Em 1992, Neal Stephenson cunhou o termo metaverso em seu romance Snow Crash (que também já foi publicado aqui no Brasil como Nevasca). Quase três décadas depois, a palavra virou moda depois que a Meta/Facebook anunciou um investimento pesado para criar o seu próprio mundo virtual povoado por avatares de seus usuários.
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A notícia, e todo o frenesi gerado em torno dela, obrigaram o escritor estadunidense a se posicionar nas redes sociais. Em sua conta no Twitter, ele mandou um recado para os seus mais de 80 mil seguidores:
“Visto que parece haver uma confusão crescente acerca disso: eu não tenho nada a ver com o que quer que o Facebook esteja fazendo relacionado ao metaverso, além do fato óbvio de que eles estão usando um termo que eu cunhei em Snow Crash. Não houve nenhuma comunicação entre mim e o FB, e nenhuma relação comercial.”
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Since there seems to be growing confusion on this: I have nothing to do with anything that FB is up to involving the Metaverse, other than the obvious fact that they’re using a term I coined in Snow Crash. There has been zero communication between me and FB & no biz relationship.
— Neal Stephenson (@nealstephenson) October 29, 2021
O Metaverso de Snow Crash
No romance de Stephenson, as pessoas usam avatares digitais de si mesmas para explorar um universo online, na maioria das vezes, para escapar de uma realidade distópica. O livro prevê, em suas quase 500 páginas, que o metaverso se tornará um sucessor da internet e, consequentemente, das redes sociais.
Os personagens criados pelo escritor podiam se deslocar por este mundo virtual inteiro — concebido a partir de um sistema complexo de computação gráfica 3D — oferecendo aos usuários um repertório incrivelmente realista, tão popular quanto os programas de televisão da década de 1990.
Stephenson reconhece os paralelos metafísicos do ambiente digital em questão com sua ideia original, mas ele diz que as principais características de seu metaverso planetário não se alinham com o que o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, está falando sobre o seu mundo virtual particular.
“Tudo o que foi dito até agora não se trata de escala planetária. Parece ser um universo 3D massivamente multijogador, dependendo do seu modelo de negócios. Vemos muitas pessoas interessadas em reuniões ou conversas virtuais em um espaço fixo, o que parece uma coisa perfeitamente razoável de se desejar, mas não é exatamente o que eu pensei em Snow Crash”, lembra Stephenson.
Multimetaversos
Desde a publicação do livro, outras obras já tentaram dar um “choque de realidade” sobre o metaverso. Em 2016, o quarto episódio da terceira temporada da série Black Mirror, trouxe a história de San Junipero, uma cidade criada em realidade virtual onde pessoas idosas podiam passar seus últimos anos e escolher se permaneceriam digitalmente ali ou não, depois de morrerem.
No mundo real, grandes corporações como Microsoft e Facebook passaram a tratar o metaverso como o “futuro da internet”. A empresa fundada por Bill Gates aposta no Mesh, uma plataforma que permite que o usuário crie avatares animados durante reuniões online usando apenas um celular e óculos de realidade virtual, como o HoloLens da própria Microsoft.
Já a iniciativa da Meta/Facebook pretende misturar diversos elementos digitais com o mundo físico, criando uma espécie de “internet materializada”, onde em vez de apenas visualizar determinado conteúdo, as pessoas estejam digitalmente nele por meio de avatares personalizados, fiéis ou não, à realidade.
“Obviamente, o livro Snow Crash tem todo esse ambiente em torno do metaverso que parece ser um tanto negativo. Eu, sinceramente, não acredito que tenha que ser assim. Em nosso ambiente virtual, você será capaz de fazer quase tudo que imaginar, como reunir-se com amigos e familiares, trabalhar, aprender, brincar, fazer compras e criar o que tiver vontade”, prevê Mark Zuckerberg.
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Fonte: Canaltech