Casa & Decoração

Anna Persia Bastos mostra que com criatividade e inovação é possível ir muito além com um projeto

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Proprietária da Studio Persia Interiores, Anna Persia Bastos, designer de interiores, traz sustentabilidade e ecodesign para a exposição “Reutilizar para Criar Sustentando o Planeta”, com peças de decoração e projetos autorais de interiores, em uma galeria de arte, utilizando descarte de obras e matéria-prima fornecida pela natureza, como uma parede revestida de casca de marisco moída, bancos de vergalhão, mesas, espelhos e um gabinete que é uma verdadeira experiência sensorial.

A arte e o design de interiores se cruzam no propósito de encantamento, de fazer pensar, sentir, atendendo uma necessidade específica de um espaço. Melhor ainda quando os dois são sustentáveis e criam ambientes e espaços saudáveis.

A mostra, que ocorre até esse sábado (30/07), com curadoria da arquiteta Marcia Marschhausen, no Espaço BB, traz o vergalhão como material principal e a parceria de artistas plásticos, mostrando que arte, design, saudabilidade e sustentabilidade caminham juntos e podem ser transformadores. Confira a entrevista!

Conhecida pelos seus projetos que englobam desde elementos mais simples até decorações mais sofisticadas e exóticas, os seus designs costumam ser bastante extravagantes e já foram destaques em vários lugares. Como costumam nascer as suas inspirações para conseguir fazer com que cada ambiente seja único?

Sempre que vou iniciar um projeto novo, o primeiro passo é buscar referências do meu próprio cliente através de conversas informais e um banco de imagens que disponibilizo a ele para que me sinalize ambientes que te fazem bem. A partir daí busco retirar a essência além do que é perceptivo e, juntamente com o meu arcabouço relacionado a minha vivência, criar algo único. São sempre projetos personalizados, é para aquele cliente e não para qualquer um.

Recentemente o seu nome foi confirmado na exposição “Reutilizar para Criar Sustentando o Planeta” que irá expor projetos e peças autorais. Como estão as suas expectativas e os preparativos para que o público finalmente tenha acesso as suas criações na Galeria BBarte?

A exposição Reutilizar para Criar – Arte sustentando o Planeta está em cartaz desde 09/06. Esta foi prorrogada pelo grande impacto e inovação, me deixando muito feliz. Nesta exposição trouxe peças autorais tendo como material principal o ferro. Todo o material utilizado veio de resíduos da construção civil, buscando uma reflexão sobre este descarte. Nesta exposição tive a oportunidade de mostrar projetos autorais em que também utilizei estes resíduos.

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Anna Persia Bastos (Foto: Marcelo Wance)

Existe um tema que tem sido bastante abordado em suas redes sociais que é a sustentabilidade e a “casa saudável”, mostrando curiosidades que vão desde tipos dos colchões até mesmo filtros de vitamina C instalado em chuveiros. O que a fez procurar seguir esse conceito em seu trabalho e como acredita que ele afete os seus clientes?

Sempre busquei um objetivo maior no meu trabalho. Não queria somente trabalhar com o belo, com o modismo. Queria além disso. O meu propósito é criar projetos que impactem na saúde dos usuários dos espaços construídos. Na maioria dos casos, vivemos em ambientes que nos adoecem e não temos consciência disso. A sustentabilidade é um dos pontos que está inserido no conceito de casa saudável. Somos natureza e dependemos dela para nossa sobrevivência. É necessário e urgente pensarmos de uma forma diferente da que estávamos acostumados. Trazer menos impacto ao meio ambiente, através de reuso de materiais, ressignificação de peças, diminuição no consumo de energia e água é primordial. Para termos saúde precisamos pensar sobre o que estamos colocando em nossas moradas porque são estes os responsáveis por ambientes insalubres que impactam no Planeta. Desta forma, todos serão beneficiados, não somente os meus clientes. Mas, falando somente neles, os clientes, terão a grande oportunidade de viverem em espaços que realmente promovem o bem-estar e maior qualidade de vida. Você não acha que é um bom motivo?

Em uma celebre citação dita por Steve Jobs onde ele afirma que “as pessoas não sabem o que querem até você mostrar a elas”. Por mais que possua os seus estudos e especializações, já existiram casos onde conseguir compreender as necessidades de um determinado cliente a propuseram a desafios inéditos?

Sempre. Esta é uma constante no meu ofício. Entender à fundo o que o cliente deseja é sempre um desafio. Tudo começa com uma demanda que parece clara, mas, com o decorrer do processo, nos deparamos com indecisões dúvidas, inseguranças que afetam todo o processo de criação e que me leva a caminhos nunca antes percorridos. Acho que isso é que fascinante.

