Alguns dinossauros, apesar de serem répteis, tinham sangue quente, conforme várias pesquisas revelaram nos últimos anos. Após notar essa regulação interna da temperatura nos famosos lagartos do passado, a ciência passou, então, a buscar saber quando a característica evolui nas espécies — chegando a 180 milhões de anos atrás.
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O nome dinossauro não significa “lagarto terrível” à toa — assim como várias outras características dessa classe de animais, acreditava-se que eles também compartilhavam do sangue frio dos répteis. Descobriu-se, então, nos anos 1950, fósseis de dinos no Ártico, uma das provas mais sólidas de que alguns desses animais não dependiam do sol para se aquecer.
Nem todos, no entanto, eram endotérmicos (de sangue quente). Até agora, a comunidade científica concorda em dizer que muitos terópodes e ornitísquios, duas das três ordens de dinossauros, tinham sangue quente, já que seus mais antigos ossos aparecem em regiões frias no início do Jurássico (201 a 145 milhões de anos atrás). O mesmo não se pode dizer dos enormes saurópodes.
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Evidências de sangue quente nos dinossauros
A análise dos dados sobre a endotermia nos dinossauros veio do cientista Alfio Alessandro Chiarenza e sua equipe da University College London. Eles descobriram que as preferências climáticas entre os dinossauros aparecerem em torno do Evento de Jenkyns, há 183 milhões de anos, quando uma atividade vulcânica expressiva causou aquecimento global e extinção de vários grupos de plantas.
É curioso que uma época de altas temperaturas tenha levado animais a desenvolver a capacidade de termorregulação para sobreviver ao frio, mas essa é a conclusão dos pesquisadores.
Muitos novos grupos de dinossauros surgiram, segundo contou Chiarenza em um comunicado, provavelmente por conta da crise ambiental — assim, eles puderam ser bastante ativos por períodos mais longos, se desenvolver e crescer mais rápido e ter mais filhotes.
Os terópodes mais famosos são os velociraptors e os tiranossauros, mas não podemos esquecer que as aves também são dinossauros terópodes, segundo Sara Barela, uma das co-autoras do estudo, da Universidade de Vigo. Mesmo a regulação de temperatura dos pássaros, que possuem sangue quente, pode ter tido origem nessa época, graças aos dinossauros.
Foi em torno da mesma época que os saurópodes cresceram até o tamanho colossal que conhecemos — eles são os famosos “pescoçudos” da família —, provavelmente também por conta das mudanças climáticas.
Eles viviam em biomas de campo relativamente áridos, o que, segundo os pesquisadores, refuta a ideia de que não teriam ido aos polos para comer o alimento disponível nas florestas úmidas. Se não foi a falta de água ou comida, o que impediu que fossem às regiões polares? Bem, simplesmente o frio e a competição com os terópodes e ornitísquios.
Os saurópodes chegaram mais perto dos polos durante o Período Cretáceo, como o Patagotitan, candidato a maior dinossauro de todos os tempos, que viveu na Patagônia argentina em uma época mais quente que o Jurássico. Os fósseis de plantas do habitat dos titanossauros indicam uma média anual de temperatura entre 10 ºC e 15 ºC.
Embora tenham sobrevivido bem nas latitudes altas durante o Cretáceo, os saurópodes não chegaram longe no norte, talvez por serem menos adaptados do que os ornitísquios, que ganhavam a briga por alimento e território. Perto do polo sul, o enorme corpo teria ajudado a manter a temperatura estável.
De qualquer forma, mesmo tendo desenvolvido sangue quente há muito tempo, os pássaros ainda perdem para os mamíferos por pelo menos 50 milhões de anos.
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Fonte: Canaltech