Saúde & Bem-estar

Estudo Revela: Mulheres Enfrentam Sobrecarga, Estresse e Ansiedade Crescentes – Um Alerta para Saúde Mental Feminina

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Abbat1 via Pixabay

Um estudo realizado pela ONG Think Olga revelou que as mulheres brasileiras estão sofrendo cada vez mais com o esgotamento mental, também conhecido como síndrome de burnout. De acordo com a pesquisa, a prevalência dessa condição é 25% maior entre as mulheres do que entre os homens.

Diversos fatores contribuem para essa realidade preocupante. A sobrecarga de trabalho, tanto dentro quanto fora de casa, é um dos principais desencadeadores desse problema. As mulheres têm que lidar com a pressão financeira, conciliar múltiplas tarefas e ainda cuidar de crianças e idosos. Essa rotina exaustiva acaba impactando negativamente sua saúde emocional.

O relatório da Think Olga revela que 86% das brasileiras consideram ter uma carga de responsabilidade muito alta, enquanto 48% enfrentam dificuldades financeiras. Além disso, 28% se declaram como únicas ou principais provedoras de suas famílias, e 57% das mulheres entre 36 e 55 anos são responsáveis pelo cuidado direto de alguém.

Vera Nunes de Santana, curadora e produtora cultural, vivenciou na pele os efeitos do esgotamento mental. Em um dia comum no supermercado, ela simplesmente “bugou”. Ficou paralisada e precisou da ajuda do gerente para sair da situação. Posteriormente, recebeu o diagnóstico de síndrome do pânico e iniciou um tratamento com medicamentos e terapia.

A pressão financeira também é uma fonte significativa de insatisfação e sofrimento para as mulheres brasileiras. O desemprego, que afeta mais as mulheres do que os homens no Brasil, aliado ao processo de feminização da pobreza, torna essa questão ainda mais urgente. Mulheres negras, que são maioria entre as chefes de família, mães solteiras e desempregadas, enfrentam uma situação ainda mais grave.

A psiquiatra clínica e psicanalista Juliana Belo Diniz ressalta que o bem-estar das mulheres está diretamente ligado a questões sociais, culturais e históricas que não serão resolvidas apenas com políticas públicas de saúde mental. Ela destaca que as reações das mulheres a essas condições não são patológicas, mas sim esperadas dentro desse contexto. É necessário trazer esse debate para a discussão pública.

Outros estudos já haviam apontado que a saúde mental feminina está mais afetada do que a masculina. A taxa de mulheres brasileiras com diagnóstico de ansiedade e depressão é o dobro da registrada entre os homens. Durante a pandemia, essa situação se agravou ainda mais, com as mulheres representando a maioria dos novos casos de transtorno depressivo e transtorno de ansiedade em 2020.

Para aliviar parte dessa pressão, é fundamental que haja uma divisão mais equilibrada das tarefas domésticas e parentais. Atualmente, as mulheres dedicam em média 21,4 horas semanais às tarefas domésticas, enquanto os homens dedicam apenas 11 horas.

A pesquisa da Think Olga revelou ainda outros fatores que contribuem para o sofrimento das mulheres brasileiras, como a pressão estética, a pressão familiar ou da comunidade para fazerem algo que não desejam, o machismo e o medo constante de violência.

Diante desse cenário preocupante, é imprescindível que sejam implementadas políticas públicas que enfrentem as causas dessa sobrecarga e do sofrimento das mulheres. É necessário questionar que tipo de sociedade estamos construindo quando as mulheres estão tão abaladas e desesperançosas.

Nesse sentido, é fundamental que haja uma mudança de paradigma e uma maior valorização do trabalho feminino, tanto dentro quanto fora de casa. As mulheres não devem ser vistas como super-heroínas capazes de fazer tudo ao mesmo tempo, mas sim como indivíduos que merecem respeito, apoio e condições adequadas para cuidarem de sua saúde física e mental.

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