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Anna Persia Bastos (Foto: Marcelo Wance)

Voltando a comentar sobre o seu evento, um dos conceitos que foram anunciados é a de aproveitamento de obras e matérias-primas fornecidas pela própria natureza, tais como cascas de mariscos, bancos de vergalhões, entre outros. Em um trabalho que exige tanto da criatividade, você já conseguiu pensar em um tipo de material que você jamais usaria ou em algum limite que a sua criatividade a colocaria?

Nossa. Pensando agora sobre o assunto, o plástico é um material que me encomoda muito. Não é um material que me agrade. Sempre que olho para ele, me transmite um sentimento que me repele. A textura, de onde vem, suas características, não me chamam como uma potência para olhar para ele de uma forma mais afetiva. No entanto, não sei se nunca trabalharia. No momento, posso afirmar que minha criatividade não está aberta para ele.

Em uma citação que foi feita na divulgação de seu evento, você acentuou que a construção civil atual está gerando aproximadamente 43% dos resíduos mundiais que impactam o meio ambiente, inclusive causando a extinção de várias espécies de animais todo ano. Apesar da falta de suporte dada pelos governantes, você tem esperança ou vem presenciando um avanço entre os profissionais da área? O que a população poderá fazer para também cooperar com a situação atual do planeta nesse quesito?

O descarte dos resíduos da construção civil impacta mundialmente no Planeta. Quando não é dada a destinação final adequada aos resíduos de construção civil eles acabam sendo depositados, clandestinamente, em terrenos baldios, áreas de preservação permanente, vias e logradouros públicos. Tais resíduos, quando depositados irregularmente causam impactos, que muitas vezes podem prejudicar o meio ambiente e à qualidade de vida da população, dos animais e dos vegetais.

Temos legislação específica para este tipo de material, mas vejo na prática, uma falta de consciência, desde uma pessoa que está fazendo sua obra até os profissionais que deveriam estar mais antenados as regulamentações. O desperdício e a falta de cuidado na separação dos materiais que serão descartados são imenso. Os governantes poderiam estar fazendo campanhas para conscientizar a população, vistoriar as obras de forma a ensinar o correto e não buscar se beneficiar através de multas.

A maioria da população não tem ideia do grande mal que um resíduo pode fazer com a saúde do Planeta quando este é descartado sem os devidos cuidados. Contaminação do solo, contaminação do ar, da água são alguns dos pontos que são afetados por este processo.

Sou uma pessoa esperançosa sempre. Acredito que tendo uma educação ambiental bem divulgada podemos atingir a máxima dos objetivos voltados a uma vida melhor. Todos juntos em prol de um mundo melhor.

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Anna Persia Bastos (Foto: Marcelo Wance)

Ao olharmos o seu currículo no LinkedIn, percebemos que durante sua trajetória profissional, você já fez um pouco de tudo, psicologia, psicopedagogia escolar e clínica, e por fim, o design de interiores. Como foram essas suas transições de uma área para outra e como elas acabaram a influenciando para chegar onde está hoje?

Sim, minha formação vem da Psicologia. Trabalhei muitos anos com crianças em processo de aprendizagem e sempre me chamou a atenção o impacto que o ambiente tem sobre as pessoas. Se você está num ambiente que te acolhe, que é organizado, com boa iluminação, ventilação adequada, sem ruídos, o seu rendimento será muito acima do esperado. O mesmo posso dizer de um ambiente sem este cuidado, o quanto de prejuízo levará.

Neste sentido, foi um caminho bem interligado. Fui seguindo minha intuição até chegar e encontrar esta profissão tão encantadora e que tanto aquece meu coração.

A respeito da sua exposição “Reutilizar para Criar Sustentando o Planeta”, apesar de ela ser focada no tema de design sustentável, acredita que ela possa trazer atenção até mesmo de outros públicos que ainda não tenham se aprofundado no assunto?

Sempre. Arte é para todos, para quem entende, para os que não entendem, para os que a desconhecem. Para todos. Entendo ser a área mais inclusiva que temos. Todos podem, todos sentem, todos temos o que dizer sobre ela. É isso, a minha exposição é para todos.

Serviço:

Espaço BB @espacobbartesvisuais
Av. Atlântica, 4.240 – sala 311 – Gabinete
Shopping Cassino Atlântico
Posto 6 – Copacabana

Visitação: até 30 de abril, de terça a sábado, das 12h às 19h

Entrada franca

Censura livre

Acessibilidade e estacionamento no local.

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Fonte: Observatório dos Famosos