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Quem são e quanto ganham motoristas e entregadores de apps no Brasil?

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Quem são e quanto ganham motoristas e entregadores de apps no Brasil? - 1

Nesta quarta-feira (12), foi publicada uma pesquisa inédita sobre o perfil dos motoristas e entregadores de aplicativos no Brasil. O estudo foi realizado pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) e o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), em que os pesquisadores tiveram acesso, pela primeira vez, a registros administrativos das empresas como Uber, iFood, 99 e Zé Delivery.

Os dados revelam que, atualmente, cerca de 1,6 milhão de pessoas estão trabalhando com aplicativos no Brasil, sendo 1.274.281 motoristas e 385.742 entregadores. A pesquisa de nível nacional conta com uma amostra de 3.025 profissionais, sendo 1.507 entregadores e 1.518 motoristas. Os profissionais tiveram a oportunidade de avaliar seu trabalho usando as plataformas, relatar aspectos de seu cotidiano e sobre o seu histórico profissional.

Para André Porto, diretor-executivo da Amobitec, a pesquisa é fundamental para contribuir com o debate sobre a regulamentação da profissional com base em informações precisas e abrangentes. O coordenador de pesquisas do CEBRAP, Victor Callil, reforça que o estudo é de interesse público, pois “ajuda a pensar quais são as ações privadas e políticas públicas que podem ser desenvolvidas para produzir um mercado de trabalho justo e coerente com os anseios da sociedade”.


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Destaques da pesquisa sobre motoristas e entregadores de apps no Brasil

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80% dos entregadores afirmam que não estão buscando outra ocupação e querem continuar trabalhando com as plataformas. (Imagem: Pexels/Francisco Ferreira)

A pesquisa traz dados sobre a remuneração média mensal, carga horária de trabalho, histórico profissional, as principais vantagens e desvantagens da atuação. Confira os principais resultados, a seguir;

Remuneração média mensal: considerando uma jornada de 40 horas semanais, a renda líquida média dos motoristas varia entre R$ 2.925 e R$ 4.756 e, para os entregadores, entre R$ 1.980 e R$ 3.039. Segundo a pesquisa, a variação se dá conforme o tempo de ociosidade — período em que os motoristas estão online no app sem realizar corridas ou entregas.

Jornada de trabalho: os motoristas trabalham em média entre 22 e 31 horas semanais, ou 4,2 dias, enquanto os entregadores oscilam entre 13 e 17 horas semanais, equivalente a 3,3 dias. Vale ressaltar que muitos profissionais possuem a plataforma como um trabalho extra para complementar a renda.

Histórico profissional:

  • Motoristas: 57% dos motoristas possuíam uma atividade econômica prévia ao iniciarem o trabalho por meio das plataformas, sendo a maioria com carteira assinada. Desses 26% abandonaram essa atividade para se dedicar exclusivamente aos aplicativos.
  • Entregadores: 67% dos entregadores tinham alguma atividade econômica antes de começar a trabalhar com aplicativos (52% com carteira assinada). Atualmente, quase a metade dos entregadores afirmou estar exercendo outra ocupação (48%), enquanto 52% declararam se dedicar exclusivamente aos apps.

Vantagens: a principal vantagem citada por ambas as categorias é a flexibilidade de horário. Essa característica foi apontada como uma das principais vantagens por 72% dos motoristas e 60% dos entregadores. Outros pontos citados foram: a possibilidade de não ter chefe (39%), os ganhos (28%), por parte dos motoristas; e ganhos (43%) e a liberdade de trabalhar com a motocicleta (38%), por parte dos entregadores.

Preocupações:

  • Motoristas: problemas para encontrar os endereços de destino ou origem das corridas (57%); dificuldade de contato com clientes (30%); envolvimento em ocorrências de trânsito durante o trabalho com os apps (15%), sofrimento com atos de discriminação (14%) e ser assaltado (9%).
  • Entregadores: problemas para encontrar o endereço de entrega (66%); dificuldade de contato com clientes ou a devolução/extravio de mercadorias (51%); envolvimento em ocorrências de trânsito durante o trabalho com os apps (25%), sofrimento com atos de discriminação (18%) e ser assaltado (8%).

Diferente daquela visão de uma profissão de passagem — entre um emprego e outro —, os dados da pesquisa revelam que a maioria dos profissionais deseja continuar trabalhando com os aplicativos. Cerca de 60% dos motoristas e 80% dos entregadores afirmam que não estão buscando outra ocupação e querem continuar trabalhando com as plataformas.

Perfil motoristas e entregadores de apps no Brasil

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Gráficos da pesquisa “Mobilidade urbana e logística de entregas: Um panorama sobre o trabalho de motoristas e entregadores com aplicativos”. (Imagem: Reprodução/Amobitec e Cebrap)

Segundo o estudo, o perfil identificado é bastante homogêneo, sendo a maioria de pessoas do sexo masculino, com média de 33 anos para os entregadores e 39 para os motoristas. Sobre o grau de escolaridade, a pesquisa revela que ambos os grupos são bem próximos, tendo a maioria dos motoristas com o Ensino Médio completo (60% entre os motoristas e 59% entre os entregadores) e a maioria se declara pretos ou pardos (68% entre os entregadores e 62% entre os motoristas).

Por fim, sobre a classe social, 83% dos entregadores e 76% dos motoristas se encontram na classe C ou inferior. Cerca de 60% dos entregadores declaram possuir uma renda familiar mensal acima de 3 salários mínimos, enquanto 70% dos motoristas possuem essa renda. A principal diferença entre as porcentagens está na relação da classe B ou superior, visto que 25% dos motoristas se enquadram nessa categoria e ante apenas 15% dos entregadores.

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Fonte: Canaltech