O cantor Pedroca faz sua voz pop com alta sinceridade, um diálogo com a situação atual em suas letras autobiográficas. Depois de estrear na música nacional com “Psicodelia”, agora o artista paulista oferece “Pode Piorar”, uma visão agridoce da vida em que reconhece o momento em que nem tudo está bem. A música já está disponível nas principais plataformas de música.
Com uma carreira iniciada em 2021, Pedro Cerruti, que hoje conhecemos como Pedroca, tem 23 anos e é conhecido como um dos principais cantores LGBTQ da sua geração. Natural de São Paulo e residente da capital, suas músicas englobam uma grande quantidade de referências musicais que vão de kpop ao trap e ao hiperpop.
A primeira música foi produzida por Brisalicia e usou o fenômeno de alteração da mente como uma alegoria para arte, amor e drogas. Agora, em um segundo lançamento, Pedroca canta frustração e pessimismo e explora novas referências.
Com a produção musical de Vivian Kuczynski, que já trabalhou com nomes como Pabllo Vittar, Alice Caymmi e Chameleo, a nova composição de Pedroca mostra amadurecimento e expande seu universo de sonoridades, apresentando um artista mais confiante e confortável, mesmo em meio ao caos narrado em sua lírica. Confira a entrevista!
Mesclando traços da música pop com um verdadeiro debate sobre os dilemas atuais e letras autobiográficas, como foi que você chegou na ideia de transmitir essas mensagens através de sua música?
Sempre quis que minha música falasse como eu falo. Não gosto da ideia de escrever versos que não sairiam da minha boca em uma conversa, então tento me manter muito fiel a mim mesmo em temática e linguagem. E quanto à música pop, esse sempre foi o meu lugar. Foi o movimento cultural que me construiu e me constrói todos os dias. Tenho pra mim que meu som vai ser pra sempre pop, independente de quais referências incorpore e como soe.
Sucedendo o sucesso de “Psicodelia”, você está lançando agora o single “Pode Piorar”, onde nós podemos ver uma versão mais agridoce sobre as nossas vidas. Como aconteceu o processo de composição dessa música e como espera que o público se identifique com a música?
No momento em que eu estava vivendo, Pode Piorar era minha única opção. Eu juro que tentei escrever sobre qualquer outra temática, mas nada soou tão autêntico quanto falar sobre minhas ansiedades, inseguranças e frustrações. Eu realmente tava vivendo uma sequência de traumas que se estendeu por muito mais tempo do que eu pensava que seria possível e eu precisava falar sobre esse momento. Pode Piorar é como um desabafo meu soaria.
Uma característica forte desse novo lançamento foi o seu estilo mais roqueiro onde se introduz guitarras e pop punk remetendo mais aos anos 2000 e que reflete nos sentimentos de uma pessoa sobrecarregada. Como foi explorar esses novos territórios?
Essa referência pop punk foi muito forte na minha infância, e eu pensei que seria a roupagem ideal pra expressar a revolta e o pessimismo da música e ao mesmo tempo me transportar pra esse lugar nostálgico. Tive receio de como seria percebido o contraste de sonoridades em comparação a Psicodelia, mas cheguei à conclusão de que era um bom momento pra eu mostrar o que eu sabia fazer pra além daquilo. Quero continuar mostrando diferentes nuances das minhas referências em cada lançamento, e acredito que o contraste seja um eixo temático do meu projeto artístico.
As suas características musicais são bastante marcadas por resquícios de um pop imersivo e com referências de k-pop, trap e hyper-pop, trazendo referências muito próprias. Como você se definiria como artista?
Meu projeto artístico orbita em torno de todas as possibilidades que eu visualizo dentro da música e da cultura pop. Eu me definiria como um artista pop que faz música a partir de perspectivas muito pessoais e com referências que contrastem entre si construindo sonoridades autênticas.
Assim como nada se faz sozinho, o seu projeto também esteve marcado pela participação de vários produtores, tais como Brisalicia e Vivian Kuczynski, também conhecido pelas suas produções com Pabllo Vittar e outros nomes de sucesso. Poderia contar um pouco mais sobre sua união com eles?
Brisalicia foi a primeira pessoa com quem produzi. Conhecemos-nos na ECA, trocamos algumas figurinhas sobre música ainda em 2018, mas foi só em 2020 que tivemos a oportunidade de criar juntes em Psicodelia. Foi um processo lento e experimental, mas do qual me orgulho muito. Vivian eu conheci através de Virto, um super amigo meu que também é artista e trabalhou com ela em uma música fantástica. Eu e Virto moramos juntos e sempre trocamos muito nos nossos processos com a música e quando ele me apresentou Vivian eu soube que era ela quem deveria produzir Pode Piorar. Divertimos-nos muito em estúdio e a musica tomou forma com uma super naturalidade e autenticidade. Vivian é de longe uma das pessoas mais talentosas que eu conheci. Foi um privilégio enorme trabalhar com alguém tão foda e me sentir tão confortável na companhia dela.
Entre as suas referências para “Pode Piorar”, você mostra bastante influências de pop funk dos anos 2000, tais como Paramore e Avril Lavigne que explodiram na época. Como considera a sua relação com essa época e o que mais o atrai para a década? Você conseguiria fazer um comparativo daqueles anos com a geração atual?
Sempre fui muito fã de artistas femininas e o rock nos anos 2000 me apresentou alguns desses nomes que, embora fizessem rock, não tinham receio de flertar com o pop em sonoridade e em estética. Acho que esse movimento tinha uma lírica meio irônica e uma forma divertida de falar sobre sentimentos ácidos e experiências desconfortáveis. Nos últimos dois anos essa estética voltou a ganhar mais espaço no mainstream e eu acho que ainda vamos ver esse movimento ganhando mais corpo nos próximos anos. Acho que o momento que a gente vive inspira esse movimento de revolta.
Tanto “Psicodelia” como “Pode Piorar” trazem a sua visão sobre o mundo e algumas vezes de forma de protesto. Você acredita que a música possa servir como uma forma de musicoterapia na sua vida?
Eu não sei se diria que Psicodelia e Pode Piorar sejam necessariamente uma forma de protesto. Talvez a segunda um pouco mais, mas ainda tem muito de um desabafo. Definitivamente a arte ocupa um lugar terapêutico na minha vida. Pra mim, minha música é minha plataforma de desenvolvimento e descoberta enquanto ser humano e enquanto artista. É o que marca os meus momentos e conta as minhas histórias através das minhas referências. Esse processo inspira uma movimentação de autoconhecimento muito grande.
Comentando um pouco sobre o seu início na música, você se recorda de como foram os seus primeiros contatos com a música? O que fez você perceber a música como sua profissão?
Música sempre foi a minha coisa. Desde muito cedo eu sabia que estar na posição de artista me traria um nível de realização e conexão com a realidade que mais nada traria. Tudo o que eu fiz desde então foi me conectar com a música em todas as oportunidades que eu tive. Cantei na escola, na igreja, tive bandas e gravei covers. Até que comecei minha graduação em publicidade e me mudei pra São Paulo pra estudar na Escola de Comunicações e Artes da USP, e foi lá que eu conheci meus melhores amigos que são hoje meus companheiros na arte e em cada passo da minha carreira.
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*Com Andrezza Barros
Fonte: Observatório dos Famosos