Vários hábitos comuns na cozinha, como lavar carnes ou manter comidas prontas fora da geladeira, podem colocar em risco a sua saúde, dependendo de algumas condições prévias. Inclusive, chega a ser curioso, mas uma importante fonte de contaminação por doenças transmitidas por alimentos (DTA) é a cozinha da própria casa. No Brasil, 37% ocorrem em ambiente doméstico.
Entre 2000 e 2018, o Brasil registrou, oficialmente, 247,5 mil casos de DTA, sendo 195 mortes, segundo dados do Ministério da Saúde. Por ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 600 milhões de indivíduos no mundo adoecem e 420 mil morrem em decorrência das DTAs.
Para entender os hábitos dos brasileiros na cozinha, os pesquisadores do Centro de Pesquisas em Alimentos — também chamado Food Research Center (FoRC) — da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP realizaram uma pesquisa com 5 mil pessoas e desenvolveram uma cartilha com dicas sobre os cuidados na hora de manusear, preparar e guardar alimentos.
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A seguir, confira uma lista de hábitos que podem ser prejudiciais para a saúde, dentro da cozinha:
1. Lavar carnes na pia
No levantamento da USP, cerca de 46,3% dos participantes afirmaram ter o hábito de lavar carnes na pia da cozinha. “Lavar carnes, especialmente a de frango, na pia da cozinha pode espalhar potenciais patógenos [organismos que podem causar doenças] no ambiente, representando uma prática de risco”, alerta o coordenador da pesquisa e professor da FCF, Uelinton Manoel Pinto, em entrevista para o Jornal da USP.
2. Consumir carnes malcozidas
Outro hábito relativamente comum é consumir carnes malcozidas. Na pesquisa, foi observado que 24,1% costumam consumir alimentos nesse estágio de preparo. Para o pesquisador Uelinton, o consumo de alimentos de origem animal malcozidos ou crus também apresenta risco microbiológico.
A dica é sempre cozinhar o alimento a uma temperatura mínima de 74 °C, já que isso garante a inativação de patógenos que podem estar presentes no produto cru. A exceção são produtos que podem ser consumidos crus.
3. Comer ovos crus
Além das carnes, consumir especificamente ovos crus pode apresentar potenciais riscos. No levantamento, cerca de 17,4% dos entrevistados consomem ovos crus ou malcozidos, como em maioneses caseiras.
Nessas circunstâncias, um dos riscos é o de bactérias do gênero Salmonella. O ovo pode ser contaminado direto com o contato das fezes da ave ou por más condições de armazenamento. Em alguns casos, as gemas também podem ser contaminadas. Por isso, é recomendado o cozimento.
4. Higienizar incorretamente verduras e frutas
É preciso tomar cuidado com a higienização de verduras, já que a pesquisa apontou para o fato de que a maioria das pessoas faz isso de forma inadequada. Por exemplo, 31,3% costumam higienizar apenas com água corrente e 18,8%, com água corrente e vinagre. Na higienização de frutas, os hábitos também se repetem. Por exemplo, 35,7% usam apenas água corrente e 22,7% utilizam água corrente e detergente.
“Para a higienização segura de verduras, legumes e frutas que serão consumidos crus a recomendação é lavar com água corrente e utilizar uma solução clorada com um tempo de contato mínimo de 10 minutos, seguido de novo enxágue em água corrente”, detalha o pesquisador Uelinton.
5. Cuidado na hora de guardar alimentos prontos
O armazenamento inadequado dos alimentos, após o cozimento, também alerta para possíveis problemas para a saúde. No levantamento, 11,2% dos participantes afirmaram que levam mais de 2 horas para levar os alimentos para a geladeira, depois do preparo. Isso acontece com pessoas que deixam a comida por horas na panela.
“Não é recomendado deixar alimentos prontos por mais de duas horas sem refrigeração, visto que a temperatura ambiente favorece o crescimento microbiano nesses alimentos. Essa é uma das principais práticas responsáveis por surtos de doenças de origem alimentar”, afirma Jessica Finger, nutricionista e pesquisadora que conduziu a pesquisa.
6. Descongelando alimentos
Por fim, é preciso ter cuidado na hora de descongelar alimentos, já que isso somente deve ser realizado na geladeira ou no micro-ondas. No entanto, a maioria dos participantes descongela os alimentos de forma inadequada. Mais especificamente, 39% usam a temperatura ambiente e 16,9% fazem o processo com o alimento mergulhado em um recipiente com água.
Segundo os pesquisadores, os alimentos devem ser mantidos a uma temperatura segura durante o descongelamento. Isso porque outras condições de temperatura, como a do meio-ambiente, podem favorecer o desenvolvimento de microorganismos, potencialmente perigosos, presentes no alimento cru.
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Fonte: Canaltech