A síndrome de Down também podia afetar Neandertais. É o que sugere a observação de um fóssil (um pedaço do osso temporal, parte do crânio na lateral da cabeça) encontrado na Espanha. Os detalhes foram divulgados na revista Science Advances, na última quarta-feira (26).
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Já faz tempo que a ciência sabe sobre os cuidados a indivíduos doentes ou feridos entre os Neandertais, mas nos últimos anos o interesse em compreender as implicações deste comportamento apenas aumentou.
O recente estudo apresenta o caso de um indivíduo Neandertal que sobreviveu até pelo menos os seis anos de idade, mesmo sofrendo de uma patologia grave do ouvido interno, provavelmente associada ao síndrome de Down.
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Os sintomas que provavelmente acompanharam essa doença no ouvido incluem perda auditiva severa e redução no equilíbrio.
Comportamento dos Neandertais
A análise do fóssil permite também uma reflexão de comportamento, porque veja bem: os cuidados necessários para a sobrevivência da criança durante um período de vários anos provavelmente excederam as capacidades da mãe e teriam exigido a ajuda de outros membros do grupo social.
Isso faz com que os pesquisadores tentem entender por que esses indivíduos dedicaram parte do seu tempo e esforço para cuidar de um membro do seu grupo com uma condição temporária ou permanente.
Alguns autores acreditam que isso vem de um interesse, enquanto outros defendem que o comportamento vem de um sentimento genuíno de compaixão.
“Quando a intensidade ou a duração dos cuidados necessários à sobrevivência da criança excedem as possibilidades da mãe, ela necessita de ajuda de outros indivíduos do grupo social. Assim, o estudo de crianças individuais oferece a possibilidade de testar se o cuidado está diretamente relacionado a uma estratégia social”, diz o estudo.
Neandertal com síndrome de Down
Ao analisar as características do fragmento ósseo, os pesquisadores perceberam um conjunto de anomalias nas estruturas do ouvido interno que só aparecem em pessoas com síndrome de Down — por isso o diagnóstico.
Antes, cientistas já tinham encontrado ossos de crianças com Síndrome de Down de 5 mil anos. Mas dessa vez, os arqueólogos acreditam que o fóssil tenha entre 146 mil e 273 mil anos. A anatomia do osso permitiu classificar como Homo neanderthalensis, com 95% de chance.
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Fonte: Canaltech