos jogos de poder partidários”, disse Ska Keller, líder dos Verdes que também disputa a presidência da câmara.
A espanhola Iratxe Garcia, líder socialista da assembleia, classificou o acordo como “profundamente decepcionante”.
Os grupos ficaram revoltados sobretudo com a rejeição dos líderes do leste europeu ao socialista Frans Timmermans como chefe da Comissão, uma manobra que viram como uma retaliação devida às acusações de violações de direitos humanos que Timmermans fez contra Hungria e Polônia.
Mas Von der Leyen pode contar com o apoio dos principais grupos liberais e de centro-direita da assembleia. Outro grupo conservador, liderado pelo partido governista polonês PiS, também parece inclinado a apoiá-la.
Fonte: Agência Brasil