O debate da compensação de carbono entre os especialistas da área climática ganha mais um capítulo com a iniciativa do governo da Albânia em reduzir o impacto de suas indústrias mais poluentes.
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Na tentativa de mitigar a quantidade de gás carbônico emitido pelo seu setor industrial, o país do sudeste europeu demonstra uma tentativa de reverter uma década de descaso ambiental. O problema da estratégia, porém, é: será que ela é realmente efetiva?
Da forma com que as autoridades albanesas estão propondo, suas companhias podem continuar com seus níveis de emissões — ou até aumentá-los — desde que compensem isso por meio de créditos de carbono. Não há nenhuma obrigação legal para que os poluidores reduzam as emissões na fonte, de fato.
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Em um artigo publicado no portal The Conversation, Wesley Morgan, pesquisador das questões climáticas na Universidade de Griffith, na Austrália, argumenta que uma tonelada de dióxido de carbono emitida pela queima de combustíveis fósseis não é equivalente a uma tonelada de carbono armazenado em árvores.
Um falso equilíbrio
O carbono está presente em todas as formas de vida, em todas as moléculas orgânicas. Ele faz parte da vida animal e vegetal, além de estar presente em minerais e, claro, nos combustíveis fósseis que queimamos para a geração de energia. Da mesma forma que a água tem seu ciclo — no qual ela é armazenada nos rios e mares, evapora e se condensa, formando as nuvens e retorna à superfície na forma de chuva — o carbono também circula pela natureza.
O problema é que o carbono dos combustíveis fósseis não é o “mesmo” do carbono das árvores. No ciclo do carbono na superfície, ele é retirado da atmosfera e do solo pelas plantas, transferido aos seres vivos pela alimentação e retorna aos seus meios de origem pela respiração e pela decomposição da matéria orgânica — esse ciclo é chamado de ciclo ativo.
Já o carbono presente nos combustíveis fósseis estão excluídos do ciclo ativo, isolados no subsolo há milhões de anos. Trazê-lo à superfície e liberá-lo pela queima dos combustíveis significa inserir mais carbono no ciclo ativo.
Mesmo que se plante mais árvores para retirá-lo da atmosfera, mais desse elemento estará circulando pela natureza. Isso se torna um problema para a compensação de carbono visto que florestas podem ser facilmente derrubadas ou queimadas, por causas naturais ou humanas.
O que devemos fazer, então?
A compensação de carbono não é algo que deve ser eliminado, mas ela também não pode ser tratada como a única solução. O ideal é que compensações sejam usadas como um atenuante para um setor durante o tempo em que ele leva para cortar suas emissões propriamente ditas.
Morgan aponta que a saída é reduzir a retirada de combustíveis fósseis das Terra e sua queima o mais rápido possível. Ao mesmo tempo, a Petrobras planeja expandir suas atividades na região Norte do Brasil e, nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden enfrenta controvérsias para aprovar um projeto bilionário de extração de petróleo no Alasca.
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Fonte: Canaltech