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Por que o Grêmio foi rebaixado?

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O Grêmio, pela terceira vez em sua história, está rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro. E a queda em 2021 não aconteceu por acaso. Aliás, foi muito merecida por todo o descaso imprimido pela atual direção ao futebol do clube. A temporada que está se encerrando foi uma verdadeira aberração em termos de administração do principal departamento da instituição -e aqui não vou falar do que aconteceu ao longo do ano passado, pois chega a ser intragável a forma como se decidiu pela saída de diversos profissionais de reconhecida capacidade.

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Romildo deu ouvidos ao seu Conselho e demitiu Renato pouco depois de renovar contrato | Silvio Avila/GettyImages

Tudo começou quando, antes mesmo da final da Copa do Brasil referente a 2020, o presidente Romildo Bolzan Júnior, acreditando no poder supremo de uma parceria que havia sido histórica, mas que já não dava mais frutos, renovou contrato com o técnico Renato Portaluppi sem mesmo saber o cenário que se teria pela frente. Não que o treinador não fosse uma referência (pelo contrário), mas já perdia força por conta da queda de rendimento do time e precisava de um suporte político para seguir dando as cartas sem, todavia, ter as chaves do centro de treinamento só para ele.

É claro que não deu certo, e Romildo, algumas semanas depois, não teve cacife para segurar Renato em função da eliminação na pré-Libertadores. Vale lembrar, no entanto, que em meio a tudo isso o presidente havia abdicado de ter um vice-presidente de futebol efetivo, fazendo descer ao vestiário o CEO Carlos Amodeo (figura de pouco agrado do grupo, como Kannemann já havia dado a letra), e também não fez questão de ir atrás de um executivo. O que aconteceu? Um integrante do Conselho de Administração (no caso, Cláudio Oderich) chiou, e a comissão técnica foi desfeita – afinal, era mais importante se ter o apoio político do que manter convicções. Como curiosidade, nomes indicados pelo comandante anterior, como Rafinha, sequer haviam estreado.

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Tiago Nunes ficou sem força para segurar vestiário | Silvio Avila/GettyImages

O que se planejou ruiu. Se foi atrás de um vice de futebol, mas antes já se começou a busca por um treinador. Ou seja, se inverteu a ordem natural dos fatos. O presidente, a todo custo, convenceu seu parceiro de direção, Marcos Herrmann, a assumir o futebol – era o terceiro nome seguido no cargo oriundo da chapa eleita -, e não demorou muito para Tiago Nunes chegar como treinador. O início, é verdade, foi promissor, com uma sequência de resultados e atuações até convincentes, que culminaram na conquista do Gauchão.

Só que a soberba, mais uma vez, apareceu. Todos falavam em alto e bom som sobre a qualidade do plantel, mas ninguém percebia a acomodação natural de alguns nomes e também que lacunas se formavam com algumas saídas. No Brasileirão, o show de horrores começou cedo, uma vez que o time jamais conseguiu figurar fora do Z-4, exceção feita à primeira rodada. No entanto, parecia não haver coragem para mudar tudo mais uma vez. Em meio ao caos, Diego Cerri foi escolhido como executivo, mas sem poder algum.

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Felipão não foi ouvido pela diretoria na hora em que quis mudar vestiário | Pool/GettyImages

Em uma quase derradeira tentativa de alterar o quadro que todo mundo enxergava, mas que a direção reiterava ser algo passageiro, foi-se ao mercado comprar jogadores de seleção – sim, no meio do ano -, e a escolha de Luiz Felipe Scolari era tida como a salvação da lavoura, desde que tivesse autonomia para fazer as mudanças necessárias do plantel. Claro que não ganhou isso, e os dirigentes preferiram ficar ao lado dos jogadores e não bancaram a ideia do comandante. Mais uma demissão, seguida quase que automaticamente do pedido de desligamento de Herrmann.

Já era outubro, e Romildo precisou apelar para gente não ligada à sua gestão. Denis Abrahão, de vice de futebol, parecia uma solução por conta de seu discurso inflamado – ao contrário do ritmo enfadonho de seus antecessores. Todavia, pecou na escolha do treinador. Vagner Mancini já chegou com o estigma de ‘rebaixador’ de times. E não deu outra. Se perdeu por completo, com o aval da cartolagem, e não conseguiu dar a volta por cima. Diante deste cenário, fica fácil entender que a queda não foi culpa da arbitragem ou da Covid-19, como o presidente e seus pares teimam em acreditar?

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Fonte: 90min