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Campo gravitacional no Oceano Índico é fraco por culpa de mar extinto

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Campo gravitacional no Oceano Índico é fraco por culpa de mar extinto - 1

O mistério por trás do “buraco gravitacional” no chamado geoide baixo do Oceano Índico (IOGL) pode ter sido desvendado. A gravidade ali é mais fraca que aquela em qualquer outro lugar da Terra — e, para cientistas, a diferença pode ter sido causada por um antigo mar extinto.

A Terra tem formato geoide, marcado por relevos elevados e áreas mais fundas. Estas diferenças de massa causam diferenças gravitacionais bastante sutis, mas existentes. Já o IOGL é uma depressão que mede quase 3 milhões de quilômetros quadrados. Ali, a gravidade é tão fraca que uma camada do oceano foi perdida, fazendo com que o nível do mar seja mais de 100 metros menor que a média global.

Esta anomalia gravitacional intriga os cientistas há décadas. Para tentar encontrar as causas dela, cientistas usaram modelos computacionais que simulam os movimentos do manto da Terra e das placas tectônicas na região, em um período de 140 milhões de anos.


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Campo gravitacional no Oceano Índico é fraco por culpa de mar extinto - 2
Mapa das diferenças gravitacionais na Terra; em azul, está a área com gravidade mais fraca (Imagem: Reprodução/ESA)

Depois, eles compararam as diminuições que se formaram em cada teste com a depressão existente. Aqueles que melhor representaram o observado na região tinham uma característica comum: plumas de magma quente e de baixa densidade, que subiu de uma perturbação a 1.000 km sob a África.

As plumas são chamadas de bolhas africanas, e são estruturas densas de material cristalizado dentro do manto sob a África. Elas têm o tamanho de um continente e, ao subir, mudaram a posição do material mais denso. Isso reduziu a massa da região e, consequentemente, a gravidade.

Mas, afinal, o que teria empurrado uma porção tão grande de material sob o Oceano Índico? Para a equipe, a resposta está nos restos do fundo do oceano de Tétis. Ele existiu há mais de 200 milhões de anos e ficava entre os supercontinentes Laurásia e Gondwana.

Os autores sugerem que, depois de a placa tectônica Indiana se romper de Gondwana e colidir com a placa Eurásia, ela passou sobre a placa de Tétis, que foi empurrada para baixo da placa Indiana. Conforme mergulhou no manto perto da África atual, os pedaços do mar de Tétis começaram a afundar no manto inferior.

Depois, há 20 milhões de anos, as placas de Tétis afundando afetaram a posição das bolhas de magma da África, que formaram as plumas. “Estas plumas, junto da estrutura do manto nos arredores do baixo geoide, são responsáveis pela formação desta anomalia geoide negativa”, concluíram os autores.

Entretanto, cientistas que não participaram do estudo observaram que não há evidências sismográficas claras de que as plumas das simulações realmente existem sob o oceano. Para confirmar os resultados, os cientistas precisam de dados de terremotos coletados na região, que podem revelar — ou não — a presença das plumas.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Geophysical Research Letters.

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Fonte: Canaltech