Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Brasília (UnB) encontraram uma molécula no veneno de vespas brasileiras, com a capacidade de auxiliar no tratamento da epilepsia e proteger o cérebro. Hoje, mais de 50 milhões de pessoas no mundo sofrem com crises epilépticas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Apelidada de occidentalina-1202, a proteína contra epilepsia é encontrada na peçonha da vespa marimbondo-estrela (Polybia occidentalis). A espécie de vespa social é encontrada tipicamente no cerrado brasileiro.
“Occidentalina-1202 é um peptídeo [proteína] com aplicabilidade promissora no tratamento da epilepsia e pode ser considerado um interessante modelo de fármaco para o desenvolvimento de novos medicamentos”, afirmam os autores do estudo, em artigo publicado na revista Brain Communications.
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Molécula do veneno da vespa
Na atual etapa de pesquisa pré-clínica, os cientistas avaliaram os efeitos da molécula extraída do veneno da vespa em camundongos com crises induzidas de epilepsia por ácido caínico (cainato) e pentilenotetrazol. Ambos os compostos causam convulsões.
Segundo os pesquisadores, a proteína consegue atravessar a barreira hematoencefálica, chegando ao cérebro. Ali, pode controlar a atividade elétrica excessiva, impedindo as crises. Também bloqueia os mecanismos associados à morte de neurônios.
No experimento, foram testadas tanto a versão original da molécula quanto uma sintética — recriada em laboratório. Como as duas responderam de forma positiva, a pesquisa deve avançar com a versão sintética, mais fácil de ser produzida em larga escala para um futuro remédio contra epilepsia.
Potencial remédio contra a epilepsia
Nos testes com roedores, a molécula extraída das vespas não demonstrou ser tóxica e nem causou efeitos adversos indesejados nos animais, como problemas motores ou cognitivos.
De forma oposta, a maioria dos remédios prescritos para tratamentos antiepilépticos tendem a causar efeitos indesejados, como problemas de memória e sonolência. Agora, é preciso avançar com os testes e, oportunamente, a nova molécula deve ser avaliada em seres humanos, o que ainda não tem prazo para começar.
Vale destacar que, há anos, a ciência utiliza os venenos e as toxinas de animais para descobrir novos remédios. Há testes com moléculas extraídas a partir do veneno de aranhas, cobras e até mesmo peixes.
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Fonte: Canaltech