O ano era 2016 quando Ilana Casoy, criminóloga e escritora, chocou leitores brasileiros com o 1º volume da obra Casos de Família, com arquivos documentados e outras anotações sobre os brutais assassinatos de Manfred e Marísia von Richthofen e também de Isabella Nardoni. Livro este que Suzane von Richthofen queimou no presídio.
Ilana Casoy, primeira autora nacional da editora DarkSide Books, esteve diretamente ligada aos bastidores do caso Richthofen quando ele sequer tinha alcançado a grande mídia. Dedicada a estudar perfis psicológicos de criminosos, especialmente de serial killers, seu inicio na carreira aconteceu numa espécie de “estágio” na perícia de São Paulo, com o único objetivo de entender a perícia brasileira.
Entusiasta da profissão, Ilana gostava de atuar nos plantões em dias e horários variados e sair com as viaturas para os locais dos crimes, muitas das vezes ocorridos em bairros violentos. Tudo isso para acompanhar de perto uma reprodução simulada (quando o assassino refaz passo a passo do crime).
“Quando eu estou anotando, não tenho filtro. Se eu estou lá, na hora não dá pra pensar se pega bem ou mal anotar isso ou aquilo. Eu registro, claro que registro as minhas emoções porque vou precisar delas para contar literariamente essas histórias.
Mas tem cosias que depois, quando estou fazendo o livro, ou achei relevante no momento ou é uma coisa que não ficou tão pública. Eu tenho centenas de cadernos e agora estou abrindo algumas anotações.
Tem muita anotação e acho que a maturidade literária e de pesquisa me traz a confiança para colocar“, explicou Ilana Casoy numa entrevista concedida ao programa Morning Show da rádio Jovem Pan no ano de 2016.
Também autora dos livros Arquivos Serial Killers: Made in Brazil e Arquivos Serial Killers: Louco ou Cruel?, ela foi questionada se o caso Richthofen é um caso já resolvido ou se ainda existem detalhes a serem reveladas ou investigados.
“Para a lei está resolvido, está todo mundo condenado, acabou. Para Deus não sei, porque o que aconteceu lá, de verdade, não tinha câmera, só quem sabe é quem matou“, afirma ela, defensora de Gil Rugai, acusado pelos assassinatos do pai e da madrasta em 2004.
Colaboradora na série escrita por Gloria Perez e dirigida por Mauro Mendonça Filho, Dupla Identidade (2014), exibida pela TV Globo, Ilana Casoy também é uma das criadoras da série Bom Dia, Verônica, em parceria com Raphael Montes sob o pseudônimo de Andrea Killmore.
“Sou uma pessoa com muita religiosidade e com muita fé. Eu não consigo imaginar que lá em cima eles não se conversam. Eu misturo tudo, pra mim não tem nenhum fronteira no céu, por tanto, aqui também não deve ter.
Eu não consigo imaginar que lá em cima eles não se conversam quem é judeu, católico, muçulmano, umbandista, preto-velho, exu, devem conversar tranquilamente com o anjo Gabriel. Eu fico pensando que o trânsito ali não é proibido. A montanha é uma e cada um sobe por um lado. E esse conceito me ajuda na prática.“
Ilana Casoy acompanhou a reprodução simulada do caso Richthofen e colaborou para o júri. “Eu tinha permissão da juíza para estar lá. Ali naquele momento Suzane, Cristian e Daniel já tinham confessado [o crime][…] e eu sentei com a pericia e essa foi a minha colaboração – que tipo de pergunta poderia se fazer para amarrar melhor essa confissão e entender a cabeça deles.
Uma das perguntas que eu pedi pro Ricardo Salada [perito criminal do caso] fazer foi perguntar pro Daniel, porque segundo o depoimento dela [Suzane], ela estava embaixo esperando enquanto eles estavam lá em cima matando. Eu queria saber o que ela disse quando ele desceu. E ela disse que perguntou: ‘E aí, acabou?’. Ela não teve a pergunta: ‘E aí, alguém sofreu?’. E eu precisava essa pergunta. A pericia não é entender a mente humana, é esclarecer os laudos.”
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Fonte: Observatório da Televisão