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Por que o IMC não deve ser usado para calcular obesidade?

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O Índice de Massa Corporal (IMC) é uma ferramenta bastante usada para determinar a gordura corporal de um indivíduo. Dependendo do resultado obtido no cálculo, o profissional de saúde poderia classificar o paciente com sobrepeso ou obesidade, por exemplo. No entanto, entidades médicas alertam para a limitação dos seus resultados, sugerindo o uso de alternativas complementares.

Não usar o IMC como forma de estabelecer a gordura corporal de um indivíduo é uma das novas diretrizes da American Medical Association (AMA), nos Estados Unidos. Agora, são necessários métodos complementares. Antes da atual definição, o tópico já era apoiado por inúmeros especialistas, incluindo entidades brasileiras.

Entenda o que é IMC

Vale explicar que o IMC é um cálculo bastante simples feito a partir do peso e da altura de um indivíduo. Após os 18 anos, o fator da idade não é mais considerado. O sexo (mulher ou homem) também é descartado. Então, o excesso de gordura corporal é, em tese, o mesmo para um homem jovem e uma mulher idosa. Também não engloba nenhuma variação por biotipo corporal.


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Usando apenas a altura e o peso, associação defende que o IMC é muito simples para determinar a gordura corporal (Imagem: Varyapigu/Envato)

Por outro lado, uma das possíveis razões que garantiu a sua popularidade ao longo dos anos foi a facilidade para concluir quem tem obesidade ou não. Para isso, basta fazer uma simples equação matemática e, se o resultado for igual a 30 ou superior, a pessoa é imediatamente classificada como obesa. Não há espaço para nuances.

Por que o IMC não funciona para medir a gordura corporal?

Com a decisão, a AMA confirma o fato de que não existe uma ferramenta única para determinar gordura corporal e o impacto na saúde do peso, já que diferentes parâmetros são importantes na avaliação médica. Entre os limites e as questões apresentadas, a associação destaca as seguintes:

  • Imprecisão na hora de determinar a medida corporal de diferentes grupos, já que a técnica foi validada apenas em populações brancas não hispânicas;
  • Não considera as diferenças de peso por faixa etária, como a s variações do corpo jovem e mais velho;
  • Não identifica onde a pessoa acumula gordura corporal, como na parte superior ou inferior, o que é importante para os estudos científicos;
  • Desconsidera outras medidas importantes de risco para a saúde, como pressão arterial e colesterol.

Qual ferramenta usar no lugar do IMC?

“Devido às limitações significativas associadas ao uso generalizado do IMC em ambientes clínicos, a AMA sugere que [a ferramenta] seja usada em conjunto com outras medidas válidas” para determinar a gordura corporal de uma pessoa, afirma a entidade, em nota.

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Outras medidas devem ser usadas para determinar o risco da gordura para uma pessoa, incluindo a pressão arterial (Imagem: Anntua/Envato)

Agora, a ideia é que não seja uma única ferramenta a definir a gordura corporal, mas um conjunto de dados, como:

  • Medição da gordura visceral, ou seja, a quantidade de gordura que envolve os órgãos internos;
  • Medição da massa de gordura relativa (MGR), esta é uma estimativa de gordura corporal baseada na relação entre altura e cintura
  • Circunferência da cintura;
  • Fatores genéticos, como histórico familiar para doenças cardíacas e diabetes;
  • Fatores metabólicos, como possíveis casos de pressão alta (hipertensão).

Com essa mudança nas análises da gordura corporal, a expectativa é que os riscos envolvidos (ou não) com o peso sejam melhores estabelecidos. Além disso, a atualização nos padrões deve possibilitar tratamentos, quando necessários, mais específicos para os problemas do paciente.

IMC ainda vale no Brasil?

Embora a questão tenha sido revista nos EUA, o debate já estava mais avançado por aqui. Desde o ano passado, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO) já propõem formas alternativas de encarar a massa corporal e a obesidade em um indivíduo, mesmo que não tenha descartado o IMC por completo.

A ideia é encarar a obesidade através do peso máximo atingido em vida (MWAL). Nessa forma de classificação, os indivíduos podem ser classificados com obesidade “reduzida” ou “controlada”, dependendo da forma que respondem aos tratamentos. A mudança traz uma nova forma de acompanhamento tanto para o paciente quanto para os médicos. Afinal, nesses casos, perdas de 5% da massa corporal já poderiam trazer resultados benéficos para a saúde, mesmo que o IMC permanecesse inalterado.

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Fonte: Canaltech