Durante a expedição do Schmidt Ocean Institute ao Chile, pesquisadores a bordo do R/V Falkor encontraram infiltrações frias, que servem de energia química para animais que vivem sem luz solar. É o caso do raro e misterioso porco-do-mar, que sempre chama a atenção da ciência quando é avistado — e dessa vez, estava a 2.836 metros de profundidade.
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Conforme comunicado, a busca pelas infiltrações durou mais de 12 horas. Essas infiltrações frias (ou “cold seeps” em inglês) são áreas no fundo do oceano onde hidrocarbonetos, como metano e sulfeto de hidrogênio, vazam lentamente para fora dos sedimentos.
Diferentemente das fontes hidrotermais, que liberam fluídos quentes, as infiltrações frias expelem fluídos a temperaturas similares às da água do mar circundante.
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As infiltrações frias mais rasas, como as infiltrações de metano, são geralmente localizadas pela descoberta de bolhas vindas do fundo do oceano. As ondas sonoras enviadas para o fundo do mar que são usadas para mapear, mas as bolhas nem sempre são visíveis em infiltrações mais profundas, tornando sua localização mais desafiadora.
“Essas infiltrações são ecossistemas quimiossintéticos onde o metano que ocorre naturalmente borbulha a partir de fissuras no fundo do mar. Eles são formados ao longo de zonas de subducção, áreas oceânicas onde duas placas tectônicas colidem e uma é pressionada sob a outra. O metano no fundo do mar fornece energia para bactérias, uma fonte de alimento para animais como mariscos, lagostas e vermes tubulares”, diz o comunicado do instituto.
Infiltrações localizadas durante a expedição
O Instituto também menciona que as infiltrações localizadas durante a expedição estão na Fossa do Atacama, uma formação de 8 mil metros de profundidade que percorre toda a extensão do Peru e do Chile.
O interesse em estudar as infiltrações surge porque elas podem ajudar a obter informações sobre como a vida se desenvolveu na Terra e como essas estratégias de sobrevivência e condições químicas podem sustentar a vida em outros planetas.
“Os micróbios que vivem nessas infiltrações têm estratégias incríveis para produzir alimentos sem luz solar. Aqui na Terra, a vida no escuro é estranha por si só e fornece informações críticas para a compreensão de como os organismos persistem nas condições mais extremas. Ainda estamos a tentar descobrir como a vida começou na Terra, e ambientes que fornecem energia química para a vida, como este, podem oferecer pistas sobre a faísca que acendeu toda a biodiversidade no nosso belo planeta”, diz a co-autora, Lauren Seyler, da Universidade de Stockton.
Animais raros e até mesmo novos
Além de raros, como o porco-do-mar, a equipe também coletou mais de setenta espécimes, com muitas espécies suspeitas de serem novas para a ciência.
Enquanto se aguardam mais pesquisas, as novas espécies suspeitas de serem encontradas entre 3.000 e 4.500 metros de profundidade incluem caracóis marinhos e anfípodes.
As amostras de animais coletadas durante a expedição destinada a encontrar infiltrações frias serão mantidas na Universidade Arturo Prat Museo del Mar em Iquique e no Museu de História Nacional em Santiago, Chile.
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Fonte: Canaltech