O poderoso ciclone Freddy, formado ao norte da Austrália e que viajou até a África, causando danos a Madagascar e Moçambique pode ter sido a tempestade de maior duração e com maior energia da história.
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Desde seu surgimento, no dia 6 de fevereiro, Freddy viajou mais de 8.000 quilômetros através do Oceano Índico, causando danos no caminho — mas não atingindo diretamente — às Ilhas da Reunião, território francês, e Maurício. No dia 21 do mesmo mês, o ciclone chegou à terra firme pela primeira vez, em uma passagem destruidora pela ilha de Madagascar. De lá, o fenômeno natural atingiu ainda os países de Moçambique, Malawi e Zimbábue.
O ciclone deixou ao longo de sua duração pelo menos 148 vítimas e mais 19 desaparecidos, mas o Escritório de Assuntos Humanitários da ONU afirma que esta contagem deve subir nos próximos dias. Além da chuva e dos deslizamentos de terra desencadeados por ela, Freddy agravou a situação da epidemia de cólera no Malawi ao deixar dezenas de milhares de desabrigados.
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Agora de volta ao oceano, a tempestade parece estar finalmente se dissipando. Embora análises mais detalhadas precisem ser feitas para confirmar a informação, a duração de 35 dias pode ser a maior já registrada para um ciclone tropical. O recorde anterior pertencia ao tufão John, com duração de 31 dias ao longo do ano de 1994. A denominação diferente refere-se ao local onde ele se formou — os tufões são ciclones formados no Pacífico e próximos ao sudeste asiático.
Por que o ciclone Freddy durou tanto?
O ciclone Freddy foi capaz de atingir sua duração recorde pois passou por vários momentos em que sua intensidade foi reforçada: frentes de ar na sua trajetória fortaleceram a tempestade em momentos em que o ciclone estava mais fraco. A Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) aponta que o fenômeno passou por pelo menos quatro eventos de reforço, o que também seria um recorde para um ciclone.
Isso permitiu que Freddy também liberasse uma imensa quantidade de energia: medições do índice de Energia Acumulada de Ciclone (Accumulated Cyclone Energy – ACE) — que leva em conta a velocidade dos ventos das tempestades — chegaram ao valor de 66 na data em que Freddy atingiu Madagascar, o que já seria o maior valor registrado no hemisfério sul. Em 12 de março, porém, o ACE da tempestade chegou a 86, superando os 85,2 do Furacão Ioke, de 2006.
Especialistas dizem que La Niña — resfriamento cíclico das águas do Pacífico, com efeitos climáticos em todo o globo — pode ter contribuído para a força de Freddy. Além disso, as atividades humanas que intensificam as mudanças climáticas também são apontadas como um possível fator de intensificação do ciclone.
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Fonte: Canaltech