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Gerenciamento de Mega Projetos nos EUA: Desvendando os Segredos do Perelman Center em Nova York

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Imagem de Freepik

 

O projeto do Perelman Performing Arts Center (PAC), desenvolvido em colaboração pelos escritórios REX, Davis Brody Bond e Rockwell Group, foi concluído recentemente, representando um marco importante na transformação cultural da região de Lower Manhattan. Localizado no complexo do World Trade Center, o terreno do PAC é administrado pela Port Authority of NY and NJ, órgão responsável pela gestão de pontes, portos, túneis e aeroportos. Desde os atentados de 2001, diversas mudanças ocorreram no local, incluindo a construção dos quatro prédios do complexo do WTC e do Oculus.

O projeto do centro de artes performáticas foi inicialmente incluído no masterplan do WTC, vencedor do concurso em 2002, elaborado pelo renomado arquiteto Daniel Libeskind. No entanto, a proposta para o centro de artes foi abandonada por uma decisão executiva e, somente em 2014, foi aberto um concurso público vencido pelo escritório REX de Joshua Prince-Ramus. A Davis Brody Bond foi selecionada posteriormente como o escritório executivo responsável pela coordenação técnica do projeto.

Com mais de 30 consultores envolvidos, o projeto contou com especialidades diversas, incluindo balística para reforços estruturais e segurança para garantir a circulação de pessoas. Além disso, a equipe era composta por empresas de diferentes regiões dos Estados Unidos e do mundo, o que demandou a contratação de representantes locais para algumas especialidades.

O PAC formou sua própria equipe técnica para atuar como intermediária entre o conselho da companhia e o projeto/construção. Essa abordagem diferenciada, que geralmente é terceirizada nos Estados Unidos, permitiu um maior envolvimento no processo. Ao todo, cerca de 150 profissionais, entre arquitetos, engenheiros e outros consultores, estiveram envolvidos no projeto.

Uma característica importante do contexto de arquitetura e construção nos EUA é que o arquiteto é responsável por contratar e pagar a equipe de colaboradores. Todos os contratos e relações entre arquiteto, cliente, consultores e construtores são regidos por contratos estruturados pelo AIA (Instituto dos Arquitetos Americanos), que estabelecem responsabilidades claras para todas as partes envolvidas.

Durante a construção, o controle da equipe de projeto sobre a execução foi feito principalmente por meio de RFIs (Request for Information) e shop drawings. Os RFIs documentavam as dúvidas da equipe de construção em relação aos desenhos, que eram respondidas pela equipe de projeto dentro de prazos determinados. Já os shop drawings eram submetidos por fornecedores e fabricantes para a aprovação dos projetistas antes da fabricação/instalação.

O projeto do PAC foi construído sobre um acesso de veículos existente no complexo, o que trouxe complexidade adicional à estrutura. A utilização de pedras cortadas em fina espessura para ficarem translúcidas foi uma das tecnologias desenvolvidas pela equipe de projeto. Além disso, foram utilizadas portas guilhotina para separar os três teatros, uma tecnologia fornecida por uma empresa especializada do norte da Inglaterra.

O custo estimado da obra foi de aproximadamente 500 milhões de dólares, financiado por doações privadas, com destaque para Ronald Perelman e Michael Bloomberg. Em comparação com projetos similares no Brasil, o custo do PAC foi cerca de 25 vezes maior que o Teatro Santander em São Paulo e 15 vezes maior que o Instituto Moreira Salles na Avenida Paulista.

Além das realizações técnicas do edifício, o projeto possui um simbolismo relevante ao ser construído em um espaço marcado por um evento traumático para a cidade de Nova York. O PAC celebra a vida e a produção humana, ressignificando a reabilitação daquela área urbana.