Viralizou nas redes sociais um caso de golpe envolvendo a fintech C6 Bank, no qual um criminoso teria usado um CNPJ em nome da própria instituição para abrir uma conta e aplicar golpes. Do outro lado, estaria uma vítima com dívidas junto à própria instituição, que acabou pagando um boleto fraudulento com um valor de cerca de R$ 400.
- Vítimas de crimes podem ser ressarcidas em caso de falha de segurança dos bancos
- Golpes com Pix aumentaram mais de 350% em 2 meses
O caso foi compartilhado no Twitter por Matheus Dias, que trabalha com redes sociais para empresas e influenciadores de jogos eletrônicos, com um morador de Recife (PE) como vítima. Com a disseminação do relato, não demoraram a aparecer mais usuários relatando golpes semelhantes, também envolvendo CNPJs criados em nome do C6 Bank e também outras fintechs para a emissão de boletos.
No momento em que essa reportagem é escrita, o MEI utilizado na fraude citada segue ativo no banco de dados da Receita Federal, que não realiza checagens sobre a veracidade das informações cadastradas nem impede que nomes fantasia “repetidos” sejam registrados. O documento é associado a uma pessoa jurídica cujo nome completo e CPF aparecem como nome empresarial, enquanto no e-mail registrado, outro indício de possível irregularidade, com um endereço que faz menção ao atendimento de uma plataforma de leilões que não está listada oficialmente na página do serviço.
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olha que inacreditável:
um cara abriu uma MEI com nome fantasia de C6 Bank S.A, criou uma conta PJ no C6 e FOI APROVADOaí, telefonou pra um cliente SABENDO DA DÍVIDA DELE (como?) e gerou/mandou um boleto de depósito, recebendo o dinheiro do golpe
consegue explicar @C6Bank? pic.twitter.com/MLtwhrGEol
— matheus (@matheusdevdd) July 13, 2022
A fraude citada aparece no título fantasia, registrado como se fosse do C6 Bank, de forma a dar aparência de legitimidade aos pagamentos, como se eles tivessem sido emitidos em nome da instituição. A engenharia social, envolvendo o contato com alguém que efetivamente tinha dívidas com o banco, completa o processo e gera o prejuízo para a vítima.
Em contato com o Canaltech, o C6 Bank afirmou que o fraudador nunca abriu conta no banco usando seu nome, mas que o registro usado para aplicar golpes já foi bloqueado. Além disso, a empresa afirmou tomar medidas necessárias para coibir atividades fraudulentas e pediu atenção aos usuários para que evitem golpes desse tipo. Confira a íntegra:
Esclarecemos que o fraudador nunca abriu uma conta MEI no C6 Bank com o nome “C6 Bank”. Os nomes com os quais as contas MEIs são abertas são checados em diversos órgãos públicos e não houve qualquer irregularidade na abertura da conta. O C6 Bank apura e toma as medidas necessárias para coibir qualquer atividade fraudulenta e a conta em questão já foi bloqueada.
Reforçamos a importância de que os consumidores fiquem sempre atentos contra golpes. Todo boleto é compensado para o banco que o emite e, em seguida, há informações sobre o recebedor. Para evitar o golpe do boleto falso, que atinge vários segmentos da economia, o C6 Bank orienta que o consumidor sempre confira o nome do beneficiário antes de finalizar qualquer tipo de pagamento.
Banco Central estuda punir bancos por contas fraudulentas
Em junho deste ano, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o órgão estuda uma maneira de responsabilizar as instituições financeiras do Brasil pela abertura de contas em nome de laranjas, para serem usadas em fraudes. Os números de golpes desse tipo têm acelerado junto com a adoção do Pix, que permite transferências instantâneas de dinheiro.
Medidas para coibir assaltos e fraudes, como limitações de valores em determinados horários, já estão ativas, mas não foram suficientes para coibir os crimes. Segundo Campos Neto, a ideia é garantir que os bancos intensifiquem seus processos de checagem e não se tornem “hospedeiros” de contas que servem aos bandidos, ainda que nenhum tipo de sanção específica tenha sido citada, nem um prazo para aplicação de eventuais normas.
Enquanto isso, regras do Código de Defesa do Consumidor podem permitir o ressarcimento de valores fraudados caso seja comprovada falha sistêmica em protocolos de segurança e verificação das instituições bancárias. Aconteceu recentemente, inclusive, na cidade de Santos (SP), onde o Banco do Brasil foi condenado em primeira instância a devolver R$ 60 mil perdidos por uma professora aposentada depois de um golpe, no qual a instituição não foi capaz de bloquear transações que fugiam de seu perfil usual de movimentações.
Enquanto isso, cabe aos próprios cidadãos se protegerem de fraudes assim. O ideal é desconfiar de contatos telefônicos ou por meio de mensagem, principalmente quando eles alegarem dívidas, problemas ou pagamentos pendentes. Mesmo que o suposto representante informe dados pessoais, o ideal é entrar em contato direto com a instituição financeira para verificar a veracidade do contato.
Em golpes envolvendo boletos, a recomendação é que os clientes verifiquem os nomes de recebedores e valores a serem pagos antes de efetuarem o processo. A mesma atenção também deve ser dada a transferências de dinheiro por meio do Pix, que só devem ser confirmadas com a certeza de se tratar de solicitações e contas legítimas.
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Fonte: Canaltech