Criado pela psicossomatista e psico-oncologista certificada internacionalmente Vanessa Jaccoud como uma forma de suprir as nescesidades e facilitar o acesso de toda a população a saúde mental – que é um direito de todo ser humano – o Projeto TranquilaMente trouxe como principal diferencial para a população o preço acessível e ao mesmo uma equipe especializada sob sua supervisão, de forma a manter sempre a qualidade e seguir a linha de uma psicologia humanizada e integrativa.
A ideia teve origem durante a pandemia com a proposta de trazer esta intervenção e cobertura a tantas pessoas que foram acometidas por situações diversas na saúde mental, desde a ansiedade até outros casos mais graves que se completavam também com problemas que já vinha de antes do período pandêmico.
A saúde mental é direito de todos, não uma luxuria, é uma questão pública e precisa ser acessível a todos, independentemente de posição social, econômica ou cultural, cor de pele, credo ou gênero, valorizando, acima de tudo, a equidade, a diversidade, a ética e o respeito ao próximo. O Projeto TranquilaMENTE abriu parceria com escolas e universidades, empresas, pois, é importante que o indivíduo entenda que não está sozinho a cada fase de sua vida, seja pessoal, acadêmica ou profissional. Confira a entrevista!
Criado em 2021, o Projeto TranquilaMENTE trouxe uma finalidade bastante nobre que foi fazer com que todos possam ter acesso à saúde mental, contando com valores acessíveis. Como surgiu a ideia desse projeto e como a psicologia pode transformar a vida das pessoas?
A ideia do Projeto TranquilaMente surgiu, justamente, devido à crescente demanda durante a época da pandemia, em que ficou notório o aumento nos acometimentos à saúde mental das pessoas, e a inexistência de um suporte que fosse acessível para todos os que buscavam essa ajuda. Nosso projeto conta com fortes critérios na inclusão e atuação dos profissionais e estamos sempre com um olhar atento à qualidade que é oferecida, pois o acesso das pessoas à saúde mental já esteve por muito tempo comprometido. As pessoas estavam precisando mesmo de qualidade e possibilidade no tratamento acessível para estas.
Então, cuidar da saúde mental como um todo, como faço na minha área da psicossomática, com inclusive encaminhamentos para outros clínicos e projetos à partir dessa visão holística do ser, faz justamente esse trabalho na identificação do(s) problema(s) em questão para que possam ser tratados, e a partir dessa melhora de qualidade global, emocional, psíquica, afetiva, comportamental, etc., a pessoa vai então se transformando e moldando uma estrutura interna e externa melhor, com mais solidez no mundo dela. Vai conseguindo também se comprometer melhor consigo mesma, integrando maior estabilidade nos enfrentamentos de seus momentos difíceis e de quem está no seu entorno.
Quando uma pessoa adoece, pode levar junto, diretamente ou indiretamente, sua família, amigos, relacionamentos, etc. Gosto de pensar que, cuidando de um, podemos cuidar de um todo muito maior, podemos fazer com que tenham um benefício indireto desse cuidado em saúde mental também, pois sendo uma pessoa que vive em uma “estrutura” elencada, onde se gerar habilidades e ganhos nesse manejo de vida, podemos sempre beneficiar os outros também – “Um pino de pé, auxilia outros a não caírem”.
A respeito do acesso ao atendimento psicológico, muitas famílias acabaram sofrendo diversos traumas nesses últimos anos, principalmente com o momento inesperado que foi a pandemia. Como a psicologia auxiliou as pessoas durante esse período e a importância desse novo projeto?
Na verdade, os traumas que as pessoas trazem consigo fazem parte de uma vivência e experiência de vida prévia, e a pandemia só se sobrepôs com algo grande e bem crítico a toda uma bagagem que já temos e por isso ficou muito pesado carregar as nossas mochilas existenciais. A saúde mental entra com esse auxílio, justamente nessa época em que o projeto foi criado, porque percebi o quão insuportável foi para tantos, fossem profissionais, pessoas de áreas diversas ou desempregados, inclusive o índice de suicídio que não parava de crescer.
