Nesta semana, a Secretaria da Saúde (SES) do Rio Grande do Sul confirmou as duas primeiras mortes por leptospirose, associadas com as enchentes e os alagamentos que afetam o estado do Sul do Brasil. Já foram feitos 29 diagnósticos oficiais da doença, mas os números ainda devem aumentar ao longo das semanas, já que as águas ainda não baixaram.
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A demora nos dados sobre leptospirose ocorre, já que os casos são somente confirmados após a análise do Laboratório Central do Estado (Lacen). Independente desse resultado “mais demorado”, o tratamento contra leptospirose deve ser adotado já no momento da suspeita, com o uso de antibióticos. Hoje, novos tipos de exame são desenvolvidos.
Além da leptospirose, casos de dengue devem subir por causa dos alagamentos e das poças de água, já que criam ambientes propícios para a proliferação do mosquito da dengue. Quadros de hepatite A, tétano e diarreias bacterianas causadas pela Salmonella também devem ocorrer por causa das chuvas.
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Mortes por leptospirose no Sul
No momento, dois homens, moradores de regiões inundadas, foram vítimas mortais da leptospirose. O primeiro tinha 67 anos e vivia em Travesseiro, no Vale do Taquari. Já o segundo tinha 33 anos e morava em Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo.
Em nota, a SES do Rio Grande do Sul afirma que, apesar da leptospirose ser uma doença endêmica na região, a frequência pode aumentar com as inundações e enchentes. Antes da tragédia, até o mês de abril, já tinham sido notificados 129 casos e seis mortes.
Risco das enchentes
Com ou sem enchente em uma região, a leptospirose é causada por uma bactéria do gênero Leptospira. A principal forma de contaminação é através da urina de animais infectados, como ratos.
Com as cheias, os ratos saem dos esgotos e bueiros e passam a habitar zonas mais próximas dos humanos. Consequentemente, o risco de entrar em contato com a urina contaminada é maior.
Poças de água parada e lama representam maior probabilidade de infecção do que as águas correntes. Isso porque, quando a água está em movimento, a diluição da urina é maior, dificultando a infecção. Mesmo assim, é possível ser infectado através da pele ou de mucosas expostas. Normalmente, os primeiros sintomas surgem de cinco a 14 dias após a exposição.
Leptospirose ou dengue?
No início da doença, é muito fácil confundir a leptospirose com a dengue. Afinal, ambas causam febre, calafrios, dor de cabeça, fraqueza e dores no corpo. Sem exames de acesso simples, é preciso apostar na análise clínica.
“Dengue e leptospirose são muito similares nos sintomas iniciais e o que ajudaria no diagnóstico diferencial seria o hemograma, mas sabemos que na maioria dos abrigos este exame não estará disponível, por isso a importância da avaliação por profissional de saúde”, afirma Valeska Lizzi Lagranha, bióloga do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), em nota.
Um dos diferenciais é que, em pessoas com leptospirose, é mais comum dores na panturrilha e na lombar. Enquanto isso, pacientes com dengue tendem a apresentar dor atrás dos olhos e nas articulações.
Como o responsável pelo diagnóstico é o médico, o recomendado é que, em caso de suspeita de qualquer uma das doenças, a pessoa procure imediatamente atendimento de saúde. Assim, o tratamento será iniciado imediatamente.
Como evitar leptospirose?
Na situação que o Rio Grande do Sul enfrenta, como a região metropolitana de Porto Alegre e as zonas rurais, é difícil impedir todas as formas de infecção da leptospirose, já que as ruas ainda estão alagadas – bombas de sucção ajudam a acelerar o escoamento em alguns locais.
Quando for possível, as pessoas devem utilizar botas, luvas de borracha e outros EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) disponíveis. Na hora da limpeza de casas invadidas pelas águas das enchentes, a melhor estratégia é usar água sanitária, que pode eliminar os patógenos.
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Fonte: Canaltech