Cientistas da University of California (UC) descobriram que os vírus bacteriófagos gigantes — também chamados apenas de fagos — constroem um núcleo celular incrivelmente parecido com o das nossas células. Eles são os organismos mais comuns do planeta, e agora são uma promessa para o combate de infecções bacterianas, principalmente com o aumento da resistência do corpo humano a antibióticos.
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Publicada na revista científica Nature, a pesquisa notou que os fagos criam uma espécie de escudo, um compartimento com funções muito parecidas com os núcleos celulares humanos e animais, protegendo o código genético utilizado para se replicar e espalhar. Para o estudo, tecnologias de ponta foram utilizados, como microscopia de crioelétrons e tomografia com a maior resolução possível para o imageamento das células.
Escudo viral
Segundo os pesquisadores, o compartimento é diferente de tudo que já foi visto na natureza. Agora, sua estrutura está sendo estudada, desde o nível atômico até a escala do organismo inteiro. A partir de técnicas computacionais, as funções do compartimento foram simuladas, notando uma flexibilidade marcante: o compartimento permite a entrada e saída de componentes-chave, mas também age como mecanismo de defesa contra ameaças bacterianas.
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E essa casca com aspecto de núcleo é construída a partir de uma única proteína, que foi nomeada chimallin, em referência ao escudo carregado pelos antigos guerreiros astecas. Surpreende o fato de que o compartimento é formado a partir de muitas cópias da chimallin em um retículo quadrado, como uma rede de pesca, e não em configuração hexagonal, mais comuns na natureza. Uma estrutura tão simples intrigou os cientistas.
Outras perguntas devem ser respondidas no futuro, como a forma com qual os componentes fora e dentro do escudo são processados. Como o processo se dá no início da infecção? O que acontece quando o vírus injeta o genoma na bactéria hospedeira?
Nova arma contra bactérias
É importante responder perguntas como essas porque acredita-se que os fagos com núcleo murado podem ser mais eficientes em terapias contra infecções bacterianas, já que evoluíram para resistir naturalmente a muitos tipos de sistemas de defesa das bactérias.
Para isso, será necessário entender a estrutura da proteína chimallin, o que será feito junto aos pesquisadores do primeiro centro de terapia dedicado aos fagos na América do Norte, na UC de San Diego. Especialistas em bioquímica e biologia estrutural foram chamados à equipe, que deve continuar a decifrar os mistérios do que poderá ser nossa maior arma contra as bactérias nos próximos anos.
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Fonte: Canaltech