Muitas pessoas vivenciaram a perda de seus familiares pela falta do tratamento inicial da Covid. Muitos lutos, muitas dores, muitas despedidas não vividas. Não tínhamos sequer o início de um protocolo medicamentoso para segurar esse impacto, somente dúvidas. Foram muitas situações vindo de todos os lados com uma carga traumática muito pesada no mundo. Falar sobre e entender com um profissional a raiz do trauma, certamente vai trazer um retorno mais capacitado do que simplesmente não falar. O projeto sempre atuante foi e é desta maneira de grande ajuda para tantas pessoas.
Dois dos princípios que o seu projeto tem é trazer uma psicologia de uma forma humanizada e integrativa. Além do valor e mencionando esses dois conceitos, quais são os diferenciais que você vem buscando trazer com o seu projeto e como as famílias podem recorrer a vocês?
As metas do projeto são justamente estas mesmas. Trazer acessibilidade à saúde mental de forma humanizada e integrativa a todos que precisam, mas sempre valorizando a subjetividade e não a doença em si à frente das pessoas. Nós não tratamos doenças e sim as pessoas que sofreram acometimentos e eventos traumáticos, geradores de extremos desconfortos, para assim podermos ajudar, auxiliar e trabalhar com um manejo único e, claro, bem particular, com toda uma direção clínica, supervisionada, com uma organização entre a equipe e garantindo resultados não só satisfatórios, mas de qualidade para a pessoa e indiretamente beneficiar suas famílias.
Infelizmente, no país em que vivemos, 1/3 da população ainda vive com menos de um salário mínimo, onde em 2021, cerca de 29,6% sustentavam suas famílias com apenas R$ 497 mensais, isso tendo que se dividir em alimentação, educação, transportes, entre outras questões que com a economia atual, deixa qualquer um em estado de desespero. Como a psicologia poderá se solidarizar com essa situação e como é sua visão a respeito dos valores de consultas tradicionais de hoje?
Pensando lamentavelmente nessa realidade do país e nesse terço da população, é que podemos nos reunir e entender que o projeto traz um suporte de qualidade, com muita possibilidade de integração de pessoas que vivem vidas trabalhadoras e demandam essa atenção psico, social, emocional, psicossomática, muitas vezes dentro de outros esquemas que não são acometimentos somente psicológicos, mas físicos também. Por isso nos reunimos e pensamos em uma maneira com maior possibilidade de acesso para essas pessoas. Os valores realmente são acessíveis e não por isso deixamos a desejar em nenhum aspecto do nosso trabalho.
Sobre a questão dos atendimentos, o projeto vai oferecer tanto sessões individuais como em grupo, porém, sempre respeitando a individualidade das pessoas. Nesses casos, como funcionam as dinâmicas de consulta, principalmente em questão de sigilo do paciente, tanto de adultos como de crianças e jovens que ainda não tenham 18 anos?
As consultas são sempre reguladas e seguidas pelo Conselho e sociedade a que nos reportamos, sendo Conselho Regional e Conselho Federal, que tem suas normas e leis estabelecidas justamente para garantir sigilo e confidencialidade. Enquanto em grupos, também trabalhamos seguindo essa dinâmica, sempre com ética e muito valor, autonomia no tratamento oferecida para cada pessoa, respeito à subjetividade, ampliando o olhar para cada um que está ali sendo integrado.
Para pessoas menores de idade, temos a obrigatoriedade de obter a autorização parental ou de outros responsáveis e guardiões legais para que estas possam ser integradas ao tratamento. Toda nossa atuação está sempre com respaldo jurídico nos critérios e regras das sociedades à qual nos reportamos, sem exceções.
Por incrível que pareça, ainda hoje, existem pessoas que ainda desenvolvem um certo preconceito ao buscar ajuda psicológica apenas quando se tem algum problema mental, desvalorizando o acompanhamento em qualquer situação. Como enxerga essa situação e o que se deve a essa ideia?
