Pesquisadores conseguiram, através da edição de moléculas, desenvolver um método contra o câncer que força suas células a se autodestruir, usando justamente a habilidade da doença de se replicar indefinidamente. O truque é obra de pesquisadores da Universidade de Stanford em colaboração com uma companhia de terapia genética chamada Shenandoah Therapeutics, que realizaram experimentos em camundongos e publicaram os achados na revista científica Nature na última quarta-feira (26).
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Embora promissora, a nova técnica de combate ao câncer ainda está longe de ser utilizada em humanos. O procedimento se mostrou eficaz em experimentos de laboratório, e, segundo estimativas, poderá ser aplicado em metade de todos os cânceres conhecidos pela ciência.
Como reprogramar células do câncer?
Para modificar as células da doença, os cientistas construíram moléculas (chamadas TCIP1) no formato de halteres que se ligam a duas proteínas. Uma delas é chamada de BCL6, e permite que as células do câncer sobrevivam e cresçam, podendo se dividir sem se preocupar com o mecanismo de autodestruição do corpo que normalmente as mataria. A outra proteína é a BRD4, que age como uma espécie de interruptor para os genes ao seu redor.
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O contato entre as proteínas faz com que as células do câncer tenham os genes reativados, mais especificamente a parte do DNA que deveria limpar as células antigas e defeituosas, evitando problemas como esse. Nos pacientes de câncer, é justamente a BCL6 que desliga o sistema de autodestruição. Os pesquisadores “hackearam” as células com a molécula TCIP1 para usar o mecanismo natural do corpo na destruição do câncer.
Como a iniciativa mira nas células cancerosas que já passaram por mutações, os cientistas acreditam que um tratamento baseado no novo método possa ser muito bem direcionado, não chegando a afetar as células saudáveis — realmente apenas matando o câncer e deixando o paciente incólume.
Até o momento, apenas camundongos receberam a terapia experimental em laboratório, animais nos quais a molécula híbrida funcionou com sucesso. Ainda assim, os pesquisadores afirmam que ainda não há um remédio feito a partir das moléculas, e que o caminho até obtê-lo será bastante longo.
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Fonte: Canaltech