Quadrilhas especializadas em golpes financeiros estão se reinventando e causando confusão nos consumidores. De acordo com a empresa de cibersegurança Kaspersky, só nos últimos 12 meses, houve quase 300 milhões de tentativas de golpes digitais, principalmente nas categorias de phishing e trojans bancários.
Segundo Fábio Assolini, diretor da Equipe Global de Pesquisa e Análise da Kaspersky para a América Latina, o Brasil passou de protagonista para exportador de fraudes digitais e financeiras. Ele afirma que os trojans bancários são uma grande ameaça, já que os brasileiros se especializaram nesse tipo de crime e nem todos os bancos na América Latina e Europa possuem a mesma proteção tecnológica, tornando-se vulneráveis a esses ataques.
Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços Financeiros da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), defende que os sistemas de segurança das instituições financeiras são bem estruturados, mas os criminosos acabam recorrendo aos consumidores como elo mais fraco para aplicar os golpes. Por isso, os bancos estão investindo em campanhas de conscientização para alertar os clientes sobre os tipos de golpes e os cuidados necessários.
Diante do constante aprimoramento dos golpes, é necessário estar atento. Alessandro Barreto, coordenador do Laboratório de Operações Cibernéticas do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Ciberlab/MJSP), destaca a importância de desconfiar, verificar as informações e questionar se algo parece bom demais para ser verdade. Ele também alerta para o cuidado com links enviados por SMS ou aplicativos de mensagem, especialmente os atribuídos aos bancos. Em caso de dúvida, é recomendado entrar em contato com a central telefônica da instituição.
Se você caiu em algum golpe, a orientação é registrar o caso na delegacia. Caso tenha sido feito um pagamento com cartão de crédito, é necessário comunicar ao banco e solicitar o cancelamento da transação. Se o pagamento foi realizado via Pix, é importante entrar em contato com a instituição financeira o mais rápido possível e solicitar o mecanismo especial de devolução (MED). No caso de pagamento por boleto, as opções são limitadas.
O delegado Alessandro Barreto ressalta que o Brasil é um celeiro de crimes patrimoniais na internet devido à habilidade dos criminosos brasileiros em convencer as vítimas a agir de determinada maneira. Ele destaca que não há informações sobre a venda do modelo de operação das quadrilhas brasileiras para fora do país, mas é comum haver compartilhamento de informações entre grupos estrangeiros e nacionais no mundo do crime.
É fundamental que as vítimas não deixem de registrar o caso na delegacia e denunciem o crime, mesmo sentindo vergonha por terem caído em um golpe. Caso haja uma delegacia especializada em crimes cibernéticos ou defraudações na cidade, é recomendado procurar essa unidade. Caso contrário, pode-se ir até a delegacia distrital mais próxima e registrar a ocorrência com todas as informações disponíveis.
Diversos tipos de golpes estão sendo aplicados pelos criminosos, como o golpe do 0800, que usa o número para dar credibilidade à tentativa de fraude; o golpe que aproveita datas ou eventos específicos para roubar dados das vítimas; o golpe da mão fantasma, que consiste na instalação de um programa malicioso no celular da vítima; o golpe da oferta de emprego, que promete ganhos extras com pouco esforço; o golpe da renda extra, que oferece remuneração por curtir fotos em redes sociais ou avaliar produtos; o golpe do Desenrola ou Valores a Receber, que se aproveita até de programas governamentais para fazer vítimas; e o golpe do chip ou WhatsApp clonado, que envolve a clonagem do chip e a ativação do número em outro aparelho.
Diante dessa realidade, é essencial ficar atento, desconfiar de ofertas muito vantajosas e checar todas as informações antes de tomar qualquer ação. Caso seja vítima de um golpe, não hesite em denunciar às autoridades competentes e buscar ajuda para resolver a situação.