Brasil

54 dias para a Copa do Mundo: 1954, a primeira Copa na TV, e Jô Soares o ‘mensageiro’ da Seleção Brasileira

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A Copa que ninguém viu e a que não queremos lembrar” é um livro publicado pela Companhia das Letras e escrito pelo humorista, dramaturgo e jornalista Jô Soares em 1994, ano do tetracampeonato, quarenta anos depois de ele acompanhar in loco a trajetória da Seleção Brasileira no Mundial de 1954, disputado na Suíça. A obra também relata a experiência dele e de mais dois jornalistas, Armando Nogueira e Roberto Muylaert, sobre o Maracanazo quatro anos antes.

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Jô Soares tinha programa de entrevistas na TV e recebeu Felipão em 2001, um ano antes do técnico comandar o pentacampeonato | MAURICIO LIMA/GettyImages

Fora dos gramados a edição de 1954 é marcante por ser a primeira televisionada ao vivo, porém o sinal estava disponível apenas para o Reino Unido e países vizinhos. A transmissão restrita provocou confusão até mesmo para a delegação canarinho, que na ocasião tinha Zezé Moreira como técnico.

Nas Eliminatórias o Brasil fez uma campanha com 100% de aproveitamento, vencendo os quatro jogos de seu grupo, e na estreia goleou o México por 5 a 0. Pinga (2), Baltazar, Didi e Julinho Botelho marcaram. Bauer, Castilho, Djalma Santos e Nilton Santos, dentre outros, também estavam no Mundial da Suíça.

Em seguida veio empate em 1 a 1 diante da extinta Iugoslávia, o que induziu os brasileiros a pensarem que estavam eliminados porque as informações demoravam a chegar. É aí que voltamos a Jô Soares, um jovem de 16 anos apaixonado por futebol que estudava na Suíça e conseguiu ver algumas partidas e foi o responsável por avisar que a vaga na próxima fase estava garantida.

O Brasil só descobriu que estava classificado quando chegou ao hotel. Eu me lembro do time todo dentro do ônibus chorando. Eu e o Ricardo Ascar, que era um amigo que estava lá comigo, perguntamos: ‘Vocês estão chorando por quê? Nos classificamos’ E eles disseram: ‘Ah, garoto, vai embora’.Jô Soares, humorista, ao SporTV

Quis o destino que o adversário naquele 27 de junho de 1954 fosse a Hungria, considerada uma das melhores seleções do mundo naquela época, capitaneada por Ferenc Puskás, canhoto famoso pela habilidade e faro artilheiro. Não deu outra: 4 a 2 para os europeus. Eles avançaram até a final contra a Alemanha Ocidental e abriram 2 a 0 em oito minutos, o que parecia encaminhar o título, mas os germânicos viraram para 3 a 2 e o episódio ficou eternizado como Milagre de Berna, cidade onde foi realizada a grande decisão.

Fonte: 90min