O mercado de tecnologia e bens de consumo deve desacelerar mais de cinco vezes no Brasil em 2022, segundo um relatório global da consultoria de mercado GfK. O brasileiro, diz o estudo, está sentindo os efeitos da inflação e tende hoje a equipar a casa com outros produtos menores e mais baratos.
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A GfK prevê um crescimento de apenas 2% no mercado de tecnologia e bens de consumo neste ano, em comparação com um aumento de 12% em vendas em 2021. Mas o país está seguindo uma tendência mundial; na América Latina, espera uma redução de 1% em 2022, enquanto a América do Norte deve expandir apenas 1% em vendas até o final do ano.
Globalmente, este mercado deverá apresentar um crescimento de apenas 2% em 2022. Novamente a culpa é da recessão: apenas 34% dos consumidores em todo o mundo acreditam que sua situação econômica terá alguma melhora em doze meses, em comparação com 41% em 2019. O mercado global movimentou US$ 1,41 trilhão (R$ 7,2 trilhões) em 2021, diz a GfK.
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“Hoje o consumidor brasileiro procura trazer praticidade ao dia a dia, equipar a sua casa e procurar itens menores que ajudem a ‘ganhar tempo’ nas atividades”, explica Felipe Mendes, diretor-geral da GfK para América Latina. “O foco mudou e as marcas precisam buscar novas formas de atrair o consumidor este ano, especialmente em um ano marcado por uma crise econômica, alta de preços, inflação e a Copa do Mundo no último trimestre”.
Com isso, os brasileiros focaram mais em produtos como fritadeiras sem óleo (air fryers), que aumentaram 49,5% apenas no primeiro trimestre de 2022; e vaporizadores de roupa — que passam roupas sem mesa de apoio — com aumento de 42,9% no mesmo período.
Além da inflação, o conflito na Ucrânia e as sanções econômicas contra a Rússia podem ter impactado o cenário. Como consequência, as principais cadeias de suprimentos correm risco de interrupção e a escassez de combustível restringe a compra de materiais e bens de produção. Esse aumento de custos está reduzindo as taxas de lucro dos fabricantes, que estão sendo forçados a repassar pelo menos alguns desses aumentos de preços para o público.
Home office levou a mais aspiradores robô
O home office também criou mudanças no panorama global. Segundo um estudo da GfK, 65% dos entrevistados querem trabalhar em casa até quatro vezes por semana. Assim, produtos que melhoram o bem estar do trabalho e da casa, como equipamentos de cozinha e limpeza, televisores, fones de ouvido e laptops, estão mais valorizados. Por exemplo, os aspiradores de pó robô aumentaram 207% em todo o mundo em 2021, contra 14% dos aspiradores normais.
Os modeladores de cabelo, como pranchas de alisamento e secadores 2 em 1 (seca e escova) apresentam crescimentos constantes desde o começo da pandemia. Mesmo com a retomada, esta categoria continua em alta. Após fechar o ano de 2021 com um saldo positivo de 28%, já acumula 22% nos primeiros três meses de 2022.
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Fonte: Canaltech