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Encontrada arte rupestre mais antiga do mundo, com 57 mil anos

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Encontrada arte rupestre mais antiga do mundo, com 57 mil anos - 1

Novas artes rupestres encontradas na França, com 57 mil anos, se tornaram os entalhes mais antigos já criados por seres humanos, embora não sejam representações figurativas. Caso você esteja pensando no Homo sapiens, no entanto, saiba que está enganado — os autores das gravuras são, na verdade, neandertais (Homo neanderthalensis), nossos parentes extintos que também eram considerados humanos.

A galeria de arte pré-histórica está na caverna de La Roche-Cotard, na região chamada Centre-Val de Loire, no centro-norte francês. Após os humanos pré-históricos habitarem o local, ele acabou sendo selado por sedimentos congelados por alguns milhares de anos, redescoberto no século XIX e escavado apenas no século XX.

Exemplo das marcações feitas com os dedos pelos neandertais, sendo a arte humana mais antiga do mundo (Imagem: Marquet et al/PLOS One)
Exemplo das marcações feitas com os dedos pelos neandertais, sendo a arte humana mais antiga do mundo (Imagem: Marquet et al/PLOS One)

As representações encontradas recentemente são riscos no formato de dedos, desenhados circularmente ou em ondas nas paredes rochosas.


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Como sabemos que a arte não foi feita por humanos modernos?

Para datar as representações artísticas antigas, pesquisadores da Universidade de Tours utilizaram luminescência oticamente estimulada, um método moderno que pode informar a última vez que o local foi exposto à luz solar. Descobrindo que a arte rupestre foi feita há 57.000 anos, já se pôde determinar que a autoria não era de nenhum Homo sapiens — só chegamos nessa parte da Europa milhares de anos depois.

Na caverna, também havia um número considerável de ferramentas de pedra, sugerindo que o local era bastante utilizado pela comunidade pré-histórica da região. O estilo único das ferramentas é chamado de musteriano, tecnologia de lascagem associada aos neandertais, o que ajudou a determinar que nossos primos evolutivos marcaram as paredes cavernosas.

As marcas artísticas deixadas no local são conhecidas como “flutuações de dedo”, ou seja, feitas com as extremidades das mãos em superfícies macias, formando linhas nos sedimentos menos rígidos da caverna. Determinou-se que elas não foram feitas por acaso ao estudar seu arranjo e formato, que mostraram uma atitude organizada, deliberada e intencional. Comparações com outras marcações “experimentais” também demonstram que a arte foi uma expressão ativa de criatividade.

O título de arte rupestre humana mais antiga, no entanto, vem sendo discutido há algum tempo. Em Cueva de Ardales, no sul da Espanha, há uma série de estalagmites pintadas que se acredita datar de até 65.000 anos atrás, mas sem uma confirmação precisa, seguimos com os recordistas franceses no topo. Elas também foram feitas por neandertais, aliás.

Parede da caverna na França contendo a arte rupestre mais antiga do mundo, feita por neandertais, e uma cópia gerada pelos cientistas mostrando a complexidade das gravuras (Imagem: Marquet et al/PLOS One)
Parede da caverna na França contendo a arte rupestre mais antiga do mundo, feita por neandertais, e uma cópia gerada pelos cientistas mostrando a complexidade das gravuras (Imagem: Marquet et al/PLOS One)

Em termos de arte figurativa, os Homo sapiens, humanos modernos, ficam à frente. Definidas como representações da realidade física, essas gravuras são menos comuns, com a mais antiga sendo o desenho de um porco de barriga avantajada de 45.500 anos na ilha indonésia de Sulawesi. O segundo lugar fica com a figura de gado selvagem numa caverna de Bornéu, com 40.000 anos, também feita por nós.

Os neandertais vêm desafiando nossas crenças de que seriam uma espécie pouco inteligente e bruta, mostrando diversos exemplos de arte, a capacidade de fazer discursos e provavelmente até meditar, utilizando o mundo ao seu redor e se comunicando de formas inteligentes e criativas.

Há pouco tempo, acadêmicos não acreditavam que eles poderiam fazer arte de forma proposital, mas essa capacidade é agora consenso na comunidade científica. Não sabemos porque nossos primos evolutivos (com quem cruzamos, no passado) acabaram extintos, mas certamente não foi pela falta de inteligência.

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Fonte: Canaltech