Acredito que, depois do que passamos durante a época de pandemia mundial, inclusive agora, os jovens principalmente estão buscando cada vez mais pelo apoio psicológico e em saúde mental, devido à crescente ansiedade e depressão. Se falarmos cada vez mais disso, se entendermos a saúde mental como parte do ser que somos, conseguiremos quebrar esses estigmas que vem acompanhando a nossa sociedade desde as gerações anteriores, e acredito que esse problema que desvaloriza o acompanhamento terapêutico em qualquer situação, já não será mais em breve uma situação problema como antes. Já temos uma ampliação na visão da integração da saúde mental como mais uma parte do ser humano, não temos tão mais a falta de iniciativa na busca por um tratamento e acesso a esse cuidado. Cada vez mais as pessoas enxergam essa realidade, que os transtornos mentais existem sim, e que se não buscarem ajuda, isso só tende a crescer e trazer desconforto e descontrole a tudo e todos que cercam a pessoa. Fico muito contente porque atualmente vejo que os estigmas e estereótipos da pessoa que procura a saúde mental estão caindo por terra.
Hoje, temos uma nova noção de que saúde mental faz parte da saúde do ser humano único, indivisível e completo. Não somos somente um corpo, somos mente também e é exatamente nesta interação que acontecemos.
O direito a um atendimento psicológico, assim como acesso à saúde em geral, é algo que deve ser disponibilizado a todos os cidadãos, se possível até de uma forma gratuita, porém, o nosso governo já de anos acaba negligenciando várias questões relacionadas a isso. Na sua opinião, que ações deveriam ser tomadas para mudar essa situação?
Politicamente deviam trabalhar mais nesse sentido. Na inclusão da saúde mental como prioridade, no acesso da população a tudo, mas não é assim que funciona na prática, e justamente por isso, não gostaria de me alongar para não entrar na política e na falta de iniciativa e decisão desse setor. Eu acredito que iniciativas privadas possam ser realizadas para acompanhar essa lacuna e preencher onde quer que se demande essa necessidade.
Tenho o meu consultório, faço a parte privada e entendo que posso ter um projeto que possa disponibilizar esse acesso maior a população. Uma vez que pensamos em um atendimento pelo governo, que deixa muito a desejar nesse sentido, e é muito descredibilizado pela própria população, penso que a espera por muito tempo em longas filas, principalmente quando o caso é mais agravado, acaba caindo na desistência e encerrando essa espera de forma brutal. Isso é lamentável!
Existe a iminente necessidade dos governantes em adotarem um olhar mais ampliado para a saúde mental, entendendo a saúde total e integrativa do ser humano. Neste período de pandemia então deveríamos ter planos neste sentido de suporte emergencial, mas não houve esse olhar. Isso é absolutamente triste! Lamentavelmente o SUS não adotou tantos programas necessários ainda para admissão da demanda nesta área, capacitando profissionais e abrindo atuação em múltiplas localidades.
Então acredito que dentro dessa iniciativa privada possamos ajudar nesse sentido. Já em relação à política, deixo para quem toca essa área, mas acredito que um olhar um pouco mais abrangente e acolhedor pudesse ser mais humanizado pelos novos governantes, principalmente em época de eleições e nesse período que passamos, onde ficamos expostos a inúmeros agravos e fomos mundialmente impactados em tantas áreas das nossas vidas. Cada um traz sua história, sua própria bagagem, seus traumas, sua existência e além de tudo isso, somou-se um evento muito Importante e traumático e precisamos olhar a saúde mental como prioridade no ser humano. A hora é agora e precisa ser percebida!
Como parte do desenvolvimento do projeto, vocês acabaram fazendo parcerias com várias instituições, tais como escolas, universidades e empresas, para mostrar ao indivíduo que ele não está sozinho em nenhuma fase de sua vida. Como funcionam essas parcerias? Todas as escolas e instituições são bem-vindas?
