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Fungo descoberto no Brasil se espalha cada vez mais e procupa saúde pública

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Fungo descoberto no Brasil se espalha cada vez mais e procupa saúde pública - 1

Um fungo anteriormente pouco conhecido, que vive no solo e em algumas plantas e ajuda a decompor material orgânico na natureza, está começando a se espalhar e virar motivo de preocupação no Brasil — é o Sporothrix brasiliensis, que ficou nos bastidores, desconhecido por todos, até os anos 1990. Começando a infectar pessoas nas ruas do Rio de Janeiro, o patógeno tem uma longa e viajada história.

A ciência conheceu o gênero de fungos Sporothrix em 1898, notando sua função no meio-ambiente e descobrindo que, em casos raros, causam uma doença chamada esporotricose nos seres humanos. Aparecendo primeiro no Rio de Janeiro, a infecção pelo S. brasiliensis começou a crescer e tomar números preocupantes, com 178 casos surgindo entre 1998 e 2001 apenas no estado, como descrito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O Sporothrix brasiliensis costumava habitar apenas o solo e as plantas, mas foi forçado a abandonar o ambiente com invasão humana e desmatamento (Imagem: felipecaparros/envato)
O Sporothrix brasiliensis costumava habitar apenas o solo e as plantas, mas foi forçado a abandonar o ambiente com invasão humana e desmatamento (Imagem: felipecaparros/envato)

Como evoluiu o fungo brasileiro?

Espalhando-se para outros estados brasileiros, o micróbio começou a atravessar fronteiras e chegar à Argentina, Paraguai, Bolívia, Colômbia e Panamá, com casos despontando até mesmo no Reino Unido e nos Estados Unidos. Desde então, mais de 12 mil casos surgiram no mundo, e a doença passou a ser identificada também em gatos e cachorros.


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Descobriu-se, então, que o fungo acabou se adaptando aos gatos antes de pular para os humanos. Dos 178 infectados de primeira viagem, 156 tinham algum contato com felinos em casa ou no trabalho, sendo que 97 deles levaram alguma mordida. Nos animais, a doença é disseminada, com o patógeno provocando feridas no rosto e nas patas, podendo infectar cães e humanos.

A disseminação acaba sendo facilitada pelo comportamento dos felinos, que costumam entrar em disputas físicas pelo território, tanto na busca por alimentos quanto pelo acasalamento. Mordendo e arranhando outros gatos e animais diversos, isso intensifica infecções, mas a culpa não é dos bichinhos.

Os gatos e os ratos estão entre os principais vetores do patógeno, mas frisamos mais uma vez: a culpa não é deles, e sim da nossa falta de políticas públicas e cuidados com o meio-ambiente! (Imagem: vozdvizhenskayadina/Envato)
Os gatos e os ratos estão entre os principais vetores do patógeno, mas frisamos mais uma vez: a culpa não é deles, e sim da nossa falta de políticas públicas e cuidados com o meio-ambiente! (Imagem: vozdvizhenskayadina/Envato)

A culpa NÃO é dos gatos!

Para que fique muitíssimo claro, não podemos culpar os gatos pela esporotricose — eles são tão vítimas quanto nós, especialmente porque a responsabilidade humana é muito maior. A falta de políticas públicas no controle do espalhamento do fungo é o que permitiu que ele alcançasse tantas pessoas.

O fungo acabou por sair do solo e das plantas, onde costumava habitar anteriormente, também pela nossa ocupação do solo, desmatamento e proliferação de moradias. Com o ecossistema desorganizado, o ambiente força suas criaturas a se adaptarem, além de expor outros animais e humanos a esses patógenos evoluídos. Como os gatos são comuns nas residências e aceitos pelo controle de pragas e caráter de animal doméstico que trazem, foi o vetor perfeito para o fungo chegar até nós.

Meio-ambiente: problemas e soluções

Já em outros países, é provável que o patógeno tenham viajado de carona com humanos e roedores, já que os ratos também contraem o Sporothrix brasiliensis e se esgueiram durante o transporte marítimo ou viário de alimentos e bens de consumo. Acabando caçados por gatos locais, os pequenos animais acabam trazendo novamente a doença ao ambiente humano. Eles também carregam o fungo nas garras, saliva e sangue, podendo infectar outros animais com mordidas e arranhões.

Desmatamento e ocupação desenfreada de terras força organismos como o S. brasiliensis a se adaptar, conseguindo sobreviver no corpo humano (Imagem: Free-Photos/Pixabay)
Desmatamento e ocupação desenfreada de terras força organismos como o S. brasiliensis a se adaptar, conseguindo sobreviver no corpo humano (Imagem: Free-Photos/Pixabay)

O S. brasiliensis é mais infeccioso do que outros fungos do gênero, também causando quadros mais severos nos humanos, ainda mais por escapar dos antifúngicos mais comuns com maior facilidade. Para tratar a condição, são necessários cerca de 187 dias, então um diagnóstico rápido e preciso é necessário para um controle eficiente. Curiosamente, há 15 anos esse patógeno não era um problema.

Especialistas apontam que o caso do fungo é uma evidência muito clara dos efeitos de desequilíbrios ambientais causados pelo ser humano, eventos imprevisíveis que acabam ameaçando a saúde. É preciso um trabalho cuidadoso e multidisciplinar para lidar com crises como essas, que poderiam ser evitadas com maiores cuidados para com o meio-ambiente.

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Fonte: Canaltech