A OMS atribuiu ao abuso de álcool mais de 5% da carga mundial de doenças que comprometem o funcionamento do cérebro e afetam vários outros órgãos. No curto prazo, o excesso de álcool no corpo pode ser percebido pela confusão e perda de reflexos, comprometimento da coordenação motora, vômitos e até coma alcóolico, além das implicações comportamentais. Já, ao longo dos anos, os danos internos se acumulam e podem ser irreparáveis. Para alertar a população sobre os riscos do consumo desenfreado de bebidas alcoólicas, o médico e especialista em dependência química Toufik Rahd (CRM 61.760 SP), selecionou alguns pontos de atenção àqueles que já passaram da cervejinha do final de semana ao consumo diário dessas substâncias.
“No fígado, o alcoolismo pode causar acúmulo de gordura, hepatite e cirrose, que comprometem o funcionamento do órgão devido a lesões prolongadas. O pâncreas e o estômago também podem desenvolver doenças crônicas, como pancreatite, gastrites e úlceras. Já o coração tende a ser afetado pela elevação dos índices de colesterol, hipertensão, entre outras disfunções”, explica Toufik.
Os riscos para o cérebro são extremamente perigosos, podendo levar a deterioração cognitiva, distúrbios mentais e, no sistema nervoso, a uma doença ainda pouco divulgada: a polineuropatia alcóolica.
Entenda
A polineuropatia alcóolica acomete principalmente adultos, após os 40 anos, e idosos, sendo até quatro vezes mais incidente em homens. A complicação surge de um alcoolismo grave e crônico, “o alcoólatra tende a alimentar-se mal e a bebida por si só já inibe a absorção de diversas vitaminas e nutrientes, o que gera deficiência da vitamina B1 e carência de tiamina. Essa insuficiência prejudica o Sistema Nervoso Periférico”, esclarece Dr. Rahd.
Os sintomas vão desde fraqueza, dor e sensação de formigamento ou dormência nas mãos, pés e membros inferiores no geral, a dores noturnas, câimbras e perda sensorial das extremidades e são constantemente ignorados.
Além da suspensão imediata do álcool, suporte no abandono ao vício e administração de anticonvulsivantes ou antidepressivos para combater a dor neuropática, a reposição da tiamina é fundamental para evitar a progressão da perda de mielina no nervo. O especialista alerta que a recuperação vai depender muito do tipo e quantidade de fibras lesadas e que o acompanhamento neurológico é fundamental para esse diagnóstico.
Na reposição da tiamina, conhecida também como vitamina B1, a benfotiamina, opção lipossolúvel, consegue ser mais facilmente absorvida pelo organismo, apresentando melhores resultados no curto prazo, penetrando diretamente na célula, sem necessidade de transportadores, com um aproveitamento 15 vezes melhor e ação medicamentosa 10 vezes mais potente.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em seu Relatório Global sobre Álcool e Saúde 2018, aponta uma redução no consumo de álcool pela população brasileira em 2016, de 7,8 L de álcool puro, em relação a 2010, que era de 8,8 L de álcool puro. Com isso, o país está abaixo da média da região das Américas (8L de álcool puro per capita); porém maior do que a média mundial (6,4 L).