Será que as bactérias se comportam todas da mesma forma ou se organizam em uma colônia a partir de diferentes funções, como as abelhas? Para sermos honestos, nenhuma das duas ideias são corretas. No entanto, aquelas bactérias que não estão devidamente nutridas podem ficar “pistolas” e “mortas de fome” e, como reação, liberam toxinas nocivas nas células que estão ocupando. São as “mimadas” e inconsequentes da microbiologia.
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É o que descobriu uma equipe de pesquisadores norte-americanos, incluindo membros da University of North Carolina (UNC), em estudo publicado na revista científica Nature Microbiology. Até então, era uma espécie de consenso o fato de que as bactérias geneticamente idênticas agiam da mesma forma, compartilhando do mesmo comportamento.
“As bactérias se comportam de maneira muito mais diferente do que tradicionalmente pensávamos”, afirma Adam Rosenthal, professor assistente da UNC e um dos autores do estudo, em comunicado. Enquanto algumas se comportam mal, as outras — que estão bem nutridas — são menos nocivas ao organismo, já que não liberam essas toxinas.
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Pelo menos, este é o mecanismo de ação das Clostridium perfringens, um tipo de bactéria em forma de bastonete que pode ser encontrado no trato intestinal de humanos, em insetos ou ainda no solo.
Por que as bactérias “mimadas” liberam toxinas?
Para verificar a hipótese da existência de bactérias “mimadas” e bravas, os pesquisadores analisaram o comportamento de uma colônia de bactérias geneticamente iguais em células, dentro do laboratório. Ali, foi possível observar que as mal-nutridas podiam ser identificadas pela liberação de toxinas.
“Se dermos mais desses nutrientes, podemos, talvez, fazer com que as células produtoras de toxinas se comportem um pouco melhor”, pontua Rosenthal. No experimento in vitro, a estratégia funcionou. Para isso, bastou liberar mais nutrientes no ambiente.
A partir dessa descoberta, o grupo de cientistas quer entender se existem fatores específicos encontrados no ambiente que podem estar “ativando” a produção de toxinas em todas as infecções bacterianas ou se essa nova descoberta é válida apenas para a C. perfringens.
Caminho para descoberta de novos tratamentos contra bactérias
Caso o mecanismo seja universal, a descoberta do novo comportamento poderá abrir novas oportunidades de tratamentos localizados e personalizados contra as infecções. No futuro, suplementações específicas de nutrientes poderão ser uma terapia complementar ao uso de antibióticos, por exemplo. Mas, até lá, outros inúmeros estudos são necessários.
Cabe destacar que a Organização Mundial de Saúde (OMS) pede por mais inovação e incentivos ao desenvolvimento de remédios antimicrobianos. Afinal, as superbactérias estão em ascensão, sendo uma causa considerável de mortes em todo o globo.
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Fonte: Canaltech