Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer colorretal ocupa a terceira posição entre os tipos de câncer mais frequentes no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Embora tratamentos e formas de diagnóstico sejam conhecidos, há um aumento significativo no diagnóstico deste tipo de tumor no cólon e no reto entre os mais jovens.
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Além do elevado número de casos na população do câncer de cólon e reto (ou ainda câncer de intestino), o que tem chamado a atenção é o aumento da incidência entre os mais jovens — pacientes com menos de 50 anos, sendo que eles naturalmente têm menor risco para o aparecimento de tumores.
“Nos últimos anos estamos vivenciando uma situação bastante preocupante em relação ao aumento no número de casos de pacientes jovens, com menos de 50 anos, sendo diagnosticados com câncer colorretal”, afirma Virgílio Souza e Silva, médico oncologista gastrointestinal do A.C.Camargo Cancer Center, para o Canaltech.
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Números do câncer colorretal
Para entender o câncer de cólon e reto entre os mais jovens, um recente relatório publicado pela American Cancer Society (ACS) dá importantes pistas, com base nos dados médicos dos norte-americanos.
No ano passado, foram estimados 153 mil casos de câncer colorretal nos EUA, incluindo 52 mil mortes. Para as pessoas com menos de 50 anos, o número provável de casos foi de 19,5 mil, enquanto os óbitos foram calculados em 3,7 mil.
Em números absolutos, o problema ainda é maior entre os mais velhos. No entanto, o relatório aponta para o declínio da incidência entre os que têm mais de 65 anos. Do outro lado, os casos estão mais comuns entre os mais jovens. Em 1995, 11% (1 em 10) dos casos ocorriam em pessoas com 54 anos ou menos. Agora, são 20% (1 em cada 5).
E o Brasil?
No Brasil, o Inca estima 45,6 mil novos casos de câncer colorretal por ano, com 21 mil mortes. Quando se analisa os dados e estimativas com maior detalhamento, é possível identificar que as taxas de incidência estão maiores entre aqueles que têm menos de 50 anos. Por aqui, “esse aumento também está sendo percebido nos pacientes jovens”, acrescenta Silva sobre a tendência global.
4 fatores de risco entre os jovens
“Existem inúmeras hipóteses [para explicar os casos mais frequentes de câncer colorretal entre os jovens], mas nenhuma delas foi confirmada por meio de estudos ou embasamentos científicos”, explica o oncologista.
No campo das possíveis causas (ou fatores de risco), o especialista indica quatro comportamentos possivelmente correlacionados com o aumento da incidência de câncer entre os jovens adultos:
- Maior consumo de alimentos ultraprocessados, que se tornaram a base da alimentação de algumas pessoas desde a infância;
- Queda no consumo de alimentos naturais, especialmente legumes e verduras ricos em fibras;
- Falta de atividades físicas praticadas com regularidade (sedentarismo);
- Aumento do peso da população (maiores taxas de sobrepeso e obesidade).
Recentemente, pesquisadores da Universidade Yale relacionaram a exposição recorrente aos produtos químicos eternos com a progressão acelerada deste tipo de câncer, a partir de um estudo com bombeiros — profissionais com níveis elevados de exposição.
Vale lembrar que estes compostos estão presentes em panelas antiaderentes ou ainda em roupas impermeáveis, além de inúmeras embalagens.
Sintomas do câncer colorretal
Diante do aumento do número de casos de câncer entre os mais novos, é importante se atentar para alguns sinais e sintomas relacionados com esses tumores. Entre eles, estão:
- Alteração do hábito intestinal, como a frequência de idas ao banheiro;
- Alteração no formato das fezes;
- Presença de sangue nas fezes;
- Dor abdominal;
- Perda expressiva de peso em um curto espaço de tempo.
Ter um ou mais desses sintomas não confirma o diagnóstico do câncer colorretal, já que diferentes doenças podem provocar efeitos parecidos no organismo. No entanto, estes sinais de alerta devem ser investigados, com a orientação de um médico.
Para aqueles que já passaram dos 45 anos, Silva indica a colonoscopia como um exame de check-up (rastreio) regular. “O exame faz parte do diagnóstico precoce do câncer colorretal e atua como um preventivo para o rastreamento da doença”, pontua.
Chances de cura são elevadas
“Apesar do aumento da incidência, felizmente o prognóstico do câncer colorretal tem aumentado, e isso se deve aos avanços no tratamento que observamos nos últimos anos”, avisa o oncologista. Inclusive, as chances de cura variam entre 90% a 95%, quando o diagnóstico é precoce.
Atualmente, os médicos têm, cada vez mais, um leque maior de possíveis tratamentos, como imunoterapias, quimioterapias, terapias alvo e também, para os casos de câncer colorretal com metástase no fígado, a radioembolização.
Entretanto, “não existe um tratamento padrão, mas é importante que uma equipe multidisciplinar avalie o paciente e indique a melhor opção de terapia de forma individualizada, ou seja, pacientes com a mesma doença podem ser tratados por meio de diferentes técnicas”, completa o especialista.
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Fonte: Canaltech