Se as temperaturas médias do planeta continuarem a aumentar, o El Niño pode chegar a um ponto de inflexão. Nesse cenário, o fenômeno conhecido por aquecer as águas do Oceano Pacífico será sempre ou quase sempre extremo, segundo estudo publicado na revista Geophysical Research Letters.
Diante dos possíveis riscos que o El Niño representa, pesquisadores da Universidade de Colônia e Centro Helmholtz de Pesquisa Oceânica, ambos na Alemanha, buscam entender o que é possível para limitar este cenário. A principal solução envolve o controle do aquecimento global e, consequentemente, das emissões de gases do efeito estufa.
Vale lembrar que, nos últimos meses, o planeta vivenciou os impactos de um El Niño moderadamente intenso, com recordes de calor no continente. “O fenômeno climático natural contribuiu para muitos meses de temperaturas oceânicas recordes, extremos de precipitação na África, baixa cobertura de gelo nos Grandes Lagos [na América do Norte] e seca severa na Amazônia e na América Central”, afirma a NASA, em artigo. Entretanto, este episódio nem chega a ser o mais extremo já observado.
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Ponto de inflexão do El Niño
Segundo os pesquisadores alemães, os episódios de El Niño extremos “são bastante raros até agora”, com base nos registros históricos. No entanto, com o aquecimento do planeta até um ponto crítico, esses episódios podem se tornar mais comuns, causando precipitações intensas e secas duradouras, o que implica em grandes perdas econômicas e sociais.
Com o modelo climático CESM1, os cientistas descobriram que o ponto de inflexão do El Niño ocorrerá quando o planeta estiver 3,7 °C mais quente em relação aos níveis pré-industriais. Caso isso aconteça, mais de 90% das ocorrências desse fenômeno serão consideradas extremas. No momento, as temperaturas estão 1,5 °C mais elevadas.
Caso o ponto de inflexão seja alcançado, será bastante difícil reverter a situação, mesmo que o planeta fosse resfriado. Segundo o modelo matemático, o retorno do El Niño aos padrões anteriores levaria cerca de 200 anos para ocorrer.
El Niño extremo?
Conforme aponta o estudo, o El Niño extremo será uma nova realidade, se o pior cenário não for revertido. Entretanto, a última ocorrência do fenômeno, entre 2023 e este ano, não chegou a ser extrema. “Este foi um El Niño considerável, mas não o maior que vimos nos últimos 30 anos”, pontua Josh Willis, oceanógrafo do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA. A afirmação é baseada nos dados de satélite capturados pela agência espacial dos EUA. A seguir, veja imagens do El Niño em seu pico (em dezembro de 2023) e em fase neutra (julho de 2024):
Nos dois mapas, é possível observar as anomalias na altura da superfície do mar no Pacífico em dois períodos distintos. As manchas em vermelho indicam as áreas onde o nível do mar estava maior do que o normal. Enquanto isso, as manchas azuis indicam que o nível está abaixo da média. Em condições normais do nível do mar, a cor branca é destacada. Para entender, quanto mais elevadas estão as temperaturas, maior é o nível do mar.
“Durante os eventos recordes anteriores de 1997–1998 e 2015–2016, os níveis do mar estavam muito mais altos (mais quentes), e os altos níveis do mar estavam espalhados por uma área muito maior do Pacífico central e oriental”, pontua a agência.
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Fonte: Canaltech