O projeto nasce do sonho de trazer esse acesso e inclusão às pessoas, não só na área da saúde mental. Eu como Psicossomatista busco estabelecer parcerias para justamente ampliar outras várias portas aos que sofrem não apenas com os estigmas da saúde mental, mas também com falta de acesso financeiro. É para chamar a atenção para essa visão que os acometimentos não são únicos e exclusivos de um ser sozinho no mundo, mas que estão dentro de ambientes sociais (escolas, universidades, empresas, etc). Todo mundo tem minimamente algo para tratar em 2022, nem que seja um desconforto emocional. Não acredito que alguém possa ter passado ileso pelo que experienciamos. Vivemos num século onde as dificuldades ficaram muito opressivas para nossa estrutura psíquica e mental.
Estabelecer essas parcerias é importante para sinalizar que existem caminhos para que as pessoas que estão nesses lugares, e seus familiares, se situem rumo a esse tratamento. As parcerias funcionam com a sinalização do projeto e tudo que envolve, todas as escolas e instituições são bem-vindas sim, pois o foco do nosso trabalho é mostrar que existe uma porta aberta a um tratamento de qualidade, com acesso à saúde mental e, se for o caso, mais uma vez, ser encaminhado a outras áreas, já que o ser humano é global. Todas as pessoas serão acolhidas!
Baseado em suas experiências na área da saúde mental, você considera que houve um aumento de procura para acompanhamento terapêutico? Como nós, pessoas normais do dia a dia, devemos abordar e indicar a um conhecido ir buscar um atendimento psicológico, tanto para tratar de problemas específicos como para aumentar a qualidade de vida?
Absolutamente! Como especialista em saúde mental posso afirmar que houve sim um aumento significativo na procura e demanda para o tratamento neste setor, principalmente desde o início de 2020, por tudo o que passamos e somado à toda a bagagem pregressa que já temos. Claro que a ansiedade e as exigências do mundo, as novas normas sociais e alterações acadêmicas, o brilhantismo sobre o qual agora somos demandados, tudo isso acelerou o mundo e estamos cada vez mais adoecidos devido a essa experiência ultra mega rápida, numa velocidade que não era para o ser humano dar conta, mas aqui estamos, precisando fazer acontecer para não perder a vez, o lugar, o sustento, até mesmo a fala.
As pessoas nesse caso devem buscar um tratamento em saúde mental para si mesmo ou se ao lado alguém precise e sendo sinalizado os impactos e desequilíbrios, mesmo sem entender o que é, falar de uma forma clara e objetiva e que não seja estigmatizante, para direcionar para o tratamento. É de extrema necessidade divulgar que existe uma porta aberta, uma possibilidade no acesso à saúde mental, que a saúde mental faz parte de uma saúde global. Se uma pessoa percebe que outra pode estar com algum problema e talvez não tenha a capacidade de ajuda, porque não é somente acolher e escutar, utilize do direcionamento para um profissional, porque ouvir como amigo ou familiar é acolher, mas não é tratar.
A saúde mental demanda uma visão profissional, mas acho que com essa visão da possibilidade no ajustamento da qualidade de vida da pessoa, podemos sempre dar essa luz para quem está passando por uma severidade mais dolorosa dentro da sua vida intrapsíquica e emocional, no desajuste de um comportamento, ou até mesmo no seu próprio retraimento social. Tudo isso pode ser um sinal. Então apontar, ajudar e direcionar um profissional da saúde mental é o melhor a se fazer. Todos merecem esse cuidado, carinho e esse olhar humanizado de uma pessoa querida que possa ajudar.
Acompanhe Dra. Vanessa Jaccoud no Instagram
Com Regina Soares, Letícia Cleto e Affonso Tavares
Quer acompanhar mais as novidades da coluna? Siga Luca Moreira no Instagram e no Twitter!
Fonte: Observatório dos Famosos