Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o décimo país com maior número de nascimentos prematuros em todo o mundo. A prematuridade, caracterizada pelo nascimento antes da 37ª semana de gestação, é a principal causa de mortalidade infantil no país e pode resultar em sequelas físicas, cognitivas e emocionais nos bebês.
De acordo com o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), a taxa de prematuridade no Brasil foi de 11,1% entre os anos de 2011 e 2021. Internacionalmente, a prevalência de partos prematuros varia entre 5% e 18%, conforme os últimos dados da OMS. Isso significa que aproximadamente 340 mil bebês nascem prematuros a cada ano no Brasil, o equivalente a mais de 900 por dia. Globalmente, esse número chega a cerca de 15 milhões.
A médica pediatra, neonatologista e intensivista Wania Calil Nicoliello, coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin) Santo Agostinho da Rede Mater Dei de Saúde, explica que a prematuridade pode ter diversas causas, incluindo fatores sociais, ambientais e maternos. Entre os fatores maternos estão hipertensão, diabetes, infecções uterinas e urinárias, idade materna avançada ou muito jovem, entre outros. Já os fatores fetais incluem malformações, doenças respiratórias e cardíacas, além de restrição de crescimento intrauterino.
A prevenção do parto prematuro começa antes mesmo da gestação, com o planejamento familiar, seguido por um acompanhamento pré-natal adequado. Isso inclui consultas regulares, exames laboratoriais e de imagem, tratamento de doenças maternas e fetais, além de um parto seguro, de qualidade e humanizado. Segundo a especialista, bebês prematuros necessitam de cuidados especiais em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin), onde recebem assistência qualificada de uma equipe multiprofissional.
O aleitamento materno é fundamental para a nutrição dos prematuros, pois o leite materno contém todos os nutrientes essenciais para seu crescimento e desenvolvimento, além de protegê-los contra infecções e alergias. O contato pele a pele precoce, proporcionado pelo Método Canguru entre mãe/pai e bebê, fortalece o vínculo entre eles, favorece a estabilidade térmica e respiratória, estimula o sistema imunológico e ajuda no desenvolvimento físico e emocional do bebê.
A prematuridade pode acarretar sequelas que variam de acordo com o grau de prematuridade, peso de nascimento e complicações durante a internação. Entre as possíveis sequelas estão doença pulmonar crônica, retinopatia da prematuridade, hemorragias intracranianas e outras complicações respiratórias, visuais, neurológicas, auditivas, cognitivas e comportamentais.
A prevenção e o tratamento das sequelas envolvem uma assistência qualificada ao recém-nascido prematuro na Utin, além de acompanhamento multiprofissional após a alta hospitalar. É importante que os pais recebam orientações para dar continuidade ao tratamento do bebê conforme suas necessidades. Um acompanhamento periódico é essencial para avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor e afetivo dos bebês, assim como encaminhá-los para terapias específicas quando necessário.
Dado que a prematuridade é um problema de saúde pública com impacto significativo na vida dos bebês e suas famílias, é fundamental conscientizar a sociedade sobre o tema e promover ações preventivas e assistenciais. A campanha Novembro Roxo, cujo marco é o dia 17 de novembro, busca sensibilizar a população em relação à prematuridade e suas consequências. Através de cuidados adequados e suporte especializado, é possível reduzir as complicações associadas à prematuridade e garantir um futuro saudável para esses pequenos guerreiros.