Na terra, na água e no ar — micróbios estão por toda a parte, inclusive dentro de nós. O que é raro, na verdade, é encontrar lugares no planeta onde eles estão ausentes. É por este motivo que cientistas da Boston University, nos Estados Unidos, se dedicam a estudar a vida de microrganismos em ambientes extremos.
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Mesmo em lugares inóspitos, como na lava de um vulcão ou nas águas de fontes termais submarinas, algumas espécies conseguem se desenvolver. O pesquisador Jeffrey Marlow e sua equipe buscam entender como isso é possível, e em recente estudo, sugere pistas sobre a origem da vida na Terra a fim de ajudar a encontrar seres vivos em outros planetas.
“Os detalhes de como e quão rapidamente os micróbios são capazes de tomar conta de um novo ambiente nunca foram observados por um por intervalo prolongado de tempo,” afirma Peter Schroedl, doutorando da Boston University. O Canaltech já contou como uma ilha vulcânica foi um ambiente propício para esse tipo de estudo, mas uma nova erupção destruiu totalmente o ambiente. Marlow, Schroedl e seus companheiros têm estudado um local semelhante — rochas recém-formadas a partir da erupção de um vulcão na Islândia.
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O estudo de novas vidas
Depois de 781 anos dormente, o vulcão Fagradalsfjall voltou a entrar em erupção em 2021 e 2022, dando aos cientistas a oportunidade de explorar materiais rochosos recém-saídos das profundezas do planeta. Com amostras coletadas, levadas até Boston e cuidadosamente preservadas, os pesquisadores puderam examinar em detalhes a colonização de um ambiente novo pelos micróbios.
Para Erin Frates, outra cientista do grupo, “micróbios são pequenos químicos.” Ela explica que as reações que eles ativamente proporcionam no ambiente ajudam a sustentar a vida na Terra, promovendo a circulação de elementos como o oxigênio e nitrogênio, além de decompor a matéria orgânica.
Pesquisas anteriores mostraram que micróbios ocupam as rochas formadas após uma erupção em apenas quatro meses, mas este processo ainda não foi bem esmiuçado pela ciência. A equipe pretende voltar ao vulcão e coletar amostras de um ano depois da erupção para notar a evolução da comunidade microbiana no local neste intervalo de tempo.
Um outro extremo
A equipe de Jeffrey também conduz suas pesquisas em outro ambiente extremo na Terra: o fundo do mar. Poucas semanas depois de se aventurar no vulcão ativo, o cientista mergulhou até 5.000 metros abaixo da superfície para coletar amostras no encontro de placas tectônicas no Caribe. O local é marcado pela presença de fontes hidrotermais, que surgem pelo calor do magma logo abaixo do leito oceânico.
A ciência já sugere há muito tempo que estes locais são candidatos ao cenário de surgimento das primeiras formas de vida na Terra. A mistura de calor, substâncias químicas e o vapor de 400 ºC — em contraste com as águas de apenas 4 ºC nas redondezas — cria um ambiente que poucos seres vivos são capazes de suportar. Marlow tem dado uma atenção especial aos organismos que usam o metano para produzir energia, de forma similar às plantas que produzem a sua a partir da fotossíntese. Essa capacidade confere a estas bactérias o nome de quimiossintetizantes.
Além dos estudos sobre a origem da vida na Terra e na possibilidade de encontrar vida fora do planeta, Marlow acredita que investigar esses seres pode ser importante até para combater as mudanças climáticas. “O metano é um gás de efeito estufa muito potente e esses microrganismos aquáticos o consomem antes dele chegar à superfície,” explica. Entendendo o processo, ele pensa ser possível descobrir formas de sequestrar o gás da atmosfera.
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Fonte: Canaltech