Saúde & Bem-estar

Certos anticorpos fazem doses de reforço contra a covid-19 funcionarem melhor

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Certos anticorpos fazem doses de reforço contra a covid-19 funcionarem melhor - 1

Em estudo feito com profissionais de saúde de hospitais israelenses, pesquisadores descobriram correlações de proteção contra a covid-19, ou seja, indicadores do sistema imunológico que ditam a eficiência da vacina contra o coronavírus em cada pessoa. Mais especificamente, a vacina testada foi a Pfizer-BioNTech de mRNA, usada em Israel para combater a variante delta, especialmente nas doses de reforço.

No país, foi aprovada a quarta dose da vacina da Pfizer em grupos imunocomprometidos e profissionais de saúde, com estudos epidemiológicos mostrando uma redução na taxa de infecções. No novo estudo, várias correlações de proteção que mostram essa eficiência foram identificadas, incluindo imunoglobulinas G (IgG) e imunoglobulinas A (IgA), anticorpos que agem em momentos diferentes da infecção e cuja concentração é diferente em cada pessoa.

A 4ª dose da vacina da Pfizer-BioNTech de mRNA foi utilizada em Israel para combater o avanço da variante delta — agora, cientistas estudam o que causa a diferença de eficácia do imunizante em profissionais de saúde (Imagem: Vladimirzotov/Envato Elements)
A 4ª dose da vacina da Pfizer-BioNTech de mRNA foi utilizada em Israel para combater o avanço da variante delta — agora, cientistas estudam o que causa a diferença de eficácia do imunizante em profissionais de saúde (Imagem: Vladimirzotov/Envato Elements)

Esses marcadores podem identificar indivíduos com pouco histórico imune ao SARS-CoV-2 e que têm maior risco de ser infectados pelo vírus, mesmo respondendo a doses de vacina de reforço.


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Como as correlações de proteção foram descobertas

Para saber mais sobre a resposta imunológica, os pesquisadores estudaram 639 profissionais de saúde acima dos 18 anos em hospitais de Israel. Todos haviam recebido duas doses da vacina e uma terceira nos 6 meses seguintes, pelo menos 3 meses antes de entrar no estudo. Destes, 19 tiveram de ficar de fora da pesquisa por conta de infecções anteriores pelo coronavírus e histórico de quimioterapia ou imunossupressão.

Testes de imunogenicidade (capacidade de uma vacina ou outro antígeno de provocar uma resposta imune no corpo) foram feitos em 74 dos voluntários com maior taxa de anticorpos, bem como nos com a menor taxa. Métodos computacionais e estatísticos foram usados para calcular os riscos de infecção e eficácia das vacinas, analisando diversas variáveis e fazendo vários testes PCR.

O grupo com a menor taxa imunogenicidade mostrou taxas maiores de infecção nos participantes que receberam a 3ª e a 4ª dose em comparação com o grupo com taxa maior. Foram, então, analisadas as relações entre os 5 marcadores de base em combinações de pares, que incluíam as concentrações de IgG e IgA.

A concentração dos anticorpos IgG e IgA de indivíduos antes de terem tomado a vacina parece ditar quais serão as chances de ser infectado pelo vírus — mesmo com a mesma quantidade de doses, indicando que um reforço extra seja necessário para algumas pessoas (Imagem: iLexx/Envato Elements)
A concentração dos anticorpos IgG e IgA de indivíduos antes de terem tomado a vacina parece ditar quais serão as chances de ser infectado pelo vírus — mesmo com a mesma quantidade de doses, indicando que um reforço extra seja necessário para algumas pessoas (Imagem: iLexx/Envato Elements)

As diferenças nas taxas de infecção entre os grupos com imunogenicidade alta e baixa levaram os pesquisadores a investigar, também, a possibilidade dos anticorpos IgG e IgA prevenirem a infecção sintomática pelo coronavírus.

No primeiro teste com os reforços da Pfizer e contra a variante B.A1 da ômicron, as concentrações de anticorpos mostraram proteção contra a variante B.A127 após duas doses da vacina, bem como proteção contra a própria B.A1.

Curiosamente, 67% dos participantes mostraram uma queda imunológica no 30º dia, sugerindo a necessidade de uma 4ª dose para ter uma resposta imune melhor. Depois de recebê-la, as taxas de IgG e IgA dos voluntários, bem como outros anticorpos, subiram de eficiência contra vírus e pseudovírus.

Quem recebeu apenas 3 doses da vacina da Pfizer-BioNTech teve uma queda considerável dos anticorpos nos primeiros 30 dias do experimento. Em pesquisas anteriores, a segunda dose do imunizante mostrou ligações a taxas menores de concentração de anticorpos no sangue até 6 meses depois, com os IgG diminuindo mais do que os IgA. Além disso, um grande número de infecções assintomáticas e correlações de proteção para infecções sintomáticas foram observados pelos cientistas.

O que isso significa para a saúde

O que isso tudo quer dizer? Em suma, que a combinação entre os níveis de anticorpos IgA e IgG contra o coronavírus protege indivíduos contra infecções sintomáticas. Uma população pequena de adultos saudáveis com níveis baixos de IgA e IgG no corpo tem risco maior de ser infectado pelo SARS-CoV-2, mesmo tendo recebido 3 ou 4 doses da vacina da Pfizer-BioNTech.

Para quem tem poucos anticorpos IgG e IgA no corpo, é possível que mais doses da vacina além da 4ª sejam necessárias, já que são mais suscetíveis a contrair o vírus — e precisam de proteção adicional (Imagem: Governo de São Paulo)
Para quem tem poucos anticorpos IgG e IgA no corpo, é possível que mais doses da vacina além da 4ª sejam necessárias, já que são mais suscetíveis a contrair o vírus — e precisam de proteção adicional (Imagem: Governo de São Paulo)

Esses indivíduos, mesmo assim, podem criar uma proteção com suas taxas de anticorpos com uma dose de reforço extra, uma diferença importante entre os grupos de pessoas com bases de anticorpos diferentes.

O que os cientistas ainda precisam descobrir é se a população com essa proteção menor também tem riscos maiores de uma infecção severa ou se ficam mais infecciosas durante a doença, aspectos que não foram contemplados pela pesquisa, publicada no periódico científico Nature Communications no último sábado (29).

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Fonte: Canaltech