Mesmo com os últimos avanços da ciência, casos de câncer continuam a crescer em todo o mundo. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que o número de diagnósticos da doença deve aumentar em 12% este ano quando comparado com 2022. Em paralelo, o risco de morte também sobe. Em partes, isso pode ser explicado pela extrema capacidade das células tumorais em evoluírem e se adaptarem, como as do câncer de pulmão.
- Como um câncer de pulmão consegue chegar no cérebro?
- Exame de sangue consegue detectar mais de 50 tipos de câncer
Desenvolvido por uma enorme equipe de cientistas — foram mais de 65 especialistas envolvidos —, o estudo britânico TracerX quis entender, ao longo de nove anos de acompanhamento, como os cânceres de pulmão evoluíam. Mais de 400 voluntários contribuíram com o maior levantamento já feito sobre a capacidade de evolução e adaptação desses tumores.
Câncer de pulmão é o mais mortal
Em artigo publicado na revista científica Nature, os pesquisadores afirmam que “o câncer de pulmão primário é a principal causa de mortalidade relacionada ao câncer em todo o mundo”. No entanto, os óbitos tendem a acontecer quando o tumor primário (localizado) se espalhou para outras partes do corpo, antes de ser devidamente diagnosticado e tratado.
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Sem nenhuma forma de controle, o câncer entra em metástase, ou seja, ele se dissemina para outros sistemas do corpo, podendo chegar até ao cérebro de um paciente. “A maioria das mortes ocorre em pacientes com doença metastática”, reforçam.
O que os cientistas aprenderam sobre a evolução do câncer?
Diferente do que poderia supor, uma célula tumoral não é fixa e mutável, já que pode ir se transformando ao longo da doença. Por exemplo, se ela se torna mais agressiva, a chance de se proliferar mais aumenta significativamente. Afinal, consegue “escapar” com maior habilidade do sistema imunológico. Neste momento, é bem difícil entender ou prever como irá se comportar.
“Fiquei surpreso com o quão adaptáveis os tumores podem ser”, conta Charles Swanton, do Instituto Francis Crick e da University College London (UCL), para a BBC. “Não quero soar muito deprimente, mas acho que — dadas as possibilidades quase infinitas que um tumor tem para evoluir e o grande número de células existentes em um tumor de estágio avançado, podendo chegar a centenas de bilhões — alcançar a cura em todos os pacientes com metástase é uma tarefa formidável”, explica.
Embora o pesquisador não acredite tanto em curas universais para a doença, ele entende que o estudo trouxe um ponto muito relevante: a importância do diagnóstico precoce, algo fundamental quando se pensa na possibilidade de cura. Para Swanton, o foco deve ser prevenção, diagnóstico precoce e detecção precoce em casos de reincidência.
Por exemplo, entre os dados obtidos pelo estudo, está o fato de que a biópsia líquida — basicamente, o uso de um exame de sangue para detectar fragmentos de um tumor — acelerava o diagnóstico de reincidência da doença em até 200 dias, quando comparada com a tomografia computadorizada. Este pode favorecer, e muito, o tratamento.
Fatores que devem ser evitados
Além da importância do diagnóstico precoce, o grupo de cientistas reforça alguns fatores de riscos já conhecidos para o surgimento de cânceres e que, quando possível, devem ser evitados, como:
- Obesidade;
- Tabagismo;
- Ingestão de álcool;
- Dietas pobres com baixo valor nutritivo;
- Combate à inflamação crônica do corpo;
- Exposição à poluição frequente do ar.
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Fonte: Canaltech